Eternidade

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segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Ética no contato com o paciente e consulentes



Não podemos nos esquecer de que, mesmo trabalhando no serviço do bem comum, atendendo às dores, às dificuldades e aos sofrimentos alheios, os médiuns, geralmente, não são médicos. Os trabalhadores, terapeutas do espírito, também não são médicos; ainda que detenham algum conhecimento na área da saúde, que hajam estudado a fisiologia espiritual e energética do ser humano, fato é que não são médicos. Embora possam captar o pensamento de alguém que exercesse a medicina quando encarnado, assim mesmo, não são médicos. Por isso, enfatizamos o cuidado que devem ter meus irmãos a fim de evitar a acusação de prática de curandeirismo ou de exercício ilegal da medicina.

Para as atividades espirituais, não precisamos recorrer a instrumentos que somente aos médicos é dado manejar. Aos espíritos superiores comprometidos com a recuperação da saúde humana, são completamente desnecessários o bisturi e as demais ferramentas e técnicas cujo emprego é prerrogativa médica. É bom lembrar que, na história das manifestações brasileiras de espiritualidade, já houve vários trabalhos sérios que ficaram comprometidos devido ao uso de tais elementos. Os responsáveis foram expostos às leis dos homens em razão da imprudência — mais de médiuns e trabalhadores que de espíritos. Médiuns há que resolvem lançar mão desses instrumentos para dizer ou mostrar que estão realizando cirurgias espirituais. Ora, se estas são espirituais, por que usar ferramentas da medicina terrena? Por outro lado, se querem realizar cirurgias físicas, por que deveriam se eximir de estudar medicina e formar-se na profissão? Há que ter um cuidado sério para não comprometermos o trabalho espiritual nem sermos enquadrados como praticantes ilegais da medicina ou como usuários de métodos de curandeirismo. Trata-se, repetimos, de prática absolutamente desnecessária, decorrente muito mais de aspectos ligados à expressão anímica do médium do que ao espírito manifestante, isso quando há um espírito atuando, genuinamente.

Sem desmerecer meus irmãos espirituais que, no passado, utilizaram esses recursos, a medicina espiritual está por demais avançada para que seja necessário recorrer a tais recursos, mais apropriados a profissionais da esfera física. Trabalhamos com energias, luz coagulada, ondas, radiações e vibrações; para nós, da esfera além-física, o ectoplasma é a fonte de abastecimento vital e energético, da qual nos servimos para interferir na qualidade da saúde dos consulentes, dentre outros recursos ainda invisíveis para meus irmãos encarnados. Trata-se de uma medicina puramente vibracional, que, não obstante todo o conhecimento científico do mundo, os médicos na atualidade não conseguem entender nem sequer aceitar, em sua maioria. De forma análoga, caso estes pretendam empregar recursos e aparelhos que simulem tecnologias próprias do plano extrafísico, por certo serão também responsabilizados perante os conselhos de medicina, pois além de não conhecerem os pormenores de elementos próprios do plano invisível, estes não são reconhecidos pela ciência como métodos válidos, ao menos por ora.

É prudente, portanto, que cada qual se utilize dos recursos pertinentes à sua área de atuação.

Outro aspecto importante no trato com consulentes diz respeito à comunicação clara do que se pretende fazer. Como médiuns, terapeutas do espírito ou curadores, não é elegante prometer a cura de nenhuma enfermidade nem divulgar que se está curando enfermos. Mais uma vez, afirmamos: médium não é médico. Mais determinante que isso, porém, é que nem os médicos do espaço que trabalham com seriedade divulgam que curam, pois a cura depende de diversos fatores.

Nenhum de nós é Deus; ademais, nem mesmo Jesus, o médico por excelência, curou todos os enfermos que o procuraram.

Assim sendo, prometer cura é comprometer o trabalho e os trabalhadores. No máximo, podemos oferecer auxílio espiritual como complemento ao tratamento médico.

Aqueles que nos procuram para sanar suas dores não devem, de maneira alguma, interromper o tratamento médico ou o acompanhamento de saúde a fim de receber auxílio da medicina espiritual. É útil lembrar que trabalhamos numa sociedade humana que, em sua maior parte, não reconhece a eficácia, nem sequer admite a existência das intervenções espirituais. A lembrança desse fato é essencial para evitar comprometer as tarefas realizadas em nome do eterno bem.

A ética espiritual define, ainda, que não podemos, sob nenhuma hipótese, suspender qualquer medicação, insinuar que o consulente deva interromper o tratamento médico, tampouco deixar sequer transparecer a ideia de que a terapia espiritual seja um método substitutivo à metodologia terrena. Nosso campo de atuação não é o corpo, mas o espírito, o perispírito ou psicossoma, o duplo etérico, a fisiologia dos corpos energéticos e as formas-pensamento. Trabalhamos visando eliminar os focos de contaminação fluídica, miasmática e astral, bem como os cúmulos energéticos localizados nos corpos extrafísicos de meus irmãos, cientes de que tais intervenções trazem alívio e qualidade de vida, e agem de modo a aumentar a eficacia dos tratamentos realizados pelos médicos da Terra. São somente eles, nossos amigos da ciência terrena, que podem recomendar a interrupção de tratamentos prescritos.

Seria muita irresponsabilidade e falta de zelo com a seriedade do trabalho espiritual que médium, espírito ou pseudoespírito sugerissem ao consulente cessar o tratamento médico, usando a terapia espiritual como pretexto.

É bom ter em mente, também, um outro cuidado. Uma vez que a medicina e a ciência da Terra ainda não reconhecem a eficácia nem sequer a realidade da ciência espiritual, e considerando que médiuns receitistas, de cura e magnetizadores não são médicos, reza a prudência que evitem indicar medicamentos alopáticos e tratamentos próprios da medicina convencional ou tradicional. Tal campo é de competência da medicina terrena. À ciência médica espiritual cabem métodos mais brandos e naturais, a título de terapia complementar e objetivando incrementar a qualidade de vida e a saúde de meus irmãos.

Quando mencionamos essas situações, queremos sobretudo garantir a segurança dos trabalhos espirituais e a do próprio trabalhador que representa ou diz representar os Imortais. Reiteramos: mesmo na hipótese de que o necessitado de socorro venha a se sentir curado ou recuperado das enfermidades que o trouxeram ao contato com a realidade espiritual, é ético da parte do terapeuta do espírito não isentá-lo do tratamento médico convencional, mas sim recomendar que procure seu médico e siga suas orientações.

O princípio que deve pautar as ações é o seguinte: a medicina espiritual não compete com a medicina humana; antes, lhe serve de complemento, que não invalida a metodologia tampouco a atuação dos médicos do mundo.

De outro lado, mesmo não sendo médicos, os médiuns precisam saber anatomia e fisiologia; precisam ter o mínimo de conhecimento sobre o corpo humano, além de estudar constantemente fisiologia energética e espiritual. Chacras, corpos, formas-pensamento, parafisiologia do psicossoma em particular, assim como do duplo etérico, além de algo mais ou menos profundo a respeito do corpo mental, são tópicos centrais de estudo, a fim de não incorrerem em erros básicos que a simples intuição, desamparada de noções robustas, é incapaz de afastar. Ao mesmo tempo, quando os médiuns se preparam podem oferecer aos seus companheiros invisíveis instrumentos mais aprimorados, a fim de que exerçam sua atividade com mais eficácia.

A presença dos espíritos nas atividades de cura de meus irmãos não exime ninguém, sobretudo os médiuns, de continuar estudando e aperfeiçoando-se sempre. Sem estudo, sem disciplina e sem dedicação, dificilmente se terá a chancela dos espíritos superiores.

A propósito, é imperioso entender que nem todos os espíritos que pretendem atender meus irmãos em problemas relativos à saúde, entre outros de variada complexidade, são espíritos esclarecidos. Assim como na Terra há os que se passam por pessoas sérias, os que são enganadores e antiéticos, do lado de cá da vida existem os espíritos mistificadores; somente o estudo, o conhecimento e a coragem de enfrentá-los, com instrumentos espirituais apropriados, são capazes de desmascará-los. Não se iludam meus irmãos pensando que todo espírito que pretenda ajudar tenha real condição e intenção de fazê-lo.

De outro lado, existem também aqueles entre meus irmãos que são crédulos por demais. Se há espíritos que enganam, eles só encontram campo para tal por existirem pessoas que se expõem abertamente à possibilidade de ser enganadas.

De maneira análoga, assim como existem médiuns sérios e com real compromisso na área da cura, existem também aqueles que querem copiar outros, simular cirurgias espirituais e ser médiuns de cura a todo custo, ignorando que seu compromisso é em outra área da vida espiritual. Em nome do respeito, da dignidade e da fidelidade aos espíritos superiores, meus irmãos devem ficar atentos. Diante dos modismos do movimento espiritualista, qualquer um arma uma maca e se autodenomina médium de cura. E logo aparecem pessoas desavisadas, dispostas a se submeterem a tratamentos que o médium não conhece e para os quais não está preparado. Não basta uma maca e a aparência de se estar em transe para que a pessoa seja médium de cura e esteja bem assistida, do ponto de vista espiritual. As questões dessa ordem são por demais sérias para que meus irmãos se deixem levar pelos desatinos e irresponsabilidades de alguns que se julgam médiuns e não o são, ao menos nesse departamento.

Os médiuns e os trabalhadores do bem, de modo geral, precisam estudar sempre, saber mais, aprofundar os estudos e observações e conhecer as bases da filosofia espírita. Quem não estuda, candidata-se ao engano; quem não conhece nem se dedica ao aperfeiçoamento, à informação e ao incremento da cultura espiritual, torna-se porta aberta para intromissões energéticas e conscienciais indesejáveis e comprometedoras. Um elevado amigo espiritual diz, com propriedade, que médium sem estudo é ferramenta enferrujada. E nós acrescentamos que médium sem ética é ferramenta que já foi posta de lado e não nos serve mais.

Não podemos olvidar que a importância do trabalho do bem e a consideração que lhe é devida estão acima das pretensões e da leviandade das pessoas, sejam elas médiuns, trabalhadores, médicos ou quem for. Convém a cada um chamado a servir à humanidade, em nome do bem geral, desenvolver o senso de responsabilidade em relação à tarefa com a qual colaborará. Sabendo que ninguém é dono da atividade que realiza, é possível ser remanejado a qualquer momento, tanto quanto ser convidado a se afastar, a fim de que outro mais comprometido assuma o que não demos conta de fazer. O trabalho não nos pertence; ninguém é insubstituível, nem incapaz de realizar algo. A todos é dada a oportunidade de servir em alguma atividade, mas compete a cada um fazer-se necessário à tarefa por meio da dedicação e do esforço, do respeito e da dignidade que o trabalho merece.

Quando se trata do bem comum, o trabalho é mais importante do que o trabalhador. Tanto quanto é verdade que, quando se trata das necessidades humanas e da dor particular, o trabalhador é tão importante quanto o trabalho que ele representa. 

Por isso, merece, como qualquer ser humano, carinho, atenção e cuidados equivalentes aos do necessitado que procura atendimento. Não obstante, na tarefa diária, é bom não confundir os dois papéis; é preciso saber em que lugar nos colocamos: se no do consulente necessitado ou no do enfermeiro que serve em nome de Cristo.

Joseph Gleber

Fonte: A Casa do Espiritismo

2 comentários:

  1. Obrigada pela visita e pelo comentário que nos incentiva a seguir no caminho do bem e do esclarecimento. Sejam bem-vindos a este espaço fraterno!

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