Eternidade
segunda-feira, 27 de novembro de 2017
Batismo na Visão Espírita
BATISMO - do grego bapto e baptismos significa ablusão, imersão, banho. É o nome que designa os ritos de iniciação em diferentes religiões e crenças. O ritual do batismo era uma prática muito difundida na Palestina. Provinha dos antigos mistérios da Grécia, do Egito, dos Essênios etc. João Batista nada mais fazia do que usar esta prática para ajudar as pessoas a se modificarem. Usava a água em adultos, certo de que estes teriam compreensão para o arrependimento. Esse ato folclórico, simples e puro, foi transformado no culto cristão num processo mágico de purificação da alma, destinado a lavar a mancha do pecado original de Adão e Eva impregnada nas almas das crianças recém-nascidas.
Na época só se batizavam adultos, porque eles tinham do que se arrepender e podiam analisar o certo e o errado para se renovarem moralmente. A Igreja Romana, com a falsa justificativa de "não ir para o céu", adotou a prática de batizar a criança tão cedo quanto possível, ante a possibilidade de morrer prematuramente com a mácula do original pecado, o que seria desastroso para ela. Essa lamentável deturpação do batismo de João é uma grande injustiça. E mais: Imaginemos Chico Xavier, Gandhi, Buda etc., chegando no mundo espiritual e alguém os recebendo e dizendo: - Vocês fizeram muita caridade e seguiram a vontade de Deus, mas não poderão entrar no céu porque não foram batizados. Onde estaria a justiça de Deus? Segundo Jesus: "A cada um segundo suas obras" ou cada um prestará contas de si para Deus, ou seja, cada um é responsável pelos seus atos, cada um receberá por aquilo que fez... seja batizado ou não!
O batismo de fogo, pelo qual Jesus se mostrava ansioso, não era outra coisa senão a luta que os belos e nobres ideais do cristianismo precisou enfrentar, e continua enfrentando, para que os privilégios, a tirania e o fanatismo venham a desaparecer da face da Terra, cedendo lugar a uma ordem social fundada na justiça, na liberdade e na concórdia. Ainda, o batismo do Espírito Santo é a assistência, a inspiração dos Espíritos purificados, concedidos pelo Cristo, em nome do Senhor, aos homens, que então as recebem mediunicamente e mesmo se comunicam com aqueles Espíritos nas condições e na proporção dos tipos de mediunidade que lhe são outorgados. Os discípulos receberam o batismo do Espírito Santo no dia de Pentecostes, no Cenáculo de Jerusalém, onde, segundo os Atos dos Apóstolos, pela primeira vez, se registrou esse grandioso fato histórico do Cristianismo, em que houve derrame do Espírito na forma de línguas de fogo sobre os Apóstolos.
CONSIDERAÇÕES DO ESPÍRITO EMMANUEL
Pergunta 298 do livro O Consolador - Considerando que as religiões invocam o Evangelho de Mateus para justificar a necessidade do batismo em seus característicos cerimoniais, como deverá proceder o espiritista em face desse assunto? "Os espiritistas sinceros, na sagrada missão de paternidade, devem compreender que ao batismo, aludido no Evangelho, é o da invocação das bênçãos divinas para quantos a eles se reúnem no instituto santificante da família. Longe de quaisquer cerimônias de natureza religiosa, que possam significar uma continuação dos fetichismos da Igreja Romana, que se aproveitou do símbolo evangélico para a chamada venda dos sacramentos, o espiritista deve entender o batismo como o apelo do seu coração ao Pai de Misericórdia, para que os seus esforços sejam santificados no instituto familiar, compreendendo, além do mais, que esse ato de amor e de compromisso divino deve ser continuado por toda a vida, na renúncia e no sacrifício, em favor da perfeita cristianização dos filhos, no apostolado do trabalho e da dedicação".
CONSIDERAÇÕES DE LÉON DENIS
LÉON DENIS, no livro Cristianismo e Espiritismo, atesta que "Os primeiros apóstolos limitavam-se a ensinar a paternidade de Deus e a fraternidade humana. Demonstravam a necessidade da penitência, isto é, da reparação das nossas faltas. Essa purificação era simbolizada no batismo, prática adotada pelos essênios, dos quais os apóstolos assimilavam ainda a crença na imortalidade e na ressurreição, isto é, na volta da alma à vida espiritual, à vida do espaço. Daí a moral e o ensino que atraíam numerosos prosélitos em torno dos discípulos do Cristo, porque nada continham que não se pudesse aliar a certas doutrinas pregadas no Templo e nas sinagogas.
Com Paulo e depois dele, novas correntes se formam e surgem doutrinas confusas no seio das comunidades cristãs. Sucessivamente, a predestinação e a graça, a diversidade do Cristo, a queda e a redenção, a crença em Satanás e no inferno, serão lançados nos espíritos e virão alterar a pureza e a simplicidade ao ensinamento do filho de Maria".
sábado, 25 de novembro de 2017
domingo, 12 de novembro de 2017
domingo, 5 de novembro de 2017
Intensa transformação
Na caminhada do meu ser, fui, sou e serei sempre o que,
eternamente, sempre fui.
O que aprendi, o que vi, ouvi, falei, pensei, fiz, participei, chorei, sofri,
gozei — alcancei e perdi, no processo de ser, para alcançar
o ser pleno.
Fui catador, nômade, sedentário, agricultor, carpinteiro, pescador.
Fui homem.
Procurei a luz na escuridão, a alma nos corpos dos mortos,
a vida na minha vida.
Fiz luz; gozei a luz dos outros.
Morri tantas vezes, muitas, não sei quantas.
Vivi no alimento, na força dos meus olhos, na plenitude
do meu pensamento, na expressão do meu interior.
Fui cantor, menestrel, ator, caminheiro, fui guerreiro, soldado,
imperador.
Fui homem, criança, mulher.
Fui forte e fraco.
Falei a iguais e a desiguais.
Agredi, sofri, fui perseguido, maltratado.
Sofri desgostos, fui desamparado.
Matei meus irmãos, furtei, fui castigado
(quantas vezes? Nem sei dizer).
Aprendi.
Queria tudo, sem saber administrar o que tinha.
Fui rico, pobre, fiz o infinito no pensamento, na busca,
na miséria e na riqueza.
Na indagação da dor, recebi respostas.
Recorri a tudo — queria mais, sempre mais.
Os momentos se sucediam.
Parecia-me que nada mudava, nada me satisfazia; queria mais
do que mais eu tinha.
Queria o mundo, queria o poder, queria a riqueza.
Eu não sabia que eu queria o meu próprio ser.
Buscava-me em todos e em tudo.
Quando descobri que o que desejava era ser plenamente o meu ser,
comecei a viver o sentido da totalidade plena do que sou.
Sou eu, em todos os segundos — me procurando, me bastando,
aprendendo, na força do que vivo, a realização
plena totalização do meu ser.
Poema do espírito ANTÔNIO GRIMM
pscicofonado pelo médium Maury Rodrigues da Cruz
em 04/11/1994
retirado do livro: "Identidade Paradoxos"
Jesus e a moral cristã
Jesus, vivendo o seu tempo, construiu valores universais únicos, que, pela profundidade e extensão, modificaram os aspectos culturais, sociais, políticos e econômicos da humanidade. Para o Espiritismo, esses valores são conceitos fundamentais, sendo a moral cristã o eixo de sua visão de mundo e interpretação da realidade.
O Espiritismo entende que o significado de Jesus encontra-se em seu exemplo de vida, fazendo e demonstrando a viabilidade de um padrão de comportamento. Foi a força de seu exemplo que deu significado à sua existência e não a série de mitos, interpretações e dogmas que foram agregados ao entendimento de sua mensagem. Portanto, é fundamental que o espírita possa fazer essas distinções.
Para a Doutrina Espírita, Jesus, como todo ser humano, nasceu da união entre um homem e uma mulher e não de uma forma sobrenatural. De origem humilde, não era descendente de Davi e não possuía nenhuma pretensão ao poder temporal.
O Espiritismo não recorre à idéia de milagre, que não existe para a Doutrina, para justificar algumas situações da existência de Jesus. Este, ao colocar em prática o seu conhecimento e a sua capacidade mediúnica, foi interpretado, pelo desconhecimento das pessoas ao seu redor, como o realizador de acontecimentos maravilhosos e fantásticos.
Para entender Jesus, o Espiritismo não precisa utilizar a idéia de messias, salvador ou cordeiro de Deus. Não é importante como Jesus nasceu ou morreu, mas, sim, como viveu. Seu significado não se encontra nas condições de sua morte — não há necessidade de entendê-la como um sacrifício para salvar a humanidade ou tentar transformá-la em exceção através da idéia de ressurreição.
Apesar de sua importância, Jesus não se confunde com Deus. Não é a Sua encarnação. Era filho de Deus como todas as criaturas o são. Deixar de confundir Jesus com Deus permite reconhecer o valor desse espírito que alcançou, pelo exercício de seu conhecimento, a compreensão do amor como lei fundamental do Universo, a que nenhum homem até então havia alcançado. Considerar Jesus como divino é retirar dele uma característica fundamental: a de um ideal possível de ser alcançado, uma referência exeqüível para a humanidade.
Jesus, para a Doutrina, é um espírito que tem uma história ao longo da qual foi construindo seu conhecimento, diferenciando-se do nível médio da cultura terrena. Na medida em que vivenciou, em que desenvolveu experiências de vida, foi se fazendo presente, através da força de seu exemplo, da intensidade de sua coerência, da inovação e clareza do conhecimento que alcançou. O significado da síntese que construiu a respeito da existência, do ser humano, da vida, pode ser avaliado em um pequeno resumo de suas idéias:
- Deus único é o pai de todos (todos são iguais perante Deus)
- Ame a Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o espírito, e ame seu próximo como a si mesmo, essa é toda a lei e todos os profetas estão contidas nela.
- Trate todos os homens da mesma forma que você gostaria de ser tratado
- Ame seus inimigos e faça o bem àqueles que o odeiam e ore por aqueles que o perseguem e caluniam
- Aquele dentre vocês que não tiver errado, que atire a primeira pedra
- Eu não digo que deva perdoar ao seu irmão até sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes
- Reconcilie-se com seu adversário enquanto estiver com ele no caminho
- Não julgue a fim de que não seja julgado
- Ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo
- O homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida pela de muitos
- Por que vê um cisco no olho de vosso irmão, você que não vê uma trave no seu olho?
- Que a sua mão esquerda não saiba o que faz a sua mão direita
- Não se acende uma candeia para colocá-la sob o alqueire, mas sobre o candeeiro a fim de que ela clareie todos aqueles que estão na casa
- Não há nada de secreto que não deva ser descoberto, nem nada de oculto que não deva ser conhecido
- Fora da caridade não há condições de se alcançar um conhecimento maior de si mesmo e da vida.
- Bem aventurados os que choram, porque serão consolados; os que tem fome e sede de justiça porque serão saciados; os humildes porque deles é o reino dos céus; aqueles que tem o coração puro porque verão a Deus; aqueles que são brandos porque possuirão a Terra; os pacíficos, porque eles serão chamados de filhos de Deus; aqueles que são misericordiosos porque eles próprios obterão misericórdia
Jesus é exemplo claro de comportamento moral que reflete a identidade do ser com o Universo e com Deus.
Fonte: Sociedade Brasileira de Estudos Espíritas
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sexta-feira, 3 de novembro de 2017
A trajetória do Cristianismo
A força e a influência do Cristianismo primitivo foram consequências dos
ensinos e dos exemplos de Jesus, manifestados através da caridade, da
fraternidade e do amor.
Há muito o espírito do Mestre parece ter-se ausentado da religião que domina há vinte séculos um reino que é deste mundo e não mais um sonho superior e divino.
Jesus limitava-se a orar nos sítios solitários e a meditar nos templos naturais que têm por colunas as montanhas e por cúpula a abóbada celeste, de onde o pensamento se eleva facilmente ao Criador. Agora, de há muito, a simplicidade natural foi substituída pelo fausto, pelos cânones e pelas encíclicas.
O Mestre jamais pretendeu dominar os reis e os poderosos, mas vivenciar, neste mundo, a humildade e o amor, exemplificando entre os homens o que ensinava. Por força das leis divinas, tanto as almas encarnadas quanto os Espíritos livres, todos têm vida eterna e se aproximam de Deus, o Criador, na medida da evolução e progresso alcançados.
O Cristo, na sua passagem pela Terra, nada deixou escrito. Naturalmente houve importantes motivos para que assim procedesse.
Seus ensinos foram sempre verbais, em todos os lugares por onde transitou. Durante cerca de meio século, após a tragédia do Calvário, continuava a tradição cristã oral e viva, pregada pelos apóstolos, homens simples, com poucos conhecimentos, mas assistidos e iluminados pelo Mestre amado. As primeiras narrações escritas só aparecem dos anos 60 aos 80, sendo a primeira a de Marcos, seguida das de Mateus e Lucas, todas constituídas de trechos fragmentários, em língua hebraica, nas quais houve sucessivos acréscimos, como no Evangelhode Lucas, que se tornou definitivo no fim do século I, entre os anos 80 e 98.
Já o Evangelho de João, que emigrara para a cidade de Éfeso, só apareceu entre os anos 98 e 110, com estrutura diferente dos três anteriores, denominados sinópticos, no qual, além da língua grega, percebe-se a influência da filosofia de Sócrates e Platão.
Os quatro Evangelhos citados foram os únicos reconhecidos pela Igreja Católica, mas um maior número de outros, cerca de vinte, vieram à luz. O Cristianismo primitivo, baseado nos ensinos e exemplos de Jesus, e seguido pelos apóstolos em todo o século I, a partir dos séculos II, III e IV, foi-se alterando de tal maneira que se afastou de suas formas primitivas, ensinadas e exemplificadas pelo Cristo aos seus apóstolos e discípulos.
Durante os 300 anos após o primeiro século, a tradição cristã não mais permaneceu a mesma, afastando-se cada vez mais dos seus fundamentos e práticas do tempo de Jesus e de seus discípulos.
Com o Evangelho de João a crença cristã evolui, ao substituir a ideia de um homem honrado, que se tornou divino, pela certeza de que um ser divino se apresenta como um homem. Depois da proclamação da divindade do Cristo, no século IV, e da introdução no sistema eclesiástico do dogma da Trindade, no século VII, diversas passagens do Novo Testamento foram modificadas, para que exprimissem a concordância com os novos acréscimos (ver João, 1:5 e 7).
Existem manuscritos,“na Biblioteca Nacional, na de Santa Genoveva, e na do mosteiro de Saint- Gall”, em que o dogma da Trindade está acrescentado à margem e, mais tarde, foi intercalado no texto. (Cristianismo e Espiritismo, León Denis. Nota complementar n. 3, Ed. FEB.)
Outro fato de grande importância, ocorrido no ano 325, foi a aliança dos cristãos com constantino, pretendente ao trono imperial romano, em disputa com outro candidato. Vencida a disputa, Constantino prestigiou os aliados cristãos, que se deixaram iludir pelo poder temporal, passando de perseguidos a perseguidores, em diversas situações.
Santo Hilário, Santo Agostinho, São Jerônimo e outros luminares da Igreja afirmavam que os Evangelhos, além da letra, encerram um sentido oculto, que era preciso descobrir, para dar-lhe a interpretação espiritual. Infelizmente a advertência não foi considerada.
A letra e o cerimonial acabaram prevalecendo sobre o essencial. O objetivo de Jesus, ao pregar às criaturas simples “o Evangelho do Reino dos Céus”, era pôr ao alcance de todos, apesar da dificuldade de entendimento de seus ouvintes, o conhecimento de Deus, como Pai, cuja voz se fazia ouvir na consciência de todos, e a imortalidade da alma.
Entretanto, esses ensinos básicos, transmitidos verbalmente nos primeiros tempos do Cristianismo, foram alterados posteriormente, sob a influência de outras correntes, que agitavam o mundo cristão, e espalhados por todo o Império Romano.Para terminar com as discussões sobre a natureza de Jesus, em diversos concílios, São Jerônimo recebeu, em 384, a missão de redigir uma tradução latina do Velho e do Novo Testamento.
Essa tradução, denominada Vulgata, tornou-se ortodoxa como norma das doutrinas da Igreja. Entretanto, essa tradução oficial, que deveria ser definitiva, foi retocada emodificada em várias épocas, por determinação dos pontífices.
Antes da Vulgata, latina, existia a versão grega das Escrituras, denominada Septuaginta. O pensamento do Cristo subsiste nos Evangelhos, nos textos sagrados, apesar de mesclados com elementos e opiniões introduzidos, através dos séculos, por vários concílios da Igreja, visando a predominância de seus conceitos.
Com a Nova Revelação, o Consolador prometido e enviado aos homens pelo Cristo, que sabia das confusões que ocorreriam sobre seus ensinos, tornou-se muito mais fácil escoimar-se a Doutrina do Mestre das obscuridades que a envolveram no decorrer dos séculos.
O Consolador, o Espiritismo, traz de volta o Cristianismo primitivo, com o acréscimo do conhecimento de coisas novas, como a doutrina das reencarnações, a vida neste mundo e sua continuação nas esferas espirituais.
O ideal do Reino de Deus e de sua Justiça, cultivado pelos primeiros cristãos, induzidos pelos ensinos de Jesus, foi mais tarde substituído pelas profecias do fim do mundo e do juízo final, tomados ao pé da letra, levando muitos crentes a acreditarem na salvação individual mediante vantagens materiais oferecidas às organizações religiosas.
Essa e várias outras práticas instigadas aos cristãos deram motivo à discordância de muitos, inclusive levando Martinho Lutero a formular os motivos que deram origem à Reforma.
Diz Emmanuel em A Caminho da Luz que [...] Os postulados de Lutero constituíram, antes de tudo,modalidade de combate aos absurdos romanos, sem representarem o caminho ideal para as verdades religiosas.
Ao extremismo do abuso, respondia com o extremismo da intolerância, prejudicando a sua própria doutrina. Mas o seu esforço se coroou de notável importância para os caminhos do porvir.1
A verdadeira doutrina do Cristo acha-se enunciada nos Evangelhos, no seu todo, mas não em partes que possam contrapor-se por interpretações isoladas. O essencial é a compreensão de que Deus é o Criador universal, o Pai, como o definia Jesus.
A vida é eterna para todos os Espíritos, permitindo o Pai, a cada um, realizar em si mesmo o “Reino de Deus”, ou seja a perfeição, pelo desprendimento dos bens materiais, pelo amor a Deus sobre todas as coisas e pelo amor ao próximo como a si mesmo, com o perdão das ofensas. O Sermão da Montanha resume os ensinos de Jesus de modo simples, mas em traços indeléveis.
Nele a lei moral é expressa de forma admirável, para que os homens aprendam a elevar-se moralmente pelas virtudes humildes:
Bem-aventurados os pobres de espírito (isto é, os Espíritos simples e retos), porque deles é o Reino dos Céus.
– Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.
– Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
– Bem-aventurados os que são misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
– Bem- aventurados os limpos de coração, porque esses verão a Deus. (Mateus, 5:1 a 12; Lucas, 6:20 a 25.)2
1XAVIER, Francisco C. A caminho da luz.
item Renascença religiosa, p. 211.
2DENIS, Léon. Cristianismo e espiritismo.
Há muito o espírito do Mestre parece ter-se ausentado da religião que domina há vinte séculos um reino que é deste mundo e não mais um sonho superior e divino.
Jesus limitava-se a orar nos sítios solitários e a meditar nos templos naturais que têm por colunas as montanhas e por cúpula a abóbada celeste, de onde o pensamento se eleva facilmente ao Criador. Agora, de há muito, a simplicidade natural foi substituída pelo fausto, pelos cânones e pelas encíclicas.
O Mestre jamais pretendeu dominar os reis e os poderosos, mas vivenciar, neste mundo, a humildade e o amor, exemplificando entre os homens o que ensinava. Por força das leis divinas, tanto as almas encarnadas quanto os Espíritos livres, todos têm vida eterna e se aproximam de Deus, o Criador, na medida da evolução e progresso alcançados.
O Cristo, na sua passagem pela Terra, nada deixou escrito. Naturalmente houve importantes motivos para que assim procedesse.
Seus ensinos foram sempre verbais, em todos os lugares por onde transitou. Durante cerca de meio século, após a tragédia do Calvário, continuava a tradição cristã oral e viva, pregada pelos apóstolos, homens simples, com poucos conhecimentos, mas assistidos e iluminados pelo Mestre amado. As primeiras narrações escritas só aparecem dos anos 60 aos 80, sendo a primeira a de Marcos, seguida das de Mateus e Lucas, todas constituídas de trechos fragmentários, em língua hebraica, nas quais houve sucessivos acréscimos, como no Evangelhode Lucas, que se tornou definitivo no fim do século I, entre os anos 80 e 98.
Já o Evangelho de João, que emigrara para a cidade de Éfeso, só apareceu entre os anos 98 e 110, com estrutura diferente dos três anteriores, denominados sinópticos, no qual, além da língua grega, percebe-se a influência da filosofia de Sócrates e Platão.
Os quatro Evangelhos citados foram os únicos reconhecidos pela Igreja Católica, mas um maior número de outros, cerca de vinte, vieram à luz. O Cristianismo primitivo, baseado nos ensinos e exemplos de Jesus, e seguido pelos apóstolos em todo o século I, a partir dos séculos II, III e IV, foi-se alterando de tal maneira que se afastou de suas formas primitivas, ensinadas e exemplificadas pelo Cristo aos seus apóstolos e discípulos.
Durante os 300 anos após o primeiro século, a tradição cristã não mais permaneceu a mesma, afastando-se cada vez mais dos seus fundamentos e práticas do tempo de Jesus e de seus discípulos.
Com o Evangelho de João a crença cristã evolui, ao substituir a ideia de um homem honrado, que se tornou divino, pela certeza de que um ser divino se apresenta como um homem. Depois da proclamação da divindade do Cristo, no século IV, e da introdução no sistema eclesiástico do dogma da Trindade, no século VII, diversas passagens do Novo Testamento foram modificadas, para que exprimissem a concordância com os novos acréscimos (ver João, 1:5 e 7).
Existem manuscritos,“na Biblioteca Nacional, na de Santa Genoveva, e na do mosteiro de Saint- Gall”, em que o dogma da Trindade está acrescentado à margem e, mais tarde, foi intercalado no texto. (Cristianismo e Espiritismo, León Denis. Nota complementar n. 3, Ed. FEB.)
Outro fato de grande importância, ocorrido no ano 325, foi a aliança dos cristãos com constantino, pretendente ao trono imperial romano, em disputa com outro candidato. Vencida a disputa, Constantino prestigiou os aliados cristãos, que se deixaram iludir pelo poder temporal, passando de perseguidos a perseguidores, em diversas situações.
Santo Hilário, Santo Agostinho, São Jerônimo e outros luminares da Igreja afirmavam que os Evangelhos, além da letra, encerram um sentido oculto, que era preciso descobrir, para dar-lhe a interpretação espiritual. Infelizmente a advertência não foi considerada.
A letra e o cerimonial acabaram prevalecendo sobre o essencial. O objetivo de Jesus, ao pregar às criaturas simples “o Evangelho do Reino dos Céus”, era pôr ao alcance de todos, apesar da dificuldade de entendimento de seus ouvintes, o conhecimento de Deus, como Pai, cuja voz se fazia ouvir na consciência de todos, e a imortalidade da alma.
Entretanto, esses ensinos básicos, transmitidos verbalmente nos primeiros tempos do Cristianismo, foram alterados posteriormente, sob a influência de outras correntes, que agitavam o mundo cristão, e espalhados por todo o Império Romano.Para terminar com as discussões sobre a natureza de Jesus, em diversos concílios, São Jerônimo recebeu, em 384, a missão de redigir uma tradução latina do Velho e do Novo Testamento.
Essa tradução, denominada Vulgata, tornou-se ortodoxa como norma das doutrinas da Igreja. Entretanto, essa tradução oficial, que deveria ser definitiva, foi retocada emodificada em várias épocas, por determinação dos pontífices.
Antes da Vulgata, latina, existia a versão grega das Escrituras, denominada Septuaginta. O pensamento do Cristo subsiste nos Evangelhos, nos textos sagrados, apesar de mesclados com elementos e opiniões introduzidos, através dos séculos, por vários concílios da Igreja, visando a predominância de seus conceitos.
Com a Nova Revelação, o Consolador prometido e enviado aos homens pelo Cristo, que sabia das confusões que ocorreriam sobre seus ensinos, tornou-se muito mais fácil escoimar-se a Doutrina do Mestre das obscuridades que a envolveram no decorrer dos séculos.
O Consolador, o Espiritismo, traz de volta o Cristianismo primitivo, com o acréscimo do conhecimento de coisas novas, como a doutrina das reencarnações, a vida neste mundo e sua continuação nas esferas espirituais.
O ideal do Reino de Deus e de sua Justiça, cultivado pelos primeiros cristãos, induzidos pelos ensinos de Jesus, foi mais tarde substituído pelas profecias do fim do mundo e do juízo final, tomados ao pé da letra, levando muitos crentes a acreditarem na salvação individual mediante vantagens materiais oferecidas às organizações religiosas.
Essa e várias outras práticas instigadas aos cristãos deram motivo à discordância de muitos, inclusive levando Martinho Lutero a formular os motivos que deram origem à Reforma.
Diz Emmanuel em A Caminho da Luz que [...] Os postulados de Lutero constituíram, antes de tudo,modalidade de combate aos absurdos romanos, sem representarem o caminho ideal para as verdades religiosas.
Ao extremismo do abuso, respondia com o extremismo da intolerância, prejudicando a sua própria doutrina. Mas o seu esforço se coroou de notável importância para os caminhos do porvir.1
A verdadeira doutrina do Cristo acha-se enunciada nos Evangelhos, no seu todo, mas não em partes que possam contrapor-se por interpretações isoladas. O essencial é a compreensão de que Deus é o Criador universal, o Pai, como o definia Jesus.
A vida é eterna para todos os Espíritos, permitindo o Pai, a cada um, realizar em si mesmo o “Reino de Deus”, ou seja a perfeição, pelo desprendimento dos bens materiais, pelo amor a Deus sobre todas as coisas e pelo amor ao próximo como a si mesmo, com o perdão das ofensas. O Sermão da Montanha resume os ensinos de Jesus de modo simples, mas em traços indeléveis.
Nele a lei moral é expressa de forma admirável, para que os homens aprendam a elevar-se moralmente pelas virtudes humildes:
Bem-aventurados os pobres de espírito (isto é, os Espíritos simples e retos), porque deles é o Reino dos Céus.
– Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.
– Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
– Bem-aventurados os que são misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
– Bem- aventurados os limpos de coração, porque esses verão a Deus. (Mateus, 5:1 a 12; Lucas, 6:20 a 25.)2
1XAVIER, Francisco C. A caminho da luz.
item Renascença religiosa, p. 211.
2DENIS, Léon. Cristianismo e espiritismo.
Fonte: Espiritismo na Rede
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