Eternidade

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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Morte em Família


O pai permanece em estado vegetativo há muitos anos. A família sofre com esta situação, principalmente a mãe. Então, quem estaria pagando por isso: o enfermo ou a família?
 
Todos estão envolvidos em resgate. O pai, numa prisão, o corpo. Os familiares, carcereiros no bom sentido, encarregados de dar-lhe assistência. Importante que o façam de boa-vontade, com dedicação, sem questionamentos do passado e construindo o futuro de bênçãos.

Pouco tempo após a morte do marido, a viúva arranjou um namorado. Familiares do falecido revoltaram-se, considerando falta de respeito. Como agir nessa situação?

Aurélian Scholl, famoso escritor francês, dizia: "o casamento tem sua lua-de-mel; a viuvez também". A duração da lua-de-mel depende da extensão da paixão. A viuvez, como estado de espírito, só é duradoura quando o relacionamento transcendeu da paixão para o amor, sustentado por legítima afinidade. Se isso não ocorre, é inútil impor prazo para alguém tirar o luto.

O que podem fazer os filhos diante o pai que, com setenta anos, após enviuvar, parece ter assumido uma segunda adolescência, interessado em festas, bebidas e namoricos?

Quando o espírito não aproveita as oportunidades de edificação da jornada humana, marcando passo no caminho da evolução, a adolescência e a velhice se confundem, em exercício da inconsequência. O adolescente deve ser disciplinado pelos pais. Quanto ao ancião, é esperar que a vida o faça, senão aqui, no Além, botando juízo em sua cabeça.

Quando um homem desencarna e a viúva casa-se novamente, o morto fica infeliz? Ele vê o que acontece?

Depende. Se for alguém compreensivo e amigo, preocupado com o bem-estar da família, certamente há de desejar que a esposa refaça sua vida afetiva com um companheiro que a ajude a enfrentar os desafios da existência. Se for do tipo egoísta e possessivo, vai aborrecer-se e até interferir, causando-lhe embaraços.

Enquanto encarnado ele dizia que voltaria para atormentar a esposa. Isso é possível?

Pouco provável que aconteça. Se essa era sua intenção legítima, certamente está fazendo estágio depurador no Umbral, o purgatório para onde são remetidos aqueles que cultivam más intenções.

Sou casada em segundas núpcias. Como ficaremos os três no mundo espiritual?

Prevalecerá a união com o cônjuge em relação ao qual teve maior afinidade, desde que ambos não se enrosquem em regiões umbralinas e se habilitem a viver em comunidades saudáveis no Plano Espiritual, tipo Nosso Lar, a cidade do Além descrita por André Luiz no livro Nosso Lar, psicografado por Francisco Cândido Xavier.

Sempre estarei com meus pais, irmãos, sobrinhos, cunhados, tios? Reencarnaremos juntos?

Acima da família humana, transitória, há a família espiritual. A primeira atende às convenções humanas e ao sangue; a segunda atende à afinidade. Membros da família humana que guardem afinidade entre si tenderão a perpetuar seu relacionamento, ajudando-se mutuamente nos caminhos da evolução, em sucessivas reencarnações, ainda que ocorra mudança de posição quanto ao sangue. O pai de hoje poderá ser o irmão ou filho de amanhã... 
As alternativas são numerosas, sempre atendendo às necessidades de cada grupo.

Mudei de cidade após a morte do marido. Será que ele conseguirá encontrar-me?

Depende de como foi o relacionamento. Se tumultuado por desentendimentos e brigas, talvez ele prefira manter distância. Se houve amor e legítimo entendimento, não se preocupe. Ele a encontrará, guiado pela infalível bússola do coração.


por Richard Simonetti.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Acontecimentos Imprevistos



Enquanto a barca da reencarnação navegava nas águas tranquilas do prazer, todos os acontecimentos eram enriquecidos pelos sorrisos, pela imensa alegria de viver.

Tinhas a impressão de que te encontravas no verdadeiro paraíso, sem maiores preocupações com o processo da evolução.

Inesperadamente, porém, foste surpreendido por ocorrências imprevistas e te encontras tomado de surpresa e desencanto, acreditando-te desamparado e sem o socorro da Divina Providência.

Sucede que a Terra é escola abençoada que faculta o progresso intelecto-moral dos Espíritos que nela se reencarnam. Invariavelmente são devedores das Leis Soberanas da Vida que desfrutam da oportunidade feliz de reparação dos desvios que se permitiram em existências anteriores.

Tais sucessos imprevistos objetivam convocá-los para a reflexão e libertação dos encantos do prazer, ensinando-os a encarar a transitoriedade do corpo ante a realidade de seres imortais que são.

Nesse sentido, o sofrimento se apresenta como benfeitor, por despertar a consciência adormecida a propor-lhes a visão correta para o comportamento durante a existência.

Não poucas vezes, tudo parece transcorrer normalmente, estão programadas pelos cuidados pessoais as metas para o futuro, e desencarna um ser querido, deixando soledade e amargura.

Noutras ocasiões, os negócios que funcionavam em ordem sofrem alteração e a empresa muito bem estruturada decompõe-se e cerra as suas portas.

Certos dias apresentam-se assinalados por desencantos, e a afetividade que parecia preencher os espaços emocionais, experimenta choques variados, com resultados de desalento e de dor.

Em momentos outros, enfermidades degenerativas ou simplesmente vigorosas apresentam-se com volúpia e produzem debilitação das forças numa conspiração aparente contra o bem-estar e a harmonia do organismo.

Repentinamente surgem conflitos que se ignorava e transtornos emocionais sacodem o indivíduo, ferem a alegria e perturbam a emoção.

Sempre surgem em todas as vidas esses fenômenos inesperados, porque fazem parte do programa de iluminação da humanidade.

Ninguém que se encontre indene à sua ocorrência.

Eles se apresentam e esperam ser bem recebidos, mesmo marchetando a alma e retirando a aparente tranquilidade.

O físico é mundo das ilusões e das fantasias.

O espiritual é aquele de onde se procede e para onde se retorna.

A vida na Terra expressa-se conforme o nível de consciência e de evolução de cada criatura.

Resultado das ações anteriores, as ocorrências têm lugar conforme a origem, semjpre proporcionando recursos de transformação moral.

Dessa forma, exercita o desapego de tudo quanto te retém na retaguarda.

Começa a libertar-te das coisas e questões que não podes conduzir para sempre.

Treina a simplicidade de coração e a fraternidade legítima, repartindo com o teu próximo tudo quanto representa excesso e que o egoísmo retém, em mecanismo de precaução para o futuro.

A sede de prazeres e a ânsia de poder constituem grandes adversários do processo auto iluminativo, mantendo o indivíduo nas paixões imediatistas o que o impede de viver as saudáveis experiências da renúncia e da abnegação.

Qualquer forma de apego é prejudicial ao Espírito, que se deve descondicionar das falsas necessidades que a modernidade impõe.

O essencial é sempre menos volumoso e significativo do que o secundário, que se apresenta como de grande importância. O seu valor, porém, é atribuído por aquele que se lhe agarrar, destituído, no entanto, das qualidades que lhe são concedidas.

Espera da existência todos os tipos de acontecimentos, especialmente esses que moritificam pelo despreparo para o seu enfrentamento.

Quando se pensa na própria fragilidade, no fenômeno da morte, que exige apenas uma condição, que é estar no corpo físico, robustece-se a coragem e a fé amplia-se na direção do futuro, tornando-se uma couraça protetora que nada consegue penetrar de forma prejudicial.

Comportamento de tal natureza pode ser considerado como a busca da Verdade, a que se referiu Jesus, quando informou: - Busca primeiro o Reino de Deus e sua justiça e tudo mais vos será acrescentado.

Pilatos Lhe havia interrogado o que era a Verdade. Teria, porém, condições para a atender, atropelado pelos interesses doentios do poder temporal, das paixões de raça e dos caprichos da governança? Jamais lhe ocorreu que estava sobre areia movediça que o tragou depois da morte do imperador Tibério, quando então foi mandado para o exílio, no qual se suicidou.

Assim sucede com os enganos que o ego engendra e o ser se aferra, preservando ilusões por falta de coragem e estrutura moral para enfrentar a realidade na qual se encontra e procura não se dar conta.

Assim sendo, não consideres como infortúnios os acontecimentos imprevistos que te convoquem a mudanças radicais de conduta para melhor.

O Reino dos Céus está entre vós, enunciou Jesus.

É necessário ter-se olhos de ver e ouvidos de ouvir para deixar-se penetrar pela sua realidade e incorporá-la ao cotidiano.

Supera as fantasias da mente, disciplinando o pensamento, de modo que o conduzas de forma edificante e prazenteira para toda a existência, assim como para depois da desencarnação, quando despertarás conforme és e não com o que reuniste e fixaste como de tua posse
.



Joanna de Ângelis
(página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na tarde do dia 5 de junho de 2014, na residência de Dominique e Armandine Chéron, em Vitry-sur-Seine, França).

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

A Justiça na Espiritualidade



Segundo declara o Espírito André Luiz em Evolução em Dois Mundos, a justiça no Mundo Espiritual funciona com muito maior segurança que na Terra, uma vez que a própria consciência do indivíduo exerce grande influência no mecanismo da reencarnação. Além disso, Espíritos conhecedores dos diversos ramos do Direito, das Ciências Sociais, Psicologia etc integram tribunais, onde, dignos e imparciais, examinam as responsabilidades de cada um. E não só delinquentes se submetem a esse júri, mas, também, trabalhadores das Colônias Espirituais que se deixam arrastar por tendências inferiores e sentimentos inconfessáveis. Afirma ele que...

Há delinquentes tanto no plano terrestre quanto no plano espiritual, e, em razão disso, não apenas os homens recentemente desencarnados são entregues a julgamento específico, sempre que necessário, mas também as entidades desencarnadas que, no cumprimento de determinadas tarefas, se deixam, muitas vezes, arrastar por paixões e caprichos inconfessáveis. (Evolução em Dois Mundos, de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira).

Estes constituem a escória espiritual a que se referiu Allan Kardec. O julgamento será mais ou menos sumário, segundo o grau evolutivo dos culpados; quanto maior o adiantamento moral do réu, mais complexa a análise da culpa.

Enfim de acordo com as informações dos Espíritos errantes, no Mundo Extrafísico existe uma espécie de sistema jurídico que rege as atividades das Colônias, em bases semelhantes ao instituído pelos homens, tendo, porém, por lema o Amor.

1 - Código Penal da Vida Futura

Allan Kardec, no capítulo VII, do livro O Céu e o Inferno, trata sobre o Código Penal da Vida Futura, composto de 33 artigos, baseados na Lei de Causa e Efeito, dos quais transcrevemos os seguintes:

Art. 8-Sendo infinita a justiça de Deus, o Bem e o Mal são rigorosamente considerados, não havendo uma só ação, um só pensamento mau que não tenha consequências fatais, como não há uma única ação meritória, um bom movimento da alma que se perca, mesmo para os mais perversos, por isso que constituem essas ações um começo de progresso.

Art. 10-O Espírito sofre, quer no mundo corporal, quer no espiritual, a consequência das próprias imperfeições. As misérias, as vicissitudes padecidas na vida corpórea, são oriundas das nossas imperfeições, são expiações de faltas cometidas na presente ou em precedentes existências.

Art. 12-Não há regra absoluta nem uniforme quanto à natureza e duração do castigo: a única lei geral é que, segundo o seu valor, toda falta terá punição, bem como recompensa todo ato meritório.

Art. 14-A duração do castigo depende da melhoria do Espírito culpado. Nenhuma condenação por tempo determinado lhe é prescrita. O que Deus exige por termo de sofrimento é um melhoramento sério, efetivo, sincero, de volta ao Bem. Desta maneira, o Espírito é sempre o árbitro do próprio destino, podendo prolongar os sofrimentos pela pertinácia no Mal ou suavizá-los e anulá-los pela prática do Bem.

Art. 16 - O arrependimento, conquanto seja o primeiro passo para a regeneração, não basta por si só; são precisas a expiação e a reparação.
Arrependimento, expiação e reparação constituem, portanto, as condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas consequências. O arrependimento suaviza os travos da expiação, abrindo pela esperança o caminho da reabilitação; só a reparação, contudo, pode anular o efeito, destruindo-lhe a causa. Do contrário, o perdão seria uma graça, não uma anulação.

Nos 33 artigos, Allan Kardec resume os problemas mais frequentes que atingem os Espíritos por implicação da Lei de Causa e Efeito, resultantes dos atos livremente praticados. E ressaltada a situação desesperadora do suicida e a pena maior atribuída ao que induz alguém à prática do gesto tresloucado.

2 - Bens e Direito das Coisas no Mundo dos Espíritos.

Nas Colônias Espirituais, há bens de diversos tipos utilizados pelos Espíritos errantes: imóveis, móveis, consumíveis, públicos, de família etc. Assim é que vemos os Espíritos se referirem a obras de arte, partituras musicais, livros, roupas, metais, veículos, alimentos, edifícios públicos e residenciais, plantações e muitos outros classificados na economia terrena como bens consumíveis, duráveis e de produção ou de capital.

Os Espíritos errantes vivem em lares separados, construídos, muitas vezes, pelos parentes que lhes antecederam a desencarnação. A família espiritual trabalha em conjunto e conquista um lar. As residências das Colônias são bem semelhantes às da Terra. Pelo que se depreende das informações recebidas através das obras subsidiárias da Doutrina Espirita, os Espíritos, surpreendentemente, conservam o apego às coisas materiais e às comodidades terrenas, por longo tempo, após a desencarnação. Certos Espíritos que habitam numa Colônia do nível de Nosso Lar são considerados, pelo Espírito André Luiz, como tendo adquirido consciência da sua situação. 

Por que, então, a necessidade de possuir, de ter, de ser proprietário de algo? A explicação não pode ser outra senão a existência, nesses Espíritos, ainda de um forte condicionamento às comodidades terrenas. O homem e a mulher que se dedicam às nobres tarefas do lar, após a desencarnação, associam-se no desempenho de atividades construtivas e de amparo aos filhos que, porventura, ainda permaneçam no corpo físico.
 
É com o trabalho que o Espírito adquire os seus bens. Não há, entretanto, propriedade particular exatamente como se entende na Terra. Aqui as leis concedem ao Homem a posse e uso dos bens de uma forma definitiva, embora, na realidade, esta seja, também, provisória, pois todos nós seremos compelidos, pela morte, a deixar as vantagens da esfera física. Mas, se no Mundo Espiritual não há necessidade de bens materiais, como dinheiro e objetos, o que pensar da preocupação com a temporalidade? Por que a utilização dos conceitos de horas, dias, anos, dia e noite etc, sendo estes restritos ao plano terrestre? A respeito do assunto, os Espíritos codificadores respondem a Allan Kardec o seguinte, na pergunta 240 de O Livro dos Espíritos:

P. Os Espíritos compreendem o tempo como nós?
R Não, e é por isso que não nos compreendeis sempre, quando se trata de fixar datas ou épocas. Os Espíritos vivem fora do tempo, tal como nós os compreendemos: o tempo para eles se anula, por assim dizer, e os séculos, tão longos para nós, não são a seus olhos senão instantes que se esvanecem na eternidades da mesma forma que as desigualdades do solo se apagam e desaparecem para aqueles que se elevam no espaço.

O Espírito Monsenhor Robert Hugh Benson, declara que... -Com a ausência de tempo terreno no mundo dos espíritos, nossas vidas são ordenadas por acontecimentos, isto é, aqueles que são parte de nossa vida. Não me refiro às ocorrências incidentais, mas às que na Terra são consideradas acontecimentos periódicos. (A Vida nos Mundos Invisíveis, de Anthony Borgia)

Vejamos o que diz a instrutora espiritual Laura ao Espírito André Luiz durante uma aula de aprendizado: - Tal como se dá na Terra, a propriedade aqui é relativa. Nossas aquisições são feitas à base de horas de trabalho. O bônus-hora, no fundo, é o nosso dinheiro. Quaisquer utilidades são adquiridas com esses cupons obtidos por nós mesmos, à custa de esforço e dedicação. Às construções em geral representam patrimônio comum, sob controle da Governadoria; cada família espiritual, porém, pode conquistar um lar (nunca mais que um), apresentando trinta mil bônus-hora (. . .). ( Nosso Lar, de Francisco Cândido Xavier)

Esclarece ela que a moeda nas Colônias, se assim pode ser denominado, é o bônus-hora. Não se constitui em papel moeda como vulgarmente conhecemos, mas numa espécie de ficha individual que funciona como valor aquisitivo. Os que trabalham adquirem direitos justos: alimento, vestuário e abrigo.

Informações idênticas a respeito de aquisição de bens no Mundo Espiritual nos dá o Espírito Irmão Jacob, na obra Voltei, ao esclarecer que os edifícios do parque não representavam propriedade particular, mas, sim, patrimônio comum orientado pela administração central da Colônia. Que o Espírito é, apenas, o usufrutuário dos bens que adquire com seu próprio esforço, dos quais a retenção é provisória, visto que, pela Lei de Evolução, nenhum Espírito pode permanecer eternamente em determinada Colônia Espiritual. Ele só não se refere ao bônus-hora. Na verdade, a referência a tal moeda só é encontrada nas obras ditadas pelo Espírito André Luiz.

Embora não exista propriedade no sentido que entendemos na Terra, os lares adquiridos podem ser objeto de sucessão. Inversamente ao que se dá na desencarnação, em que o falecido lega aos herdeiros o seu espólio, na encarnação, que é a morte para a vida espiritual, o proprietário deixa seus bens para os familiares que ficam nas Colônias, exceto os créditos em bônus-hora que reverterão ao patrimônio comum, pois, segundo informam os Espíritos, são pessoais e intransferíveis.


por Lúcia Loureiro - A Casa do Espiritismo.