(Este artigo de Luís de Almeida foi originalmente publicado na Revista Internacional de Espiritismo de Janeiro de 2002)
A Física continua a dar ao Espiritismo, ainda que os físicos de tal não
se apercebam, ou melhor, não queiram por enquanto se aperceber, uma
contribuição gigantesca na confirmação dos postulados espíritas, que de
maneira nenhuma nós, os espíritas, poderemos subestimar. Existe uma
ciência espírita, com uma metodologia de ciência, assentada nas questões
espirituais, mais do que possamos imaginar, e a prova disso é O Livro
dos Espíritos - uma obra actual - um manancial para a Física Moderna.
Trazendo-nos um novo conceito básico sobre a visão macro e microcósmica
de Deus (ao defini-Lo como "a inteligência suprema, causa primária de
todas as coisas") do Espírito e da Matéria propriamente dita.
A Física Moderna leva-nos ao encontro do Espírito e de Deus
A física quântica pode constituir uma ponte entre a ciência e o mundo
espiritual, pois segundo ela, pode-se "reduzir" a matéria, de forma
subjetiva e no domínio do abstrato, até à consciência - causa da
"intelectualidade" da matéria. A consciência transforma as
possibilidades da matéria em realidade, transformando as possibilidades
quânticas em fatos reais. Essa consciência deve apresentar uma unidade e
transcender o tempo, espaço e matéria. Não é algo material, na
realidade, é a base de todos os seres.
Recordemos o professor de Lyon In O Livro dos Espíritos (9):
23. Que é o Espírito?
- "O princípio inteligente do Universo".
a) - Qual a natureza íntima do Espírito?
- "Não é fácil analisar o Espírito com a vossa linguagem. Para vós, ele
nada é, por não ser palpável. Para nós, entretanto, é alguma coisa."
Tanto é assim, que os físicos teóricos postulam a existência de uma
"partícula", que seria a partícula "fundamental", que ainda não foi
encontrada, mas a qual o Prémio Nobel da física, Leon Lederman, denomina
a "partícula divina". Partícula essa decisiva pois é ela que determina a
massa das restantes, bem como a coesão dada pela gravidade dos 90% do
universo ainda desconhecido.
Leiamos Kardec In O Livro dos Espíritos (9):
25. O Espírito independe da matéria, ou é apenas uma propriedade desta, como as cores o são da luz e o som o é do ar?
- "São distintos uma do outro; mas, a união do Espírito e da matéria é necessária para intelectualizar a matéria."
26. Poder-se-á conceber o Espírito sem a matéria e a matéria sem o Espírito?
- "Pode-se, é fora de dúvida, pelo pensamento."
Cabe lembrar que os físicos, a partir das pesquisas do norte-americno
Murray Gel Mann nos aceleradores de partícula, já admitem a existência
de um domínio externo ao mundo cósmico dito material onde provavelmente
existam agentes activos também chamados frameworkers, capazes de actuar
sobre a energia do Universo, modulando-a e dando-lhe formas de partícula
atómica, ou seja por outras palavras - o espírito, chamado também
"Agente Estruturador" por vários físicos teóricos.
Retomemos novamente o mestre lionês In O Livro dos Espíritos (9):
76. Que definição se pode dar dos Espíritos?
- "Pode dizer-se que os Espíritos são os seres inteligentes da criação. Povoam o Universo, fora do mundo material."
536. São devidos a causas fortuitas, ou, ao contrário, têm todos um fim
providencial, os grandes fenómenos da Natureza, os que se consideram
como perturbação dos elementos?
- '"Tudo tem uma razão de ser e nada acontece sem a permissão de Deus."
b) - Concebemos perfeitamente que a vontade de Deus seja a causa
primária, nisto como em tudo; porém, sabendo que os Espíritos exercem
acção sobre a matéria e que são os agentes da vontade de Deus,
perguntamos se alguns dentre eles não exercerão certa influência sobre
os elementos para os agitar, acalmar ou dirigir?
- "Mas evidentemente. Nem poderia ser de outro modo. Deus não exerce
ação direta sobre a matéria. Ele encontra agentes dedicados em todos os
graus da escala dos mundos."
A Teoria das Supercordas e a Dimensão Psi
Outra teoria quântica, que vem de encontro a existência de uma
"partícula divina consciêncial" no final da escala das partículas
subatómicas, é a teoria das supercordas. Essa teoria foi melhorada e é
defendida por um dos físicos teóricos mais respeitados da actualidade
Edward Witten, professor do Institute for Advanced Study em Princeton,
EUA. De maneira bastante simples e resumida, a teoria das supercordas
postula que os quarks, mais ínfima partícula subatómica conhecida até o
momento, estariam ligados entre si por "supercordas" que, de acordo com
sua vibração, dariam a "tonalidade" específica ao núcleo atómico a que
pertencem, dando assim as qualidades físico-químicas da partícula em
questão.
Querer imaginá-las é como tentar conceber um ponto matemático: é
impossível, por enquanto. Além disso, são inimaginavelmente pequenas.
Para termos uma ideia: o planeta Terra é dez a vinte ordens grandeza
mais pequeno do que o universo, e o núcleo atómico é dez a vinte ordens
de grandeza mais pequeno do que a Terra. Pois bem, uma supercorda é dez a
vinte ordens mais pequena do que o núcleo atómico.
O professor Rivail, esclarece In O Livro dos Espíritos (9):
30. A matéria é formada de um só ou de muitos elementos?
- "De um só elemento primitivo. Os corpos que considerais simples não
são verdadeiros elementos, são transformações da matéria primitiva."
Ou seja, é a vibração dessas infinitesimais "cordinhas" que seria
responsável pelas características do átomo a que pertencem. Conforme
vibrem essas "cordinhas" dariam origem a um átomo de hidrogénio, hélio e
assim por diante, que por sua vez, agregados em moléculas, dão origem a
compostos específicos e cada vez mais complexos, levando-nos a pelo
menos 11 dimensões.
Corrobora Allan Kardec In O Livro dos Espíritos (9):
79. Pois que há dois elementos gerais no Universo: o elemento
inteligente e o elemento material, poder-se-á dizer que os Espíritos são
formados do elemento inteligente, como os corpos inertes o são do
elemento material?
- "Evidentemente. Os Espíritos são a individualização do princípio
inteligente, como os corpos são a individualização do princípio
material.."
64. Vimos que o Espírito e a matéria são dois elementos constitutivos do Universo. O princípio vital será um terceiro?
- "É, sem dúvida, um dos elementos necessários à constituição do
Universo, mas que também tem sua origem na matéria universal modificada.
É, para vós, um elemento, como o oxigênio e o hidrogênio, que,
entretanto, não são elementos primitivos, pois que tudo isso deriva de
um só princípio."
Essa teoria traz a ilação de que tal tonalidade vibratória fundamenta é
dada por algo ou alguém, de onde abstraímos a ?consciência? como factor
propulsor dessas cordas quânticas. Assim sendo, isso ainda mais nos faz
pensar numa unidade consciencial vibrando a partir de cada objecto, de
cada ser.
Complementa Kardec In O Livro dos Espíritos (9):
615. É eterna a lei de Deus?
- "Eterna e imutável como o próprio Deus."
621. Onde está escrita a lei de Deus?
- "Na consciência."
Seguindo esta teoria e embarcando na ideia lançada por André Luiz In
Evolução em Dois Mundos (11), onde somos co-criadores dessa consciência
universal, e cada vez mais responsáveis por gerir o estado vibracional
das nossas próprias "cordinhas" - a chamada dimensão Psi por vários
investigadores espiritas -, à medida que delas nos conscientizemos,
chegaremos a harmonia perfeita quando realmente entrarmos em sintonia
com a consciência geradora que está em nós, e também no todo,
vulgarmente conhecida por Deus, ou como alguns físicos teóricos
sustentam "O Supremo Agente Estruturador".
Leiamos o Codificador In O Livro dos Espíritos (9):
5. Que dedução se pode tirar do sentimento instintivo, que todos os homens trazem em si, da existência de Deus?
- "A de que Deus existe; pois, donde lhes viria esse sentimento, se não
tivesse uma base? É ainda uma consequência do princípio; não há efeito
sem causa."
7. Poder-se-ia achar nas propriedades íntimas da matéria a causa primária da formação das coisas?
- "Mas, então, qual seria a causa dessas propriedades? É indispensável sempre uma causa primária."
Interpretemos Allan Kardec In A Gênese (10) Cap. II - A Providência:
20. - A providência é a solicitude de Deus para com as suas criaturas.
Ele está em toda parte, tudo vê, a tudo preside, mesmo às coisas mais
mínimas. É nisto que consiste a ação providencial.
Como pode Deus, tão grande, tão poderoso, tão superior a tudo,
imiscuir-se em pormenores ínfimos, preocupar-se com os menores actos e
os menores pensamentos de cada indivíduo?» Esta a interrogação que a si
mesmo dirige o incrédulo, concluindo por dizer que, admitida a
existência de Deus, só se pode admitir, quanto à sua acção, que ela se
exerça sobre as leis gerais do Universo; que este funcione de toda a
eternidade em virtude dessas leis, às quais toda criatura se acha
submetida na esfera de suas actividades, sem que haja mister a
intervenção incessante da Providência.
Esta consciência única do raciocínio quântico, transforma-se em dois
elementos: um objectivo e outro subjectivo. O subjectivo chamamos de ser
quântico, universal, indivisível. A individualização desse ser é
consequência de um condicionamento. Esse ser quântico é a maneira como
pensamos em Deus, que é o ser criador dentro de nós.
Voltemos ao gênio de Lyon In A Gênese (10) Cap. II - A Providência:
34. - Sendo Deus a essência divina por excelência, unicamente os
Espíritos que atingiram o mais alto grau de desmaterialização o podem
perceber. Pelo facto de não o verem, não se segue que os Espíritos
imperfeitos estejam mais distantes dele do que os outros; esses
Espíritos, como os demais, como todos os seres da Natureza, se encontram
mergulhados no fluido divino, do mesmo modo que nós o estamos na luz.
Geralmente, nós interpretamos Deus como algo unicamente externo.
Pensamos em Deus como um ser separado de nós. Isso é a causa dos
conflitos. Se Deus também está dentro de nós, podemos mudar por nossa
própria vontade. Mas se acreditamos que Deus está exclusivamente do lado
de fora, então supomos que só Ele pode nos mudar e não nos
transformamos pela nossa própria vontade. Não podemos excluir a nossa
vontade, dizendo que tudo ocorre pela vontade de Deus. Temos de
reconhecer o deus que há em nós, como afirmou o Doce Amigo há 2000 anos.
Então seremos livres.
Allan Kardec atesta In A Gênese (10) Cap. II - A Providência:
24. - (...) Achamo-nos então, constantemente, em presença da Divindade;
nenhuma das nossas ações lhe podemos subtrair ao olhar; o nosso
pensamento está em contacto ininterrupto com o seu pensamento, havendo,
pois, razão para dizer-se que Deus vê os mais profundos refolhos do
nosso coração. Estamos nele, como ele está em nós, segundo a palavra do
Cristo.
Para estender a sua solicitude a todas as criaturas, não precisa Deus
lançar o olhar do Alto da imensidade. As nossas preces, para que ele as
ouça, não precisam transpor o espaço, nem ser ditas com voz retumbante,
pois que, estando de contínuo ao nosso lado, os nossos pensamentos
repercutem nele.
O Livro dos Espíritos: Uma Obra Atual e de Referência
A Física continua a dar ao Espiritismo, ainda que os físicos de tal não
se apercebam, ou melhor, não queiram por enquanto se aperceber, uma
contribuição gigantesca na confirmação dos postulados espíritas, que de
maneira nenhuma nós, os espíritas, poderemos subestimar. Existe uma
ciência espírita, com uma metodologia de ciência, assentada nas questões
espirituais, mais do que possamos imaginar, e a prova disso é O Livro
dos Espíritos (9) - uma obra atual - um manancial para a Física Moderna.
Trazendo-nos um novo conceito básico sobre a visão macro e microcósmica
de Deus (ao defini-lo como "a inteligência suprema, causa primária de
todas as coisas") do Espírito e da Matéria propriamente dita.
Concluímos com Allan Kardec In O Livro dos Espíritos (9) resumindo toda
esta teoria da Física Moderna de forma magistral, simplesmente
espantoso, acreditem...:
27. Há então dois elementos gerais do Universo: a matéria e o Espírito?
- "Sim e acima de tudo Deus, o criador, o pai de todas as coisas. Deus,
espírito e matéria constituem o princípio de tudo o que existe, a
trindade universal. Mas ao elemento material se tem que juntar o fluido
universal, que desempenha o papel de intermediário entre o Espírito e a
matéria propriamente dita, por demais grosseira para que o Espírito
possa exercer acção sobre ela. Embora, de certo ponto de vista, seja
lícito classificá-lo com o elemento material, ele se distingue deste por
propriedades especiais. Se o fluido universal fosse positivamente
matéria, razão não haveria para que também o Espírito não o fosse. Está
colocado entre o Espírito e a matéria; é fluido, como a matéria, e
susceptível, pelas suas inumeráveis combinações com esta e sob a ação do
Espírito, de produzir a infinita variedade das coisas de que apenas
conheceis uma parte mínima. Esse fluido universal, ou primitivo, ou
elementar, sendo o agente de que o Espírito se utiliza, é o princípio
sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e nunca
adquiriria as qualidades que a gravidade lhe dá."
Luís
de Almeida é Dirigente do Centro Espírita Caridade por Amor, da cidade
do Porto, com pagina na Internet
http://www.terravista.pt/PortoSanto/1391
Email: electronico ceca@sapo.pt
(1) Dyson, Freeman em INFINITO EM TODAS AS DIRECÇÕES - Edições Gradiva - 1990 - Portugal.
(2) Greene, Brian em O UNIVERSO ELEGANTE - Edições Gradiva - 2000 - Portugal.
(3)
Hawking, Stephen em BREVE HISTÓRIA DO TEMPO (Edição actualizada e
aumentada, comemorativa do 1º Aniversário) - Edições Gradiva - 2000 -
Portugal.
(4) Hawking, Stephen em O FIM DA FÍSICA - Edições Gradiva - 1994 - Portugal.
(5) Homepage, CERN - ORGANISATION EUROPEENNE POUR LA RECHERCHE NUCLEAIRE -http://www.cern.ch/
(6) Homepage, ESA - EUROPEAN SPACE AGENCY - http://www.esa.int/
(7) Homepage, FERMILAB - FERMI NATIONAL ACCELERATOR LABORATORY - http://www.fnal.gov/
(8) Homepage, NASA - NATIONAL AERONAUTICS & SPACE ADMINISTRATION -http://www.nasa.gov/
(9) Kardec, Allan em O LIVRO DOS ESPÍRITOS - Edições FEB 76ª edição
(10) Kardec, Allan em A GÉNESE - Edições FEB 36ª edição.
(11) Luiz, André em EVOLUÇÃO EM DOIS MUNDOS - Edições FEB 12ª edição
(12) Reeves, Hubert em O PRIMEIRO SEGUNDO - Edições Gradiva - 1996 - Portugal.
(13) Sagan, Carl em UM MUNDO INFESTADO DE DEMÓNIOS - Edições Gradiva - 1997 - Portugal.
(Publicado no Boletim GEAE Número 430 de 19 de fevereiro de 2002)
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