“Esta casta não pode sair senão por meio de oração e jejum.” — Jesus.
(Marcos, capítulo 9, versículo 29.)
“Oração e jejum” são os cuidados básicos a serem observados pelos lidadores da desobsessão.
Que preparo maior que esse recomendado pelo Divino Amigo?
Jejum das paixões, dos vícios, de tudo o que é sombra em nós e ao redor de nós.
Jejum e oração! quando houvermos conseguido atingir a plenitude desses ensinamentos, conosco ter-se-á reabilitado toda a Humanidade!
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Quem se dedica ao trabalho desobsessivo já está conscientizado de que se deve preparar permanentemente para tal mister. Não que seja um privilegiado. Não que esteja em posição de superioridade. Não. Isto não existe em Doutrina Espírita nem deve existir em nosso Movimento Espírita. Mas, é fundamental que esteja cônscio de suas responsabilidades, já que esse labor requer especialização.
A preparação não exige um curso específico. Antes é um conjunto de requisitos (como aliás acontece com aquele que trabalha na evangelização infantil, com o orador espírita, etc.), entre os quais citamos: integração no Centro Espírita onde se vincula, estudo metódico e progressivo da Doutrina, larga experiência em trabalhos mediúnicos e, sobretudo, como recomenda Kardec, inquebrantável esforço pela sua transformação moral. Que se empenhe em modificar-se, momento a momento, vencendo as suas más tendências e que tenha incorporado à sua vivência o lema: “Fora da caridade não há salvação”. É alguém que se interessa e se preocupa com o próximo e sensibiliza-se com a sua dor, afeito a meditar, a refletir, a sentir os ensinamentos com que o Espiritismo nos ilumina a existência. É, enfim, alguém votado às coisas mais elevadas e que está conseguindo se desligar dos interesses imediatistas do mundo. Mas, para conseguir o seu intento, urge que se esforce por viver o Espiritismo, tal como preconiza Léon Denis, quando diz que “Não basta crer e saber, é necessário viver a nossa crença, isto é, fazer penetrar na prática cotidiana da vida os princípios superiores que adotamos.”
Sempre que isto começa a suceder conosco, isto é, quando principiamos a sentir que não basta apenas crer e saber que os Espíritos existem e que o Espiritismo é a Terceira Revelação, mas que o que realmente importa é vivenciar-lhe os ensinos, incorporá-los ao nosso modo de ser. Estaremos, assim, dando os passos decisivos pela ingente tarefa da auto-evangelização. Entenderemos por que há necessidade de nos preparar convenientemente para o ministério da desobsessão. É que este preparativo não se faz apenas no dia da reunião, mas, sim, em regime de tempo integral. É um novo programa de vida. É abandonar hábitos perniciosos — abstenção dos vícios que nos enfeiam a alma, buscando a elevação de pensamentos, palavras e atitudes.
Quem realmente reconhece a necessidade do jejum das paixões sentirá que se processa no âmago do seu ser a incessante batalha entre a sombra e a luz, entre o passado difícil de ser erradicado e o presente que se traduz em esperanças por um futuro melhor.
Para ajudar ao homem nesta luta imprescindível, está entre nós o Consolador Prometido. Convencido das verdades que ele descortina para a Humanidade, imbuido do desejo sincero e perseverante de superar a si próprio, o homem irá afastando-se dos hábitos antigos, com naturalidade, buscando assim novos ambientes onde se cultue a conversação sadia e edificante, onde se trabalhe pelo bem.
Para os tarefeiros da reunião de desobsessão é fundamental essa renovação. Quem se dispuser a essa tarefa de tão grande envergadura terá ensejos maravilhosos de comungar, com os Benfeitores Espirituais, de instantes de felicidade sublime, que nenhum prazer terreno poderá jamais oferecer. Sentirá a verdadeira alegria, a que nasce no espírito e que representa o alimento mais puro de que todos carecemos: o Bem, o Amor. E terá a Paz que Jesus prometeu àqueles que se disponham a segui-Lo.
Aquele, pois, que se preparar, em caráter permanente, para estar apto aos labores desobsessivos, estará também capacitando-se a tornar-se um auxiliar dos Benfeitores Espirituais que o irão convocar, sempre que julgarem necessário, aos trabalhos que requeiram o concurso de pessoas de boa-vontade e em condições apropriadas. Igualmente, através de desdobramento durante o sono físico, quando aprenderão lições novas e prestarão alguma ajuda que esteja ao seu alcance. Nestes instantes, o seareiro da desobsessão representará a ponte benfazeja entre os dois planos da vida, por onde verterá o auxílio do Mais Alto, para lenir as ulcerações íntimas que avassalam tantos seres humanos.
Os Espíritos Amigos concitam-nos a que nos preparemos cotidianamente para os trabalhos. Para que permaneçamos vigilantes. A qualquer hora poderemos ser convocados ao labor santificante da caridade socorrista e devemos estar em condições de atender, prestos, ao chamamento. Em caso contrário, isto é, se não estivermos preparados, não tenhamos dúvidas, o prejuízo será todo nosso, pois o labor se processará sem o nosso concurso, indo os Bons Espíritos buscar, alhures, alguém mais vigilante e mais bem capacitado.
Preparação dos encarnados para as tarefas da caridade é, assim, o programa de vida do verdadeiro espírita.
É o jejum recomendado pelo Mestre, aliado à oração, que representa a sintonia imprescindível com o Alto. Oração que nos fortalecerá para resistirmos aos embates e às investidas das trevas.
Oração — sintonia com os Planos Superiores.
Jejum — abstenção e superação dos vícios.
Programação para todo espírita. Preparação permanente para aqueles que trabalham nas lides desobsessivas.
Programa de regeneração para todos os seres humanos, encarnados e desencarnados.”
Do livro “ Obsessão e desobsessão” – Suely Caldas Shubert
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