Eternidade

Eternidade

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

Espinheiros



O cristão é um combatente ativo.
Despertando no campo do Senhor, aturde-se-lhe a visão com a amplitude e complexidade do trabalho.
Dificuldades, tropeços, cipoais, ervas daninhas…
E o Evangelho, com propriedades de conceituação, elucida que não se pode vindimar nos espinheiros.
Entretanto, teria Jesus assumido a paternidade de semelhante afirmativa para que cruzemos os braços em falsa beatitude?
Se o terreno permanece absorvido pelos abrolhos, o discípulo recebeu inúmeras ferramentas do Mestre dos mestres.
Indispensável, pois, enfrentar o serviço.
O Cristo encarou, face a face, o sacrifício pela Humanidade inteira.
Será a existência de alguns espinheiros a causa de nossos obstáculos insuperáveis?
Não. Se hoje é impossível a vindima, ataquemos o chão duro. Lavremos o solo árido. Adubemos com suor e lágrimas.
Haverá sempre chuvas fecundantes do Céu ou generosos mananciais da Terra, abençoando-nos o esforço.
A Divina Providência reside em toda parte.
Não olvidemos o imperativo do trabalho e, depois, em lugar dos abrolhos, colheremos o fruto suave e doce da videira.


Fonte: XAVIER, Francisco C. Caminho, verdade e vida. Pelo Espírito Emmanuel. 1. ed. 11. imp. Brasília: FEB, 2016. cap. 121.

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

União




ANTE o mundo moderno, em doloroso e acelerado processo de transição, procuremos em Cristo Jesus o clima de nossa reconstrução espiritual para a Vida Eterna.

Multipliquemos as assembléias cristãs, quais a desta noite, em que elevamos o coração ao altar da fé renovadora.

Em torno de nossas atividades religiosas, temos a paisagem de há quase dois mil anos...
Profundas transformações políticas assinalam o cominho das nações, asfixiantes dificuldades pesam sobre os interesses coletivos, em toda a comunidade planetária, e, cima de tudo, lavra a discórdia, em toda parte, desintegrando o idealismo santificante.

Este é o plano a que os nossos discípulos são chamados.
O momento, por isto mesmo, é de luz para as trevas, amor para o ódio, esclarecimento para a ignorância, bom ânimo para o desalento.

Não bastará, portanto, a movimentação verbalística.
Não prevalece a plataforma doutrinária tão somente.


Imprescindível renovar o coração, convertendo-o em vaso de graças divinas para a extensão das dádivas recebidas.
Espiritismo, na condição de mera fenomenologia, é simples indagação. Indispensável reconhecer, entretanto, que as respostas do Céu às perquirições da Terra nunca faltaram.
A Grandeza Divina absorve a pequenez humana em todos os ângulos de nossa jornada evolutiva.

Edificar um castelo teórico ou dogmático, onde a mente repouse à distância da luta constitui apenas fuga aos problemas – evasão delituosa de quem recebeu do Alto os dons sublimes do conhecimento para que a Benção do Senhor se comunique a todos os homens.

Esta, razão que nos compete ao chamamento novo.
A morte do corpo não nos desvenda os gozos do paraíso, nem nos arrebata aos tormentos do inferno.
Nós, os desencarnados, somos também criaturas humanas em diferentes círculos vibratórios, tão necessitados de aplicação do Evangelho Redentor, quanto os companheiros que marcham pelo roteiro carnal.

A sepultura não é milagroso acesso às zonas de luz integral ou da sombra completa. Somos defrontados por novas modalidades da Divina Sabedoria a se traduzirem por mistérios mais altos.
Transformemo-nos, meus amigos, naquelas “cartas vivas” do Mestre dos Mestres a que o Apóstolo Paulo se refere em suas advertências imortais.

Indaguemos, estudemos, movimentemo-nos na esfera científica e filosófica, todavia, não nos esquecemos do “amemo-nos uns aos outros” como o Senhor nos amou. Sem amor, os mais alucinantes oráculos são igualmente aquele “sino que tange” sem resultados práticos para as nossas necessidade espirituais.
Não valem divergências da interpretação nos setores da fé.
Estamos distantes da época em que os filhos da Terra se dirigirão ao Pai com idêntica linguagem, porquanto, para isto, seria indispensável a sintonia absoluta entre nós outros e o Celeste Embaixador das Boas Novas da Salvação.

Reveste-se a hora atual de nuvens ameaçadoras.
Não no iludamos . O amor ilumina a justiça, mas, a justiça é à base da Lei Misericordiosa.
O mundo atormentado atravessa angustioso período de aferição.
Irmanemo-nos, desse modo, em Jesus, para que a tormenta não nos colha, de surpresa, o coração.

Abracemos-nos na obra redentora a derrubar as fronteiras que separam os templos veneráveis uns aos outros.
Nossa época é de ascensão do homem à estratosfera, de intercâmbio fácil das nações e de avanço da medicina em todas as frentes, contudo, é também de lágrimas, reajustamento e luta.
Entrelacemos as mãos, no testemunho da luz e da paz que nos felicitam.
Lembremo-nos de que somos os herdeiros diretos da confiança e do amor daqueles que tombaram nos circos do martírio pro trezentos anos consecutivos.

Espiritismo sem Evangelho é apenas sistematização de idéias para transposição da atividade mental, sem maior eficiência na construção do porvir humano.
 


Trabalharemos, entretanto, quanto estiver ao nosso alcance, a fim de que o cristianismo redivivo prevaleça entre nós constitua patrimônio indesejável e inútil e para que, unidos fraternalmente, sejamos colaboradores sinceros do Mestre, sem esquecer-lhe as sagradas palavras: _ “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por Mim”


Obra: Doutrina e Aplicação, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier