Estudo com base in O Livro dos Médiuns,
Segunda parte, Cap. XXV, Das Evocações, item 282.
Obra codificada por Allan Kardec.
Segunda parte, Cap. XXV, Das Evocações, item 282.
Obra codificada por Allan Kardec.
Qualquer pessoa pode evocar (1) os Espíritos. Se os
evocados não puderem manifestar-se, nem por isso deixam de se aproximar para de
alguma forma atender o chamado do evocador.
O atendimento do Espírito evocado depende das suas
condições, porque há circunstâncias em que ele não pode fazê-lo.
As causas que podem impedi-lo de atender ao chamado
são: Primeiro, a sua própria vontade; depois, o seu estado corpóreo, se estiver
encarnado, as missões de que estiver encarregado, ou ainda a falta de permissão
para tanto, que lhe pode ser negada. Há também Espíritos que não podem jamais
comunicar-se. São os que ainda pertencem, por sua natureza, a mundos inferiores
à Terra. Os que se encontram em globos de punição também não podem
comunicar-se, a menos que tenham permissão superior, só concedida em caso de
utilidade geral. Para que um Espírito possa comunicar-se é necessário que tenha
atingido o grau de evolução do mundo em que é chamado, pois do contrário será
estranho à cultura desse mundo e não disporá de meios de comparação para
exprimir-se. Não se dá o mesmo com os que são enviados em missão ou expiação
aos mundos inferiores, pois esses possuem a cultura necessária para responder.
O motivo por que pode ser negada a um Espírito a
permissão de se comunicar é que, também, pode ser uma prova ou uma punição para
ele ou para quem o chama.
Nas evocações, os Espíritos dispersos no espaço ou em
diversos mundos, frequentemente são prevenidos pelos Espíritos familiares que
nos cercam e que vão procurá-los. Mas ocorre nesse caso um fenómeno que é
difícil explicar, porque ainda não podemos compreender muito bem o modo de
transmissão do pensamento entre os Espíritos. Mas podemos dizer que da mesma
maneira que o ar é o veículo do som na Terra, inclusive, as ondas de rádio e
tv, para transmitir sons e imagens num raio muito maior, o seu alcance é
limitado. Já com os Espíritos, o fluido universal (2) estabelece entre eles uma
comunicação constante e de alcance ilimitado, podendo ser captado em qualquer
lugar do Universo (3) por todo aquele que consegue ou tem a capacidade de se
sintonizar ou entender a mensagem do pensamento emitido. Assim, podemos dizer
que os Espíritos se comunicam e se entendem pelo pensamento (4), como na Terra
nos entendemos com a voz daquele (s) que nos fala (m).
As distâncias nada são para os Espíritos, por isso,
que muitas vezes respondem prontamente ao chamado como se estivessem muito
próximos (5). Às vezes isso acontece, porque realmente estão, principalmente,
quando a evocação foi premeditada, assim, o Espírito recebeu o aviso com
antecedência e frequentemente se encontra no lugar antes que o chamem.
Conforme as circunstâncias, o pensamento do evocador
será ouvido com maior ou menor facilidade. O Espírito chamado com um pensamento
de simpatia e benevolência é mais vivamente tocado. É como se reconhecesse uma
voz amiga. Sem isso, acontece muitas vezes que a evocação não avança. O
pensamento desferido pela evocação toca o Espírito, mas se é mal dirigido se
perde no vácuo. Isso acontece também com os homens: se quem os chama não
interessa ou lhes é antipático, eles podem ouvi-lo, mas na maioria das vezes
não o atendem.
O Espírito evocado obedece à vontade de Deus, o que
quer dizer à lei geral que rege o Universo. Não obstante, ele também julga se é
conveniente atender de acordo com o seu livre-arbítrio. Sempre que há um
objectivo útil, os Espíritos superiores atendem as evocações prosperamente. Só
se recusam a responder nas reuniões de pessoas pouco sérias e que tratam disso
por divertimento.
O Espírito evocado pode, perfeitamente, negar-se a
atender a evocação. Por isso, tem o seu livre-arbítrio. Não podemos imaginar
que todos os seres do Universo estão às nossas ordens. Nós mesmos, não somos
obrigados a responder a todos os que nos chamam. No caso de um Espírito
inferior, este pode ser constrangido, por um superior a ele, em seu benefício,
para se manifestar (6).
No caso de o Espírito ser igual ou superior a ele em
moralidade - dizemos em moralidade e não em inteligência - o
evocador não dispõe de meios para constranger o Espírito a atendê-lo, porque
então não tem nenhuma autoridade. Se for inferior, poderá fazê-lo para o seu
próprio bem, porque então outros Espíritos o ajudarão. (7).
Os Espíritos inferiores só dominam os que se deixam
dominar. Quem for assistido por Espíritos bons nada tem a temer, porque se
impõe aos Espíritos inferiores e não estes a ele. Os médiuns quando sós,
principalmente quando iniciantes, devem evitar essa espécie de evocações. (8)
A disposição principal para as evocações é a do
recolhimento, quando se deseja a comunicação de Espíritos sérios. Com fé e o
desejo do bem há maior capacidade para se evocar Espíritos superiores. Ao
elevar a alma por alguns instantes de recolhimento, no momento da evocação, o
evocador se identifica com os Espíritos bons e os dispõe a se manifestarem.
A fé em Deus é necessária para as evocações. No demais,
a fé se desenvolverá naturalmente quando existir o desejo do bem e a intenção
de instruir-se.
Reunidos pela unidade de pensamentos com o desejo de
fazer o bem pela caridade, os evocadores conseguem grandes coisas. Nada é mais
nocivo para o êxito das evocações do que a divergência de pensamentos.
O hábito de formar corrente, dando-se as mãos por
alguns minutos no começo das reuniões é um meio material que não produz a união
entre os participantes das evocações se ela não existir nos pensamentos. Mais
eficaz que essas coisas é a união num pensamento comum, apelando cada qual para
os Espíritos bons. Imaginemos o que de bom poderia se obter numa reunião séria,
da qual não houvesse nenhum sentimento de orgulho e de personalismo, reinando
assim, um perfeito sentimento de mútua cordialidade.
É preferível fazer as evocações em dias e horas
determinados, e se possível no mesmo local. Os Espíritos então comparecem mais
à vontade. A assiduidade, também, oferece óptimas condições para os Espíritos
comunicarem-se através das evocações. Eles têm as suas ocupações, que não podem
deixar de repente para a satisfação pessoal dos evocadores. Quando digo no
mesmo local não me refiro a uma obrigação absoluta, pois os Espíritos vão a
toda parte. Quero dizer que é preferível um local consagrado às reuniões,
porque o recolhimento se torna mais perfeito.
Objetos, como medalhas e talismãs, não possuem a
propriedade de atrair ou repelir os Espíritos, como pretendem algumas pessoas,
pois a matéria não exerce nenhuma ação sobre os Espíritos. Podemos ficar certos
de que jamais um Espírito bom aconselha semelhantes absurdos. A virtude dos
talismãs, de qualquer natureza, só existe na imaginação das criaturas
supersticiosas. (9)
Os Espíritos que marcam encontros em lugares lúgubres
em horas inconvenientes são Espíritos que se divertem com aqueles que lhes dão
ouvidos. É sempre inútil e frequentemente perigoso ceder a essas sugestões.
Inútil, porque nada absolutamente se ganha além de ser mistificado; perigoso,
não pelo mal que os Espíritos possam fazer, mas pela influência que isso pode
exercer nos cérebros fracos. (10)
Para os Espíritos não existem dias e horas mais
propícias para as evocações, isso é completamente indiferente, como tudo o que
é material, e seria supersticioso acreditar na influência dos dias e das horas.
Os momentos mais propícios são aqueles em que o evocador esteja menos absorvido
pelas suas preocupações habituais, em que o seu corpo e o seu espírito estejam
mais calmos. (10)
A evocação pode ser agradável ou não para os
Espíritos, isso depende do seu carácter e do motivo porque são chamados. Quando
o objectivo é louvável e o meio é simpático, a evocação se torna agradável e
mesmo atractiva. Os Espíritos se sentem sempre felizes com os testemunhos de
afeição. Há os que consideram uma grande felicidade poder comunicar-se com os
homens e sofrem com o esquecimento destes. Mas isso, também depende do seu
carácter. Entre os Espíritos existem também os misantropos que não gostam de ser
incomodados, cujas respostas se ressentem do seu mau humor, sobretudo quando
chamados por criaturas que lhes são indiferentes, pelas quais não se
interessam. Um Espírito não tem, muitas vezes, nenhum motivo para atender o
apelo de um desconhecido que lhe é indiferente e que age quase sempre movido
pela curiosidade. Nesse caso, se ele atende é geralmente em rápidas passagens,
a menos que exista um objectivo sério e instrutivo na evocação.
Existem pessoas que só evocam seus parentes para fazer
perguntas sobre as coisas mais vulgares da vida material. Por exemplo: um para
saber se alugará ou venderá a sua casa; outro, para indagar do lucro que obterá
com sua mercadoria, qual o lugar onde há dinheiro escondido, se tal negócio
será ou não vantajoso. Nossos parentes de além-túmulo só se interessam
por nós em razão da afeição que lhes conservamos. Se todos os nossos
pensamentos se limitam a julgá-los feiticeiros, se só pensamos neles pedindo
informações, não podem ter grande simpatia por nós e não de vemos nos admirar
de que nos demonstrem pouca benevolência.
Existem diferenças consideráveis entre os Espíritos
bons e maus no tocante à solicitude com que atendem o chamado quando evocados.
Os Espíritos maus só atendem de boa vontade quando esperam dominar e enganar;
sentem viva contrariedade quando são forçados a se manifestar para confessar as
suas faltas e procuram escapar, como o colegial que se chama para repreender.
Podem ser constrangidos a manifestar-se por Espíritos superiores, como castigo
e para instrução dos encarnados. A evocação é penosa para os Espíritos bons
quando chamados inutilmente, por motivos fúteis. Então não atendem ou logo se
retiram. Pode-se dizer que em geral os Espíritos, sejam quais forem, não gostam
de servir de distração para curiosos. Se o objetivo do evocador é de o interrogar
sobre particularidades da sua vida que ele não se interessa e não tem nenhum
motivo para fazer tal confidência, com certeza, não irá se expor como se
estivesse num banco dos réus para agradar. Não nos iludamos, pois o que ele não
faria em vida, muito menos o fará como Espírito.
A experiência comprova que a evocação é sempre
agradável para os Espíritos quando feita com um objetivo sério e útil. Os bons
têm prazer em nos instruir. Os sofredores são aliviados com a simpatia que lhes
demonstramos. Os nossos conhecidos ficam satisfeitos com a nossa lembrança. Os
Espíritos levianos gostam de ser evocados por pessoas frívolas, porque têm a
oportunidade de se divertirem à sua custa e não se sentem bem na companhia de
pessoas sérias.
Os Espíritos não necessitam da evocação para se
manifestarem. Frequentemente, eles se manifestam sem serem chamados, o que
prova que o fazem de boa vontade.
Quando um Espírito se manifesta por si mesmo, de
maneira alguma, podemos estar certos da sua identidade (11), pois os Espíritos
mistificadores o fazem com frequência para melhor enganarem.
Quando evocamos um Espírito pelo pensamento e ele nos
atende, a escrita é o meio material pelo qual o Espírito atesta a sua presença,
contudo, é o pensamento que o atrai e não o ato de escrever.
Quando um Espírito inferior se manifesta podemos
fazê-lo se retirar, não lhe dando ouvidos. Os Espíritos inferiores, geralmente,
se apegam aos que gostam de ouvi-los.
A evocação em nome de Deus não é um freio para todos
os Espíritos perversos, mas seguramente evita que muitos deles causem problemas
nas reuniões. Por esse meio sempre se pode afastá-los quando o nome de Deus é
pronunciado do fundo do coração e não como uma fórmula banal (12).
Não há nenhuma dificuldade em evocar nominalmente
muitos Espíritos ao mesmo tempo quando se dispõe de um número de médiuns
suficientes para escrever, assim, três, quatro ou mais Espíritos poderiam
responder ao mesmo tempo.
Quando muitos Espíritos são evocados de uma vez, com
um médium só, um deles responde por todos e exprime o pensamento coletivo.
O mesmo Espírito poderia comunicar-se ao mesmo tempo,
na mesma sessão, por dois médiuns diferentes, tão facilmente, como certos
homens ditam muitas cartas de uma vez.
Allan Kardec conta que um Espírito foi visto responder
ao mesmo tempo, por dois médiuns, as perguntas que lhe faziam, por um em
francês e por outro em inglês, sendo idênticas as respostas quanto ao sentido,
e algumas mesmo verdadeiras traduções literais. Dois Espíritos evocados simultaneamente
por dois médiuns podem travar uma conversação. Não necessitando dessa forma de
comunicação, desde que lêem reciprocamente seus pensamentos, assim o fazem para
nossa instrução. Se forem Espíritos inferiores, estando ainda imbuídos das
paixões terrenas e das ideias que tiveram na vida corpórea, pode acontecer que
briguem e troquem palavrões, que se acusem mutuamente e até mesmo que atirem os
lápis, as cestas, as pranchetas, etc. um no outro (13).
O Espírito que é evocado ao mesmo tempo em muitos lugares
pode responder simultaneamente às perguntas que lhe fazem, isto é, se for um
Espírito elevado. O Sol é um só e no entanto irradia a sua luz por todos os
lados, projectando os seus raios à distância sem se subdividir. Dá-se o mesmo
com os Espíritos. O pensamento do Espírito é como uma estrela que irradia a sua
claridade no horizonte e pode ser vista de todos os pontos. Quanto mais puro é
o Espírito mais o seu pensamento irradia e se difunde como a luz. Os Espíritos
inferiores são mais materiais, não podem responder a mais de uma pessoa de cada
vez e não podem tender à nossa evocação se já foram chamados em outro lugar.
Um Espírito superior, chamado ao mesmo tempo em dois
lugares, atenderá às duas evocações se elas forem igualmente sérias e
fervorosas. Em caso contrário, dará preferência à mais séria (14).
Dá-se o mesmo com o homem que, de um mesmo lugar, pode
transmitir seu pensamento por meio de sinais que são visíveis de várias
direcções. Numa sessão da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, em que a
questão da ubiquidade estava em discussão, um Espírito ditou espontaneamente a
comunicação seguinte:
"Discutíeis sobre a hierarquia dos Espíritos
quanto a ubiquidade. Comparai-nos a um aeróstato que se eleva pouco a pouco no
ar. Enquanto ainda rasteja na terra, só um pequeno círculo de pessoas pode
vê-lo; a medida que se eleva o círculo se alarga e quando atinge certa altura é
visto por uma infinidade de pessoas. O mesmo acontece connosco Um Espírito mau,
ainda apegado a terra, fica num círculo restrito de pessoas que o vêem
Eleve-se na graça, melhore-se e poderá conversar com muitas pessoas. Quando se
tomar Espírito superior poderá irradiar como a luz solar, mostrar-se a muitas
pessoas e em muitos lugares ao mesmo tempo. - CHANNING".
Os Espíritos puros, que já terminaram a série de suas
encarnações, podem ser evocados, mas muito raramente respondem as evocações,
pois só se comunicam aos corações puros e sinceros, não aos orgulhosos e
egoístas. Assim, é necessário desconfiar dos Espíritos inferiores que se
arrogam essa qualidade para se fazerem mais importantes.
A explicação de que os Espíritos de homens mais
eminentes atendam tão facilmente, e de maneira tão familiar, ao chamado dos
homens mais obscuros é que os homens julgam os Espíritos por si mesmos, o que é
errado. Após a morte corporal as posições terrenas desaparecem. A única
distinção entre os Espíritos é a da bondade, e os que são bons vão a todos os
lugares onde possam fazer o bem.
Existe a possibilidade de evocar um Espírito no
próprio instante da morte, contudo como então ele ainda se encontra em
perturbação, só imperfeitamente poderá responder. Sendo muito variável a
duração da perturbação, não se pode fixar um prazo para a evocação. Não
obstante, é raro que o Espírito, depois de oito dias, não esteja
suficientemente cônscio do seu estado para poder responder. Às vezes pode
fazê-lo muito bem, dois ou três dias após a morte. É possível, em todos os
casos, experimentar de maneira prudente (15).
Algumas vezes, a evocação no instante da morte é mais
penosa para o Espírito do que mais tarde. É como se fizessem alguém levantar em
meio do sono, sem estar completamente acordado. Não obstante, há os que não se
mostram de maneira alguma contrariados e aos quais a evocação até mesmo ajuda a
saírem da perturbação. (16)
O Espírito de uma criança, morta em tenra idade pode
responder conscientemente, mesmo que ainda não tinha consciência de si mesma.
Se a alma da criança é um Espírito ainda envolto nas faixas da matéria (17),
porém, liberto da matéria goza das suas faculdades de Espírito, porque os
Espíritos não têm idade. Isso prova que o Espírito da criança já teve outras
vidas como encarnado. Não obstante, até que esteja completamente liberto pode
conservar na linguagem alguns traços do caráter da criança.
A influência corpórea, que perdura mais ou menos no
Espírito da criança, as vezes também se nota no Espírito dos que morreram
loucos. O Espírito em si mesmo não é louco, mas sabe-se que certos Espíritos
acreditam, durante algum tempo, estar ainda neste mundo. Não é pois de admirar
que o Espírito do louco ainda se ressinta dos entraves que, durante a vida, se
opunham a sua livre manifestação, até que esteja completamente liberto. Esse
efeito varia segundo as causas da loucura, porque há loucos que recobram toda a
lucidez imediatamente após a morte.
NOTAS
(1) Invocação (do lat. in,
em, e vocare, chamar) e evocação (do lat. vocare e e ou ex,
de, fora de) – estas duas palavras não são sinónimos perfeitos, embora tenham a
mesma raiz, vocare: chamar. É um erro empregá-las uma pela
outra. Evocar é chamar, fazer vir a si, fazer aparecer
por cerimónias mágicas, por encantamentos. Evocar almas, Espíritos,
sombras. Os necromantes pretendiam evocar as almas dos mortos (acad.).
Entre os antigos, evocar era fazer saírem as almas dos
infernos para fazê-las vir aos viso. Invocar é chamar a si ou
em seu socorro um poder superior ou sobrenatural. Invoca-se Deus pela
prece. Na religião católica invocam-se os Santos. Toda prece é uma
invocação. A invocação está no pensamento; a evocação é um ato. Na invocação o
ser ao qual nos dirigimos nos ouve; na evocação ele sai do lugar em que estava
para vir a nós e manifestar sua presença. A invocação não é dirigida senão aos
seres que supomos bastante elevados para nos assistir. Evocam-se tanto os
Espíritos inferiores como os superiores. “Moisés proibiu, sob pena de morte,
evocar as almas dos mortos, prática sacrílega em uso entre os cananeus. O 22º.
capítulo do II Livro dos Reis fala daevocação da sombra de Samuel pela
pitonisa”.
A arte das evocações, como se vê, remonta à mais alta
antiguidade. É encontrada em todas as épocas e em todos os povos. Outrora a
evocação era acompanhada de práticas místicas, ou porque os evocadores as
julgassem necessárias ou, o que é mais provável, para se atribuírem o prestígio
de um poder superior. Hoje se sabe que o poder de evocar não é um
privilégio, que ele pertence a toda gente e que as cerimonias mágicas, em
geral, não passavam de um vão aparato.
Segundo os povos antigos, todas as almas evocadas ou
eram errantes ou vinham dos infernos, que compreendiam, como se sabe, tanto os
Campos Elíseos como o Tártaro; a essa ideia não se ligava nenhuma interpretação
má. Na linguagem moderna, tendo-se restringido a significação da palavra inferno à
morada dos réprobos, disso resultou que a ideia da invocação se ligou, para
certas pessoas, à de maus Espíritos ou de demónios. Entretanto essa crença cai
à medida que se adquire um conhecimento mais aprofundado dos fatos; também é
ela a menos espalhada entre todos os que crêem na realidade das manifestações
espíritas: ela não poderia prevalecer diante da experiência e de um raciocínio
isento de preconceitos. (Ver Allan Kardec, Instruções Práticas sobre
as Manifestações Espíritas, Vocabulário Espírita.)
Fluido Universal - Deus, espírito e
matéria constituem o princípio de tudo o que existe, é a trindade Universal. O
espírito (Alma) é o princípio inteligente. Para que o Espírito possa exercer
ação sobre a matéria tem que se juntar o fluido universal, pois, é ele que
desempenha o papel intermediário entre o Espírito e a matéria grosseira. É
lícito até certo ponto, classificar o fluido universal com o elemento material,
porém, ele se distingue, deste por propriedades especiais. Este fluido deve ser
considerado como sendo um elemento semimaterial, pois, está situado entre o
Espírito e a matéria. Esse fluido universal, ou primitivo, ou elementar, sendo
o agente de que o Espírito se utiliza; é o princípio sem o qual a matéria
estaria em perpétuo estado de divisão e nunca adquiriria as qualidades que a
gravidade lhe dá. (Ver Allan Kardec, item 27 de O Livro dos
Espíritos)
(3) Ver Allan Kardec, O Livro dos Espíritos,
livro segundo, item 282.
(4) A comunicação do pensamento à distância está hoje
provada pelos próprios métodos das chamadas ciências positivas (ou materiais)
graças às pesquisas e experiências parapsicológicas. Bastou um século de
progresso científico para que este problema se tornasse mais acessível à
compreensão dos homens. O pensamento não conhece limites no espaço e no tempo,
o que dá plena validade cientifica a esse princípio espírita. (Nota de J.
Herculano Pires)
(5) Os Espíritos gastam um determinado tempo para
percorrer o espaço, porém, rápido como o pensamento. Também podemos dizer, que
quando o pensamento está em algum lugar, a alma também está, uma vez que é a
alma que pensa. O pensamento é um atributo da alma. Assim, para
eles o pensamento é tudo. (Ver Allan Kardec, O Livro dos
Espíritos, livro segundo, itens 89, 89a e 100.).
(6) O poder do Espírito superior se exerce em
benefício do inferior, obrigando-o a se manifestar para o seu próprio bem. O
livre-arbítrio é condicionado pela evolução. Quanto mais elevado o Espírito,
maior a sua liberdade. É o mesmo que vemos na Terra: os criminosos estão
sujeitos a restrições da liberdade que não devem atingir os homens de bem. Nas
sessões de desobsessão os Espíritos inferiores são frequentemente obrigados a
se manifestarem, para o seu próprio bem e em favor de suas vítimas. (Nota de J.
Herculano Pires)
(7) Só pela superioridade moral se exerce ascendência
sobre os Espíritos inferiores. Os Espíritos perversos reconhecem a
superioridade dos homens de bem. Enfrentando alguém que lhes oponha a vontade
enérgica, espécie de força bruta, reagem e muitas vezes são os mais fortes.
Alguém tentava dominar assim um Espírito rebelde, aplicando a vontade, e este
lhe respondeu: Deixa-me em paz com esses ares de matamouros, que não
vales mais do que eu. Que se diria de um ladrão pregando moral a outro ladrão? (Ver
Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, 2ª. Parte,cap. XXV, item
279 ).
(8) Não há inconveniente quando se faz a evocação com
um fim sério, instrutivo e tendo em vista melhorar-se. Pelo contrário, é muito
grande o inconveniente quando se faz por mera curiosidade ou diversão, ou se a
gente se coloca sob a sua dependência, pedindo-lhes algum serviço. Os Espíritos
bons, nesse caso, podem muito bem lhes dar o poder de fazer o que lhes foi
pedido, com a ressalva de punir severamente mais tarde o temerário que ousou
invocar o seu auxílio, considerando-os mais poderosos que Deus. Será vã a
intenção de aplicar no bem o pedido de despedir o servidor após o serviço
prestado. Esse mesmo serviço solicitado, por menor que seja, representa um
verdadeiro pacto firmado com os Espíritos maus, e estes não largam facilmente a
presa. (Ver Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, 2ª.
Parte,cap. XXV, item 278 ).
Essa a razão porque o Espiritismo é contrário às
relações interesseiras com os Espíritos. Só os inferiores atendem às nossas
ambições e paixões, mas com isso nos submetemos a eles. Foi por isso também que
Moisés condenou essas relações, no cap. VIII do Deuteronômio, injustamente
citado contra o Espiritismo pelos que não conhecem a doutrina. (Nota de J.
Herculano Pires)
(9) Ver Allan Kardec, O Livro dos Espíritos,
livro segundo, Poder Oculto, Talismãs, Feiticeiros, item 554.
(10) Ver Allan Kardec, O Livro dos Médiuns,
2ª. Parte,cap. IX, item 152 ).
(11) Ver Allan Kardec, O Livro dos Médiuns,
2ª. Parte,cap. XXIV, Identidade dos Espíritos, do item 255 em
diante).
(12) A palavra Deus, em si, não tem nenhum poder. A
palavra é apenas um signo e sua carga emotiva está no conceito, na ideia que
ela exprime e portanto no pensamento. Dizê-las em sentir o que ela representa é
como articular sons sem sentido. Dizê-la com plena consciência do seu
significado e sentindo-a fundamente é ligar-nos a Deus. No plano espiritual o
que vale é a vibração psíquica e não a forma verbal, ou segundo Kardec, o fundo
e não a forma. (Nota de J. Herculano Pires)
(13) A leitura recíproca do pensamento refere-se aos
Espíritos mais adiantados. Os Espíritos inferiores, que brigam e se xingam,
estão ainda em condições humanas. É o que se esclarece na resposta à pergunta
30, do cap. XXV em O Livro dos Médiuns.Kardec e os
Espíritos que lhe revelaram a doutrina tomam sempre o Espírito de tipo médio,
já liberto da materialidade grosseira, para base de suas respostas sobre a vida
espírita. (Nota de J. Herculano Pires)
(14) A informação dos Espíritos sobre a irradiação do
pensamento está hoje cientificamente provada pelas pesquisas parapsicológicas.
No tocante à graduação do poder de irradiação, segundo a evolução espiritual, é
problema referente ao mundo espírita. Não obstante, podemos verificá-lo na
Terra através do alcance intelectual das criaturas, que varia de acordo com o
grau evolutivo dos indivíduos na própria escala social. Assim, a imagem feita por
Channing na sua comunicação corresponde a uma realidade espiritual que podemos
constatar na existência terrena. (Nota de J. Herculano Pires)
(15) Nunca se faz a evocação no momento da morte. A
pergunta colocou apenas uma possibilidade, que os Espíritos confirmaram. Aliás,
o Espírito recém-desencarnado não atenderia se não estivesse em condições e não
recebesse permissão dos Espíritos superiores. No caso de atender é porque isso
lhe seria benéfico, segundo vemos na resposta à pergunta 34: ajudá-lo-ia a vencer
a perturbação. (Nota de J. Herculano Pires)
(16) As evocações se processam, desde os tempos
primitivos, entre todos os povos. Dessa maneira os Espíritos podem citar
experiências muitas vezes ocorridas antes da prática espírita moderna. Os casos
propriamente espíritas se limitaram a algumas experiências de pesquisa
científica. (Nota de J. Herculano Pires)
por Ellio Mollo
Fonte: Portugal Espírita
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