Eternidade

Eternidade

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Pelos Caminhos de Jesus... Divaldo Franco / Amélia Rodrigues

O poder do amor


Acredita no amor e vive-o plenamente.

Qualquer expressão de afetividade propicia renovação de entusiasmo, de qualidade de vida, de metas felizes em relação ao futuro.

O amor não é somente um meio, porém o fim essencial da vida.

Emanado pelo sentimento que se aprimora, o amor expressa-se, a princípio, asselvajado, instintivo, na área da sensação, e depura-se lentamente, agigantando-se no campo da emoção.

Quando fruído, estimula o organismo e oferece-lhe reações imunológicas, que proporcionam resistência às células para enfrentar os invasores perniciosos, que são com batidos pelos glóbulos brancos vigilantes.

A força do amor levanta as energias alquebradas, e torna-se essencial para a preservação da vida.

Quando diminui, cedendo lugar aos mecanismos de reação pelo ciúme, pelo ressentimento, pelo ódio, favorece a degeneração da energia vital, preservadora do equilíbrio fisiopsíquico, ensejando a instalação de enfermidades variadas, que trabalham pela consumpção dos equipamentos orgânicos...

Situação alguma, por mais constrangedora, ou desafio, por maior que se apresente, nas suas expressões agressivas, merecem que te niveles à violência, abandonando o recurso valioso do amor.

Competir com os não-amáveis é tornar-se pior do que eles, que lamentavelmente ainda não despertaram para a realidade superior da vida.

Amá-los é a alternativa única à tua disposição, que deves utilizar, de forma a não te impregnares das energias deletérias que eles exalam.

Envolvê-los em ondas de afetividade é ato de sabedoria e recurso terapêutico valioso, que lhes modificará a conduta, senão de imediato, com certeza oportunamente.

O amor solucionará todos os teus problemas. Não impedirá, porém, que os tenhas, que sejas agredido, que experimentes incompreensão, mas te facultará permanecer em paz contigo mesmo.

É possível que não lhe vejas a florescência, naquele a quem o ofertas, no entanto, a sociedade do amanhã vê-lo-á enfrutecer e beneficiar as criaturas que virão depois de ti. E isto, sim, é o que importa.

Quando tudo pareça conspirar contra os teus sentimentos de amor, e a desordem aumentar, o crime triunfar, a loucura aturdir as pessoas em volta, ainda aí não duvides do seu poder. Ama com mais vigor e tranqüilidade, porque esta é a tua missão na Terra - mar sempre.

Crucificado, sob superlativa humilhação, Jesus prosseguiu amando e em paz, iniciando uma Era Nova para a Humanidade, que agora lhe tributa razão e amor.

FRANCO, Divaldo Pereira. Momentos Enriquecedores. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL.

domingo, 26 de julho de 2015

Felicidade por José Carlo de Lucca - Programa Transição 016

Psicografia - Tema: Influência dos maus espíritos em nossas vidas...



Os espíritos mistificadores tentam colocar na mente das pessoas que a obsessão faz parte do seu destino, isso é provação ou karma e você deve aceitar isso passivamente com RESIGNAÇÃO, isso é uma mentira, nós temos LIVRE ARBÍTRIO para mudar a qualquer momento os rumos da nossa vida, não existem predestinações para a derrota, para o fracasso, para os vícios e nem para os crimes, somos NÓS que criamos NOSSO DESTINO PELO USO DO LIVRE ARBÍTRIO.
Um destino amargo com sofrimentos e dificuldades não é fatalidade é o mal uso do libre arbítrio, nós plantamos e depois colhemos.
Quem planta pimenta vai colher mais tarde pimenta.
Essa é a Lei de causas e efeitos.
Pelo uso correto do Livre arbítrio eu consigo evitar muitos males em minha vida e nesse caso esta as obsessões.

Nós somos o que pensamos e atraímos o bem e o mal pelos pensamentos.
Uma pessoa de pensamentos elevados, positivos e nobres e de conduta moral reta no Bem, na caridade e nas virtudes, fica imune as influencias nocivas dos espíritos obsessores.
Os pensamentos elevados, puros e firmes no Bem repele facilmente os maus espíritos.
O Bem é mais forte que o mal.

Como afastar os maus espíritos.

Para afastar os maus espíritos temos que cultivar pensamentos elevados e positivos e ter uma Conduta Moral reta no Bem e nas Virtudes.
Na realidade a proteção espiritual quem faz é a própria pessoa conforme seus pensamentos e conduta moral, os espíritos inferiores, perturbadores e obsessores do plano astral, não conseguem entrar em sintonia com as pessoas dignas, corretas, honestas e caridosas.
O Bem repele o mal.
A Luz repele as sombras.
Não havendo sintonia os maus espíritos se afastam.
Tudo é sintonia vibratória no mundo espiritual, os iguais se atraem e os diferentes se repelem.
Uma pessoa com pensamentos elevados e firmes no Bem e de conduta moral reta, repele naturalmente e facilmente os espíritos inferiores e obsessores.
Os espíritos inferiores, perturbadores, maldosos, vingativos e obsessores, possuem um perispirito denso, turvo, grosseiro, eles estão envolvidos em fluidos impuros, na crosta terrena tem milhões de espíritos desencarnados em estado de apego as coisas matérias e aos vícios e desejos terrenos, eles exercem uma forte influencia negativa sobre as pessoas que são invigilantes com seus pensamentos e conduta moral.
Temos que tomar muito cuidado com nossos pensamentos, por que, esses espíritos inferiores que estão na crosta terrena procuram nos influenciar é pelos pensamentos, pela sintonia vibratória.
Como esses espíritos desencarnados não possuem mais seus corpos físicos para saciarem seus vícios e desejos, eles vão procurar os encarnados que possuem os mesmos vícios e desejos.

É o encosto, esses espíritos inferiores vão encostar o seu perispirito no perispirito do encarnado e vão sentir as mesmas coisas que essa pessoa sente, se a pessoa bebe e fuma, os desencarnados viciados vão sugar os fluidos da nicotina e do álcool, é o vampirismo psíquico.
Os desencarnados viciados em Sexo, vão encostar o seu perispirito no perispirito do encarnado que esta praticando sexo sem elevação moral, e o desencarnado vai sentir os mesmos prazeres de uma transa.
É por isso que devemos ter uma vida terrena digna, correta, honesta, com elevação moral, para podermos repelir esses espíritos inferiores do plano astral.
O Bem repele o mal.

E para finalizar veja esse texto grandioso de Kardec que esta na obra A Genese.

21. Dir-se-á que se podem evitar os homens mal intencionados; porém, como subtrair-se à influência dos maus Espíritos que pululam em nosso derredor e se insinuam por toda a parte sem ser vistos?

O MEIO É MUITO SIMPLES, POIS DEPENDE DA VONTADE DO PRÓPRIO HOMEM, QUE TRAZ EM SI MESMO O PRESERVATIVO NECESSÁRIO. OS FLUIDOS SE UNEM EM RAZÃO DA SEMELHANÇA DE SUA NATUREZA; OS FLUIDOS DISSEMELHANTES SE REPELEM; HÁ INCOMPATIBILIDADE ENTRE OS BONS E OS MAUS FLUIDOS, COMO ENTRE O AZEITE E A ÁGUA.

Que se faz então, quando o ar está viciado? Saneamo-lo, o purificamos, destruindo o foco dos miasmas, combatendo os eflúvios malsãos por correntes mais fortes de ar salubre. À invasão dos maus fluidos, pois, é preciso opor os bons fluidos; e, como cada um tem em seu próprio perispírito uma fonte fluídica permanente, trazemos o remédio em nós mesmos; trata-se de purificar esta fonte e dar-lhe tais qualidades, que sejam um verdadeiro repulsor para as más influências, em lugar de ser para elas uma força de atração. O perispírito é pois uma couraça à qual é preciso dar a melhor têmpera possível; ora, como as qualidades do perispírito estão em razão das qualidades da alma, será preciso trabalhar em sua própria melhoria, pois são as imperfeições da alma que atraem os maus Espíritos.

AS MOSCAS SE DIRIGEM PARA ONDE HAJA FOCOS DE CORRUPÇÃO QUE AS ATRAEM; DESTRUÍDOS TAIS FOCOS, AS MOSCAS DESAPARECERÃO. DA MESMA FORMA OS MAUS ESPÍRITOS VÃO ONDE O MAL OS ATRAI; DESTRUÍ O MAL, E ELE SE AFASTARÃO. OS ESPÍRITOS REALMENTE BONS, ENCARNADOS OU DESENCARNADOS, NADA TÊM A TEMER DA INFLUÊNCIA DOS MAUS ESPÍRITOS.

Allan Kardec.


Fonte: O Espiritismo - psicografia de Wilson, wilsonmoreno67@gmail.com, em 25/07/2015, 09:30 hs, para os estudiosos.

Como ser Médium Escrevente (Psicógrafo)

sábado, 25 de julho de 2015

As Três Afirmativas do Cristo



As Três Afirmativas do Cristo

"Eu sou o caminho, a verdade e a vida,
ninguém vai ao Pai senão por mim." (Evangelho)

por Vinicius

Sou o Caminho, porque já fiz o percurso que ainda não fizestes; posso, portanto, ser, como de fato sou, vosso guia, vosso roteiro, vosso cicerone. Ninguém vos poderá conduzir e orientar senão eu mesmo, porque nenhum outro, de todos que baixaram à Terra, jamais fez o trajeto que conduz ao Pai. Por isso vos digo: ninguém realiza os eternos destinos, senão acompanhando-me, seguindo as minhas pegadas.


Sou a Verdade, porque não falo de mim mesmo, não fantasio como fazem os homens que buscam seus próprios interesses e sua própria glória; só falo o que ouvi e aprendi do Pai, agindo como seu oráculo, como seu mesmo verbo encarnado.


Sou a Vida, porque sou ressurgido, dominei a matéria, sou imortal, tenho vida em mim mesmo. Não sou como os homens cuja existência efêmera e instável depende, em absoluto, de circunstâncias externas.
 

Fonte: Vinícius. Nas Pegadas do Mestre. Págs. 244-145 - Feb.

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Expansão da Consciência direciona a evolução humana promovendo a Transição Planetária



Nós estamos evoluindo. Sempre estivemos evoluindo. Quando olhamos para a história da Humanidade, percebemos claramente que nunca paramos, nunca estivemos estagnados.

Do homem das cavernas do passado para o homem tecnológico de hoje, estivemos caminhando sempre rumo a novas etapas, descobrindo novas formas de organização social, buscando compreender cada vez melhor o meio ao nosso redor.

Há em nós um enorme desejo de nos tornarmos mais perfeitos e de tornar a nossa estadia na Terra a mais harmoniosa possível. Há em nós uma eterna busca por conhecimento a fim de que possamos compreender tudo o que nos rodeia.

Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos?


São perguntas que nos impulsionam!

Ao longo do tempo, nós buscamos melhorar o ambiente em que vivemos, buscamos facilitar nossa sobrevivência como espécie e assim como as nossas ações, buscamos harmonizar as nossas relações, buscamos o conforto e o bem estar em todos os níveis. Nós sempre estivemos envolvidos em melhorar nossa qualidade de vida.

Há em nós o instinto do crescimento e da evolução. Há em nós o impulso para seguir adiante, e para a conquista de novos desafios. Adentrar no desconhecido a fim de aperfeiçoar é para nós a grande aventura! Isto nos move e nos estimula!

E ao longo da história da Humanidade, fizemos muitas modificações. Nós passamos por diversas fases até chegarmos ao que somos hoje. Nós modificamos o ambiente, modificamos a forma de nos agrupamos, modificamos as nossas relações, e modificamos especialmente a forma como nos relacionamos com o planeta.

A cada nova aquisição, nós expandimos a nossa consciência, pois são momentos em que novos conhecimentos chegam ás nossas mentes.

Nós nos abrimos para novos pensamentos e para novos paradigmas.

A Expansão da Consciência como o “carro chefe” dos progressos planetários


A meu ver, o grande impulsionador dos avanços da Humanidade é a nossa própria consciência.

Inquieta e insatisfeita quer entender e dominar a realidade em que está inserida. Nossa consciência quer compreender o mundo, quer compreender o Universo, quer compreender a si mesma e quer crescer!

A nossa consciência que não se conforma com as imperfeições e quer sempre aprimorar-se a fim de alcançar novos patamares. E alcançar novos patamares faz com que nossa consciência se expanda.

Albert Einstein dizia: -“A mente que se abre a uma nova ideia jamais volta ao seu tamanho original”!

O que significa Expansão da Consciência?


Expandir a consciência é algo que pertence a nós, é inerente a todo Ser Humano.

Você pode chamar de expandir os horizontes, olhar além, ver por trás, desvendar uma verdade, trazer para a consciência, etc.

O fato é que cada vez que a Humanidade se depara com novos conceitos, vê além, descobre uma nova verdade, amplia seus horizontes, está fazendo uma expansão de consciência.

Lembre-se de que o mundo para os nossos antepassados não passava de alguns hectares de terra dentro dos quais plantavam e caçavam! Lembre-se de que, um pouco mais adiante no tempo, o mundo significava apenas um pequeno vilarejo. Há bem pouco tempo atrás pensávamos que a Terra era o centro do Universo, vivíamos a inquisição, a escravatura, as guerras mundiais.

Perceba quantos problemas, quantas dores e quanto sofrimento nós já superamos!

Se olharmos para a nossa história, perceberemos nitidamente que fomos tomando consciência de um espaço cada vez maior ao nosso redor.

Eu costumo dizer que fomos “saindo do nosso próprio umbigo”!

Estivemos fazendo sempre o movimento de olhar sempre um pouco mais além.

E esse movimento acontece tanto no individual quanto no coletivo.

Transição Planetária é um processo novo no planeta?


Transição Planetária é algo que estivemos fazendo em cada avanço.

Transição Planetária nada mais é que sairmos de uma fase, já velha, desnecessária, rançosa e muitas vezes sofrida, para entrarmos numa fase melhor, mais integrada com nossas capacidades disponíveis em cada momento, manifestando-nos num novo nível de consciência, conhecimento e aquisições.

Nós já vivenciamos diversas Transições Planetárias! E nada há de misterioso nisso.

A Transição Planetária acontece agora e também a todo momento!


Se olharmos a nossa volta, veremos que estamos prontos para um novo salto. Estamos em plena Transição Planetária! Nossa consciência está se ampliando mais uma vez, impulsionada pelos avanços científicos, pela globalização, pela necessidade de recuperar e preservar a natureza.

Estamos entendendo que precisamos nos unir em prol da coletividade e das gerações futuras, começamos a entender que estamos todos “num mesmo barco” – Somos Um.

A Humanidade percebe que precisa modificar-se em diversos segmentos da sociedade
Por um lado, estamos nos questionando. Estamos nos perguntando sobre nossas ações passadas. Estamos enxergando um pouco mais além, e com isso temos melhores condições de nos avaliarmos. Descobrimos que certas ações Humanas não trouxeram resultados positivos ao longo do caminho.

Nem tudo está como gostaríamos!


Estamos percebendo que precisamos realizar mudanças em alguns setores da Humanidade a fim de atingirmos outros níveis, rumo a mais um pouco de perfeição. E toda vez que questionamos a nossa maneira de ser ou estar no planeta, estamos buscando mudanças e nos preparando para elas.

E estamos “a todo vapor” nesse movimento. Governos, escolas, empresas, famílias, enfim, todos os nossos segmentos estão se questionando e buscando reformulações. Não queremos mais vivenciar situações que no passado nos levaram a sofrer.

No fundo nós sabemos que algo ainda não está em Perfeita Ordem. E quando não estamos satisfeitos, buscamos mudanças.

Estamos vivendo um momento maravilhoso!


As descobertas da ciência comprovam a espiritualidade, trazendo-nos mudanças de paradigmas. Estamos entendendo que ciência e espiritualidade caminham juntas, podemos todos falar a mesma linguagem.

Estamos integrando o conhecimento do oriente com o ocidente. As diferenças entre os Povos estão diminuindo e nossa comunicação está tão rápida que encurtamos consideravelmente as distâncias.

Com a Expansão da Consciência a Humanidade aprende a Amar


Estamos aprendendo a nos Amar mutuamente, pois agora sabemos que dor e sofrimento de um, refletem no Todo!

Guerras e disputas entre as Nações e Povos estão se dissolvendo, porque agora compreendemos que vidas Humanas devem estar acima dos interesses econômicos e políticos.

Ao expandirmos a consciência não aceitamos mais certas situações e sabemos que podemos transformá-las. Ainda estamos aprendendo e a nossa atenção está em descobrir como podemos ser diferentes!

Sabemos que precisamos nos unir a fim de resolvermos nossos problemas planetários e já percebemos que só através do Amor poderemos realizar essa União.
Estamos olhando com mais Compaixão para todas as Nações e todos os Povos, nos envolvemos em causas planetárias, mesmo que distantes de nós.

Estamos rumando para integração planetária.

Uma integração que expande não só a consciência e como também o Amor.

É isso que estamos fazendo agora!

Mais uma vez, mais uma Transição!

A Humanidade fazendo sua História!

As mudanças que fazemos hoje estarão nos livros de história.

E o conteúdo poderá ser:

“No início do século XXI, a Humanidade redescobriu seu lugar no Universo e aprendeu a Amar”!


Tania Resende
Fonte: Manancial de Luz

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Aprendendo a Volitar



Levitação é o ato de levantar um corpo pelo simples poder da vontade; talvez possamos encontrar alguém que, por si mesmo, num fenômeno anímico, se eleve no espaço; mas, geralmente, a levitação é um fenômeno de efeito físico, produzido por Espíritos com a utilização do ectoplasma de um médium.

Volitação é a faculdade própria que permite ao espírito transportar-se, via aérea, de um lado para outro, pelo poder da vontade, sem o auxílio de qualquer veículo. É o próprio espírito, encarnado ou não, movimentando seu perispírito. 

Não encontraremos os termos levitação ou volitação em O Livro dos Espíritos nem em O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec.

Mas, sobre a levitação, poderemos consultar na Revista Espírita, de fevereiro de 1858, o artigo "O Isolamento dos Corpos Pesados", em que se relata o fato de uma mesa de cem quilos "librando-se no espaço sem nenhum apoio"; e nos meses de março e abril, do mesmo ano, sob o título Home, temos a explicação do modus operandi dos Espíritos para produzirem fenômenos assim; e, ainda, no mês de fevereiro de 1861, o artigo denominado "O Sr. Squire", sobre médium que produzia fenômenos similares ao de Home.

Quanto à volitação dos Espíritos, mesmo os inferiores, temos o capítulo 17 do livro de André Luiz, No Mundo Maior, psicografado por Francisco C. Xavier.

Recordadas estas noções, entremos na narrativa do que me ocorreu, certa vez, estando em desdobramento pelo sono, na condição, portanto, de espírito momentaneamente liberto do corpo físico, conquanto ainda ligado a ele por cordões fluídicos. Foi um sonho espírita, uma experiência vivida no campo espiritual, de que consegui guardar a recordação, por se tratar de um fato importante para mim.

Vi-me em residência modesta, inteiramente tomada por um grupo de pessoas em alegria comedida, parecendo uma dessas nossas festas familiares, como aqui na Terra.

Em dado momento, dois jovens se aproximaram de mim, me ladearam, e nos dirigimos os três para fora da casa. Ali, eles me apoiaram pelos cotovelos e levitamos, alçamos voo.

Eu já me sentira flutuar no espaço, outras vezes, mas em decúbito dorsal e seguida ou perseguida por pessoas que não volitavam e, estendendo suas mãos, tentavam me alcançar, sem no entanto o conseguirem nunca.

Agora, porém, amparada por aqueles dois amigos espirituais eu volitava em posição vertical, como normalmente caminhamos pelas ruas.

A certo omento, os meus amparadores me liberaram e eu me senti capaz de continuar volitando por mim mesma, o que me dava grande sensação de autonomia e bem-estar.

Assim que me vi liberada, veio-me a vontade de me dirigir a um local, que certamente eu conhecia e queria visitar em primeiro lugar, nessa minha excursão pelo espaço.

E vi-me sobrevoando uma casa térrea, com um longo quintal em que estava plantado um milharal já sem viço, restando apenas espigas fanadas.

Ao lado do milharal, duas crianças brincavam: uma menina loira, que parecia ter cerca de oito anos, e um menino moreno, menor do que ela. Eles me viram e ficaram alegres, mas logo a menina correu para o interior da casa, a fim de avisar os moradores da minha chegada, sendo seguida pelo menino.

E eu, então, me preocupei: Como é que se desce? É a primeira vez que volito assim... Que devo fazer? Porém, a chegada ao solo e o reequilíbrio do corpo perispiritual foi relativamente fácil.

Depois, de nada mais recordo. Tudo se apagou para a minha memória.

Sim, sem dúvida, foi um sonho espírita, a lembrança de uma vivência espiritual, enquanto o corpo dormia. Mas que importância teria o episódio? Que entender de todo o acontecido?

Ficou evidente que precisei de ajuda espiritual para aprender a volitar com equilíbrio e autonomia, ajuda que os dois amigos do Além me prestaram, ensinando-me o que fazer, como agir.

A casa que me apressei em visitar era, certamente, residência de familiares ou amigos, encarnados aqui em nosso mundo, que, naquele momento, estariam em condições de convivência espiritual comigo, por se encontrarem também em desdobramento pelo sono.

As crianças, porém, penso que se tratava de Espíritos queridos, que ainda se encontravam no Além, desencarnados, mas que tinham relação conosco, faziam parte de nossa família espiritual, como no futuro se comprovou.

Isto porque, alguns anos passados depois deste "sonho", meu irmão enviuvou e voltou a morar conosco. Era pai de uma menina loira e de um menino moreno, que chegaram até nós, na condição de sobrinhos e completaram nosso grupo familiar. Atualmente, já estão adultos e casados, cada qual com a pessoa escolhida pelo seu coração.

---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Fonte: Therezinha de Oliveira. Coisas que Eu não Esqueci Porque me Ensinaram Muito. Págs. 91 - 95. Editora Allan Kardec.. 2010

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Flores de Saudade



Se pretendemos cultuar a memória de familiares queridos, transferidos para o Além, elejamos o local ideal: nossa casa.

Usemos muitas flores para enfeitar a Vida, no aconchego do lar; nunca para exaltar a morte, na frieza do cemitério.

Eles preferirão, invariavelmente, receber nossa mensagem de carinho, pelo correio da saudade, sem selagem fúnebre.

É bom sentir saudade. Significa que há amor em nossos corações, o sentimento supremo que empresta significado e objetivo à existência.

Quando amamos de verdade, com aquele afeto puro e despojado, que tem nas mães o exemplo maior, sentimo-nos fortes e resolutos, dispostos a enfrentar o Mundo.

E talvez Deus tenha inventado a ilusão da morte para que superemos a tendência milenar de aprisionar o amor em círculos fechados de egoísmo familiar, ensinando-nos a cultivá-lo em plenitude, no esforço da fraternidade, do trabalho em favor do semelhante, que nos conduz às realizações mais nobres.

Não permitamos, assim, que a saudade se converta em motivo de angústia e opressão. Usemos os filtros da confiança e da fé, dificultando-a com a compreensão de que as ligações afetivas não se encerram na sepultura. O Amor, essência da Vida, estende-se, indestrutível, às moradas do Infinito, ponte sublime que sustenta, indelével, a comunhão entre a Terra e o Céu...


Há, pois, dois motivos para não cultivarmos tristeza:

Sentimos saudade - não estamos mortos...
Nossos amados não estão mortos - sentem saudade ...


E se formos capazes de orar, contritos e serenos, nesses momentos de evocação, orvalhando as flores da saudade com a bênção da presença, sentiremos a presença deles entre nós, envolvendo suavemente nossos corações com cariciosos perfumes de alegria e paz.


por Richard Simonetti
livro: Quem tem medo da morte?

domingo, 19 de julho de 2015

A Doutrina Secreta


Qual a verdadeira doutrina do Cristo? Os seus princípios essenciais acham-se claramente enunciados no Evangelho. É a paternidade universal de Deus e a fraternidade dos homens, com as consequências morais que daí resultam; é a vida imortal a todos franqueada e que a cada um permite em si próprio realizar <<o reino de Deus>>, isto é, a perfeição, pelo desprendimento dos bens materiais, pelo perdão das injúrias e o amor ao próximo.

Para Jesus, numa só palavra, toda a religião, toda a filosofia consiste no amor:

"Amai os vossos inimigos; fazei o bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos perseguem e caluniam; para serdes filhos de vosso Pai que está nos céus, o qual faz erguer-se o seu sol sobre bons e maus, e faz chover sobre justos e injustos. Porque, se não amais senão os que vos amam, que recompensa deveis ter por isso?" (Mateus, V, 44 e segs.).

Desse amor o próprio Deus nos dá o exemplo, porque seus braços estão sempre abertos para o pecador:

"Assim, vosso Pai que está nos céus não quer que pereça um só desses pequeninos."

O sermão da montanha resume, em traços indeléveis, o ensino popular de Jesus. Nele é expressa a lei moral sob uma forma que jamais foi igualada.

Os homens aí aprendem que não há mais seguros meios de elevação que as virtudes humildes e escondidas.

"Bem-aventurados os pobres de espírito (isto é, os espíritos simples e retos), porque deles é o reino dos céus. - Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. - Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. - Bem-aventurados os que são misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. - Bem-aventurados os limpos de coração, porque esses verão a Deus." (Mateus, V, 1 a 12; Lucas, VI, 20 a 25.)

O que Jesus quer não é um culto faustoso, não é umas religiões sacerdotais, opulentas de cerimônias e práticas que sufocam o pensamento, não; é um culto simples e puro, todo de sentimento, consistindo na relação direta, sem intermediário, da consciência humana com Deus, que é seu Pai:

"É chegado o tempo em que os verdadeiros adoradores hão de adorar o Pai em espírito e verdade, porque tal quer, também, sejam os que o adorem. Deus é espírito, e em espírito e verdade é que devem adorar os que o adoram."

O ascetismo é coisa vã. Jesus limita-se a orar e a meditar, nos sítios solitários, nos templos naturais que têm por colunas as montanhas, por cúpula a abóbada dos céus, e de onde o pensamento mais livremente se eleva ao Criador.

Aos que imaginam salvar-se por meio do jejum e da abstinência, diz:

"Não é que entra pela boca o que macula o homem, mas o que por ela sai."

Aos rezadores de longas orações:

"Vosso Pai sabe do que careceis, antes de lho pedirdes."

Ele não exige senão a caridade, a bondade, a simplicidade: "Não julgueis e não sereis julgados. Perdoai e sereis perdoados. Sede misericordiosa como vosso Pai celeste é misericordioso. Dar é mais doce do que receber".

"Aquele que se humilha será exaltado; o que se exalta será humilhado".

"Que a tua mão esquerda ignore o que faz a direita, a fim de que tua esmola fique em segredo; e então teu Pai que vê no segredo, te retribuirá."

E tudo se resume nestas palavras de eloquente concisão:

"Amai o vosso próximo como a vós mesmos e sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito. Nisso se encerram toda a lei e os profetas."

Sob a suave e meiga palavra de Jesus, toda impregnada do sentimento da natureza, essa doutrina se reveste de um encanto irresistível, penetrante. Ela é saturada de terna solicitude pelos fracos e pelos deserdados. É a glorificação, a exaltação da pobreza e da simplicidade. Os bens materiais nos tornam escravos; agrilhoam o homem a Terra. A riqueza é um estorvo; impede os velos da alma e a retém longe do "reino de Deus". A renúncia, a humildade, desatam esses laços e facilitam a ascensão para a luz.

Por isso é que a doutrina evangélica permaneceu através dos séculos como a expressão máxima do espiritualismo, o supremo remédio aos males terrestres, a consolação das almas aflitas nesta travessia da vida, semeada de tantas lágrimas e angústias. É ainda ela que faz, a despeito dos elementos estranhos que lhe vieram misturar, toda a grandeza, todo o poder moral do Cristianismo.


 A doutrina secreta ia mais longe. Sob o véu das parábolas e das ficções, ocultava concepções profundas. No que se refere a essa imortalidade prometida a todos, definia-lhe as formas afirmando a sucessão das existências terrestres, nas quais a alma, reencarnada em novos corpos, sofreria as consequências de suas vidas anteriores e prepararia as condições do seu destino futuro. Ensinava a pluralidade dos mundos habitados, as alternações de vida de cada ser: no mundo terrestre, em que ele reaparece pelo nascimento, no mundo espiritual, a que regressa pela morte, colhendo em um e outro desses meios os frutos bons ou maus do seu passado. Ensinava a íntima ligação e a solidariedade desses dois mundos e, por conseguinte, a comunicação possível do homem com os espíritos dos mortos que povoam o espaço ilimitado.

Daí o amor ativo, não somente pelos que sofrem na esfera da existência terrestre, mas também pelas almas que em torno de nós vagueiam atormentadas por dolorosas recordações. Daí a dedicação que se devem as duas humanidades, visível e invisível, a lei de fraternidade na vida e na morte, e a celebração do que chamavam "os mistérios", a comunhão pelo pensamento e pelo coração com os que, Espíritos bons ou medíocres, inferiores ou elevados, compõem esse mundo invisível que nos rodeia, e sobre o qual se abrem esses dois pórticos por onde todos os seres alternativamente passam: o berço e o túmulo.

A lei da reencarnação acha-se indicada em muitas passagens do Evangelho e deve ser considerada sob dois aspectos diferentes: a volta à carne, para os Espíritos em via de aperfeiçoamento; a reencarnação dos Espíritos enviados em missão a Terra.

Em sua conversação com Nicodemos, Jesus assim se exprime:

"Em verdade te digo que, se alguém não renascer de novo, não poderá ver o reino de Deus." Objeta-lhe Nicodemos: "Como pode um homem nascer, sendo já velho?" Jesus responde: Em verdade te digo que, se um homem não renasce da água e do espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do espírito é espírito. Não te maravilhes de te dizer: importa-vos nascer outra vez. O vento sopra onde quer e tu ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem nem para onde vai. Assim é todo aquele que é nascido do espírito." (João, III, 3 a 8)

Jesus acrescenta estas palavras significativas: "Tu és mestre em Israel e não sabes estas coisas?"

O que demonstra que não se tratava do batismo, que era conhecido pelos judeus e por Nicodemos, mas precisamente da reencarnação já ensinada no "Zohar", livro sagrado dos hebreus(13).

Esse vento, ou esse espírito que sopra onde lhe apraz, é a alma que escolhe novo corpo, nova morada, sem que os homens saibam de onde vem, nem para onde vai. É a única explicação satisfatória.

Na Cabala hebraica, a água era a matéria primordial, o elemento frutificado. Quanto à expressão Espírito Santo, que se acha no texto e que o torna incompreensível, é preciso notar que a palavra santo nele não se encontra em sua origem e que foi aí introduzido muito tempo depois, como se deu em vários outros casos(14). É preciso, por conseguinte, ler: renascer da matéria e do espírito.

Noutra ocasião, a propósito de um cego de nascença, encontrado de passagem, os discípulos perguntam a Jesus:

"Mestre, quem foi que pecou? Foi este homem, ou seu pai, ou sua mãe, para que ele tenha nascido cego?" (João, IX, 1 e 2).

A pergunta indica, antes de tudo, que os discípulos atribuíam a enfermidade do cego a uma expiação. Em seu pensamento, a falta precedera a punição; tinha sido a sua causa primordial. É a lei da consequência dos atos, fixando as condições do destino. Trata-se aí de um cego de nascença; a falta não se pode explicar senão por um existência anterior.

Daí essa ideia da penitência, que reaparece a cada momento nas Escrituras: Fazei penitência ", dizem elas constantemente, isto é, praticai a reparação, que é o fim da vossa nova existência; retificai vosso passado, espiritualizai-vos, porque não saireis do domínio terrestre, do círculo das provações, senão depois de" haverdes pagado até o último ceitil." (Mateus, V, 26)".

Em vão têm procurado os teólogos explicar douto modo, que não pela reencarnação, essa passagem do Evangelho. Chegaram a raciocínios, pelo menos, estranhos. Assim foi que o sínodo de Amsterdã não pôde sair-se da dificuldade senão com esta declaração: "o cego de nascença havia pecado no seio de sua mãe" (15).

Era também opinião corrente, nessa época, que Espíritos eminentes vinham, em novas encarnações, continuar, concluir missões interrompidas pela morte. Elias, por exemplo, voltara a Terra na pessoa de João Batista. Jesus o afirma nestes termos, dirigindo-se à multidão:

"Que saíste a ver? Um profeta? Sim, eu vo-lo declaro, e mais que um profeta. E, se o quereis compreender, ele é o próprio Elias que devia vir. - O que tem ouvidos para ouvir, ouça. (Mateus, XI, 9, 14 e 15)

Mais tarde, depois da decapitação de João Batista, ele o repete aos discípulos:

"E seus discípulos o interrogam, dizendo: Porque, pois, dizem os escribas que importa vir primeiramente Elias? - Ele, respondendo, lhes disse":

"Elias, certamente, devia vir e restabelecer todas as coisas. Mas eu vo-lo digo: Elias já veio e eles não o conheceram, antes lhe fizeram qunto quiseram. - Então, conheceram seus discípulos que de João Batista é que ele lhes falara." (Mateus, XVII, 10, 11, 12 e 15).

Assim, para Jesus, como para os discípulos, Elias e João Batista eram a mesma e única individualidade. Ora, tendo essa individualidade revestido sucessivamente dois corpos, semelhante fato não se pode explicar senão pela lei da reencarnação.

Numa circunstância memorável, Jesus pergunta a seus discípulos: Que dizem do filho do homem.

E eles lhe respondem:

"Uns dizem: é João Batista; outros, Elias; outros, Jeremias ou um dos profetas." (Mateus, XVI, 13, 14; Marcos, VIII, 28)

Jesus não protesta contra essa opinião como doutrina, do mesmo modo que não protestara no caso do cego de nascença. Ao demais, a ideia da pluralidade das vidas, dos sucessivos graus a percorrer para se elevar à perfeição, não se acha implicitamente contida nestas palavras memoráveis: "Sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito"? Como poderia a alma humana alcançar esse estado de perfeição em uma única existência?

De novo encontramos a doutrina secreta, dissimulada sob véus mais ou menos transparentes, nas obras dos apóstolos e dos padres da Igreja dos primeiros séculos. Não podiam estes dela falar abertamente. Daí as obscuridades da sua linguagem.

Aos primeiros fiéis escrevia Barnabé:

Tanto quanto pude, acredito ter-me explicado com simplicidade e nada haver omitido do que pode contribuir para vossa instrução e salvação, no que se refere às coisas presentes, porque, se vos escrevesse relativamente às coisas futuras, não compreenderíeis, porque elas se acham expostas em parábolas." (Epístola católica de São Barnabé, XVII, 1, 5)".

Em observância a esta regra é que um discípulo de São Paulo, Hermas, descreve a lei das reencarnações sob a figura de "pedras brancas, quadradas e lapidadas", tiradas da água para servirem na construção de um edifício espiritual. (Livro do Pastor, III, XVI, 3, 5).

"Porque foram essas pedras tiradas de um lugar profundo e em seguida empregadas na estrutura dessa torre, pois que já estavam animadas pelo espírito? - Era necessário, diz-me o senhor, que, antes de serem admitidas no edifício, fossem trabalhadas por meio da água. Não poderiam entrar no reino de Deus por outro modo que não fosse despojando-se da imperfeição da sua primeira vida."

Evidentemente essas pedras são as almas dos homens; as águas (16) são as regiões obscuras, inferiores, as vidas materiais, vidas de dor e provação, durante as quais as almas são lapidadas, polidas, lentamente preparadas, a fim de tomarem lugar um dia no edifício da vida superior, da vida celeste. Há nisso um símbolo perfeito da reencarnação, cuja ideia era ainda admitida no século III e divulgada entre os cristãos.

Dentre os padres da Igreja, Orígenes é um dos que mais eloquentemente se pronunciaram a favor da pluralidade das existências. Respeitável a sua autoridade. São Jerônimo o considera, "depois dos apóstolos, o grande mestre da Igreja, verdade, diz ele, que só a ignorância poderia negar". S. Jerônimo vota tal admiração a Orígenes que assumiria, escreve, todas as calúnias de que ele foi alvo, uma vez que, por esse preço, ele, Jerônimo, pudesse ter a sua profunda ciência das Escrituras.

Em seu livro célebre, "Dos Princípios", Orígenes desenvolve os mais vigorosos argumentos que mostram, na preexistência e sobrevivência das almas noutros corpos, em uma palavra, na sucessão das vidas, o corretivo necessário à aparente desigualdade das condições humanas, uma compensação ao mal físico, como ao sofrimento moral que parece reinarem no mundo, se não se admite mais que uma única existência terrestre para cada alma. Orígenes erra, todavia, num ponto. É quando supõe que a união do espírito ao corpo é sempre uma punição. Ele perde de vista a necessidade da educação das almas e a laboriosa realização do progresso.

Errônea opinião se introduziu em muitos centros, a respeito das doutrinas de Orígenes, em geral, e da pluralidade das existências em particular, que pretendem ter sido condenadas, primeiro pelo concílio de Calcedônia, e mais tarde pelo quinto concílio de Constantinopla. Ora, se remontamos as fontes (17), reconhecemos que esses concílios repeliram, não a crença na pluralidade das existências, mas simplesmente a preexistência da alma, tal como a ensinava Orígenes, sob esta feição particular: que os homens eram anjos decaídos e que o ponto de partida tinha sido para todos a natureza Angélica".

Na realidade, a questão da pluralidade das existências da alma jamais foi resolvida pelos concílios. Permaneceu aberta às resoluções da Igreja no futuro, e é esse um ponto que se faz preciso estabelecer.

Como a lei dos renascimentos, a pluralidade dos mundos acha-se indicada no Evangelho, em forma de parábola:

"Há muitas moradas na casa de meu Pai. Eu vou a preparar-vos o lugar, e, depois que tiver ido e vos tiver preparado o lugar, voltarei e vos levarei comigo, a fim de que onde eu estiver, vós estejais também." (João, XIV, 2 e 3)

A casa do Pai é o infinito céu; as moradas prometidas são os mundos que percorrem o espaço, esferas de luz ao pé das quais a nossa pobre Terra não é mais que mesquinho e obscuro planeta. É para esses mundos que Jesus guiará as almas que se ligarem a ele e à sua doutrina, mundos que lhe são familiares e onde nos saberá preparar um lugar, conforme os nossos méritos.

Orígenes comenta essas palavras em termos positivos: 

"O Senhor faz alusão às diferentes estações que devem as almas ocupar, depois que se houverem despojado dos seus corpos atuais e se tiverem revestido de outros novos."

 _______________________________________
do livro Cristianismo e Espiritismo, por Léon Denis

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Candeias na noite escura


Venho dum tempo em que doces babás, culturalmente despreparadas, mas espiritualmente graduadas nas divinas universidades do amor fraterno, nos contavam histórias - ainda eram histórias e não estórias - singelas, nas quais o bem recebia sempre o seu prêmio e o mal o seu castigo. Em muitas dessas histórias, os heróis anônimos se perdiam pelos caminhos e a noite chegava cheia de terrores, mas tudo acabava bem quando, a distância, o viajante perdido descobria na escuridão um tímido ponto de luz em torno do qual viviam aqueles que o socorreriam.

Buscamos todos a luz. Mais que uma realidade energética no campo da Física, a luz é o símbolo multimilenar do desenvolvimento espiritual. Dela dependemos para ver o mundo que nos cerca e o caminho em que pisamos. Em espírito, buscamos as vibrações superiores do amor - esse grande gerador de luzes fascinantes. E, à medida que a luz se realiza em nós, desaparecem as sombras que nos envolvem e se iluminam não apenas as nossas veredas, mas também os caminhos dos que seguem ao nosso lado. Ainda que o desejássemos, não poderíamos guardá-la somente para nós, egoisticamente ela se irradia por onde andamos e alcança os outros. Tudo no Universo é solidário, porque vivemos e nos movemos em Deus, como dizia Paulo.

"Ninguém acende a luz e a coloca debaixo do alqueire",¹ ensinava o Mestre. Quanta sabedoria profunda e intemporal nos seus mais singelos pronunciamentos! Que maravilhoso poder de comunicação na sua capacidade de traduzir em imagens tão nítidas o pensamento mais transcendental...

Vejo ainda, com os olhos da saudade, a lamparina humilde da fazenda, colocada no lugar mais alto para que todos a vissem e nunca debaixo do alqueire. Pelas paredes dançavam sombras grotescas, mas nenhuma das sombras chegava perto da luz.

Lembro isso agora, ao verificar que, mesmo a nossa luzinha humílima de principiantes, quanta gente atrai! São os que vêm buscar consolo, principalmente. Os que "perderam" entes queridos, os que sofrem provações incompreensíveis, os que se consomem no remorso. Mas vêm também os que, sem grandes dores, desejam compreender melhor a vida; que não têm remorsos, mas estão vazios de esperança. Quase todos, senão todos, atrasaram-se pelos caminhos e a noite chegou e se fechou sobre eles. De repente encontram aqueles que, sem muito brilho, dispõem, no entanto, de uma candeia modesta. São estes os que se iniciaram nas primeiras tarefas do amor, são os que, tendo ainda tão pouco, possuem já o suficiente para dar, têm em si bastante amor para distribuir em nome do Cristo.

É certo que neste crespúsculo dos tempos muitos continuarão extraviados por largo espaço e, infelizmente, não está em nosso poder sacudi-los de sua inconsciência, mas estamos igualmente certos de que não ficarão abandonados à própria sorte, porque Deus vela por todos nós indistintamente. Também a chuva e o sol caem sobre o justo e o pecador, sobre a boa semente e a outra. Que orem por eles os que aprenderam a conversar com Deus, mas aqueles que disponham de uma pequena chama espiritual, ainda que humilde, que cuidem de colocar a candeia sobre o alqueire e não debaixo dele. Não para exibir conhecimentos e alardear virtudes que ainda não temos, mas quem sabe se lá ao longe, na escuridão da noite que nos envolve, algum irmão extraviado não vai enxergar a luzinha e chegar-se exausto e faminto, pedindo pousada, ajuda e carinho. Isso mesmo, daremos na medida das nossas forças e limitações, porque é bom repartir o pouco que temos, "para que a felicidade se multiplique entre nós", como diz Agar na sua linda prece. A felicidade aumenta quando repartida, ao passo que a dor partilhada diminui. Vamos, pois, distribuir a nossa alegria consciente de viver em Deus. Nós sabemos o que somos - Espíritos imortais, temporariamente encarcerados num corpo físico. Sabemos de onde viemos - de um longo rosário de vidas que aprofundam suas raízes na escuridão de remotas idades. Sabemos para onde vamos - para os mundos cada vez mais perfeitos que luzem adiante de nós, nas muitas moradas do nosso Pai.

A mensagem que temos a transmitir é, pois, extremamente simples e fácil de entender. Para muitos é ainda difícil aceitá-la, porque se habituaram demais à opressiva aridez da descrença; lembremo-nos, entretanto, daqueles mais desgraçados para os quais não é apenas difícil aceitar a realidade do espírito, mas é ainda impossível.

Que brilhe, então, a nossa luz humilde, alimentada pelo combustível do conhecimento e da caridade que começa a arder em nós. A hora é de dores, muitas e grandes; de desorientação e desespero; de ódios e crueldades. Hora de ajustes aflitivos e desenganos dolorosos. Mas é também uma hora de revelações maravilhosas, de descobertas memoráveis, de conquistas deslumbrante4s, de oportunidades raras se, com muito amor e humildade, procurarmos em nosso próprio território íntimo o rastro luminoso que o Mestre de todos nós deixou em nós. Há séculos que ouvimos a sua palavra, repetida insistentemente. Há séculos que muitos de nós a pregamos à nossa maneira, obscurecida pelas paixões e incompreensões que nos toldam a visão. É chegado o tempo de fazê-la florescer e frutificar. É, assim, muito bela a tarefa que temos diante de nós, os que começamos a soletrar o bê-á-bá do conhecimento espiritual: incumbe-nos a responsabilidade e a alegria de transmiti-lo, proclamando aos quatro cantos da Terra que somos Espíritos sobreviventes a caminho de Deus. E que, por estranho que pareça, Deus está também em nós. "Vós sois deuses!", dizia Jesus. Que brilhe a nossa candeiazinha humilde que não ilumina mais que uns poucos palmos à volta. Há irmãos tão desesperados que anseiam até mesmo por essas migalhas de luz.

Um dia seremos um clarão de amor fraterno, tal como nos quer o Príncipe da Paz.


por Hermínio Corrêa de Miranda
(sob o pseudônimo de João Marcus)

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Serenidade - Ave Luz


Um barco deslizava, ao cair da tarde, nas águas do Lago de Genesaré. Dentro dele, via-se, além do mestiço musculoso que se servia de duas pás à feição de remos, um homem de pequena estatura, envolto em profunda meditação, sem perceber a participação da natureza que tanto admirava, devido ao seu estado de emotividade espiritual naquele momento.

Tal estado o levava a difíceis reajustes nos conceitos que esposara com a vivência de muitos anos como imediato dos rabinos da Galiléia e muita convivência com os de Jerusalém. Várias vezes ministrara ensinamentos nas sinagogas, inspirado nos escritos de Moisés, o chefe espiritual dos judeus.


Tiago (Tiago menor) queria e deveria ser, mais tarde, um dos sacerdotes. No entanto, o destino lhe reservara outro apostolado mais propício, pois a vida nem sempre nos atende nas linhas das nossas aspirações, por não sabermos com exata medida o que mais nos convém.


Tiago se debatia nas suas conversações mais amplas com os profitentes da fé que esposara desde o berço. Pela sinceridade, pela confiança nos postulados que abraçara em nome do Pai Celestial, a fidelidade era o seu maior empenho dentro da comunidade espiritual. E enquanto os remos agitavam o barco em direção à praia, o filho de José estava, de um certo modo, agitado.

No seu coração, o raciocínio o levava ao tribunal da consciência, acusando-o de traição à religião que o vira nascer. Não obstante, os sentimentos avançavam no meio do tumulto, dizendo que Jesus era o Cristo que havia de vir e as deduções se debatiam no topo do seu volumoso crânio. Não fora Moisés, o maior profeta de todos os tempos, que anunciara também a vinda do Messias?

O homem de Deus tornava-se dois dentro daquela humilde embarcação, dividido pela angustiosa dúvida. De qualquer forma, ia em direção à reunião memorável daquela noite. Sua atração por Jesus era de confundir todos os raciocínios. Perdeu, naquele instante, toda a serenidade que acreditava ter. Pelo menos, escapou-lhe todo o domínio emocional que a sua posição exigia, tornando-o um homem comum como não pretendia ser.

Desce do barco quase sem perceber. Seus pés se afundam no tapete arenoso, deixando as marcas das sandálias simples que lhe serviam para as grandes caminhadas, sem esquecer o cajado que marcava a sua posição espiritual no reino do entendimento dos antigos pergaminhos.

Tiago apressa o passo pela disciplina que a auto-educação lhe conferiu, querendo ser o primeiro a chegar como participante da assembléia. Destarte, não percebeu, no lusco-fusco, um personagem esguio e sorridente, a contemplar o lago majestoso que refletia os primeiros clarões da lua. A mão de João toca seu ombro de leve, saudando-o com benevolência: A paz seja contigo, Tiago!

Assusta-se, porém, sem desequilíbrio e, reconhecendo o companheiro, responde: Que Deus te ilumine, meu irmão! Quais os ventos que te trouxeram aqui, João? Este, ainda sorrindo, adianta:

É a ânsia pela natureza, pois nela vejo e sinto o Criador com mais eficiência. Queria, antes de encontrarmos o Divino Mestre, preparar as minhas emoções para melhor interpretar a sua grandiosa fala, e escolhi esse ambiente que tanto me fascina. E, ainda mais, o Senhor me premiou com a tua figura. Sorriram juntos e, abraçados, sem palavras, agradecem a Deus.

Em poucos instantes, João e Tiago avistaram, adentrando o casarão, alguns discípulos e a figura majestosa do rabino incomparável da Galiléia. Em seguida, os dois companheiros de Jesus também se assentaram, pelo prazer de participar daquele convívio que ficaria inesquecível em seus corações.

Ambiente sereno, onde o respeito se transmutava em alegria e esperança. Tiago, no silêncio, pedia aos céus que lhe favorecessem a oportunidade de perguntar e que o diálogo lhe fosse favorável, sem que o acanhamento ou mesmo a ignorância abafasse o que lhe ia na alma. Sabia um pouco das leis, mas queria saber mais, tinha fome de um entendimento mais vasto acerca da vida e das forças que nos dirigem na existência.

O velho discípulo ostentava uma bagagem cultural apreciável. Conhecedor de várias línguas, dominava completamente o grego pois a filosofia e o espiritualismo em geral alcançaram, na Grécia, alta posição em relação ao resto do cenário do mundo.

Jesus, no toco de cedro, perpassa seus brilhantes olhos por toda a assembléia parando, de mansinho, nos inquietos olhos de Tiago, como dizendo: Fala, meu filho, fala! O que queres que eu ouça? E o antigo pregador das sinagogas descontrai seu coração, entendendo que chegara a vez de expor ao Mestre suas dúvidas acerca da brandura. Levanta-se com deferência, a locução um pouco trêmula:

Senhor, podes nos dizer alguma coisa sobre a Serenidade? As vezes ela se torna o clima do meu íntimo nas horas de afazeres espirituais e materiais. Todavia, em dado momento, é qual o peixe que seguramos nas mãos um tanto frouxas, escapulindo. Esse clima d’alma deve ser trabalhado somente por dentro ou o nosso orgulho não nos deixa receber as experiências dos outros? O que devo fazer para que a Serenidade faça parte de mim como meus olhos, meus pés, minhas mãos, minha cabeça, enfim, como todo o meu corpo?

A expectativa era geral! Jesus ouviu pacientemente a pergunta, deu um tempo para que todos se acalmassem e expôs, com interesse: Tiago, a Serenidade de que queres ser portador é tesouro dos anjos que receberam das mãos do tempo, pelos impulsos de milênios incontáveis, sob as bênçãos de Deus. Entretanto, esse tempo somente age quando abrimos nossos corações pela boa vontade onde esforço próprio nunca falta.

E os milênios são como o calor divino que somente amadurece e harmoniza o universo interior quando nos dispomos a respeitar e viver os princípios das leis que nos governam a todos. E as bênçãos de Deus são a execução da melodia celestial que se irradia pela vivência da Serenidade imperturbável.

Parou por momentos, para que todos respirassem, serenamente aliviados. Para Tiago, que já convivia com altos conceitos filosóficos, não foi difícil degustar o manjar dos céus, que se fundamentavam na evolução das almas, tema que, de leve, sentia nas suas mais profundas deduções. No entanto, precisava de algo mais que lhe acalmasse o mundo mental.

O Mestre torna a fitar Tiago e prossegue, com desembaraço: Tiago, a mansuetude imperturbável, no seio dos homens, parece-nos muito difícil, pela largueza de ignorância que ainda alimentam sob todos os aspectos da vida; mas não é impossível de ser adquirida. No perpassar dos anos e séculos, sem que a interrupção do bem se faça, ela passa a fazer parte do teu corpo físico e espiritual.

A lei te impõe uma condição: que cada dia coloques no teu alforje um grãozinho de areia de auto aprimoramento, de auto-educação, de amor sem descanso, de fé revestida de obras, para que, no amanhã da eternidade, possas sentir o nascimento, dentro e fora de ti, da serenidade imperturbável.

É importante, pois, que não te esqueças que, desde quando deres os primeiros passos com sinceridade e confiança, começarás a viver e a sentir a felicidade oriunda dos primeiros raios da eqüidade espiritual. A bondade de Deus é tão grande que mandou a mensagem da salvação quase ao vivo, para que possas sentir a sua paternidade e acreditar no amor que se estenderá de uns para com os outros.

O Divino Mestre cerra os lábios e parece meditar. Envolvendo seu imponente corpo, via-se como um manto de luz, do qual partiam fragmentos em todas as direções. Ao tocar nos corpos dos discípulos, fosforesciam, alojando-se em seus corações. O Cristo, tranqüilo e confiante, prossegue sem cansaço:

Tiago, uma árvore, para se manter de pé no solo que lhe dá a vida, estica suas raízes em todas as direções da terra, e os seus galhos obedecem ao mesmo esquema, no ar, para que, no centro, se avolume seu corpo ciclópico, com segurança.

Pois assim é a serenidade de que falas e sobre a qual estamos dialogando. Não pode ser fruto somente de dentro de cada alma, como não deve ser esforço somente de fora. O que te garante a brandura inalterável nos escaninhos do teu ser é o amor de Deus, que parte de dentro de nós em busca da sua manifestação para fora e que vem de fora para que se manifeste dentro das criaturas.

Enquanto somos tomados pela insegurança, é qual a árvore mirrada que não pode demonstrar seus frutos como valores por gratidão ao agricultor que a adubou durante o seu crescimento. Se intentas que cresça a árvore da serenidade em ti, começa cultivando-a sem cansaço, aduba os ideais elevados e trabalha pela paz, tua e dos outros. Sê benevolente com o próximo e não esqueças a caridade, onde passares. Serve sem interrogação e ama indistintamente.

A voz de Jesus serenou, em um ritmo de sinfonia. João e Tiago, que entraram juntos no casarão, saíram em conversação interminável acerca da lição da noite, desenvolvida pelo Mestre. Os outros discípulos, empolgados de esperança, desenvolviam igualmente seus ideais para a pregação do Evangelho. E, como por encanto, não viram mais, naquela noite, o Cristo.

Ninguém comentou o fato, por já ser costume o Senhor se tornar invisível. Uma multidão incalculável tornava difícil a saída com naturalidade. As estrelas festejavam a madrugada como olhos de luz presenciando os fatos terrenos. Tiago, renovado nos conceitos da serenidade como fruto da evolução, ergue as vistas para os astros e agradece a Deus pela oportunidade de aprender com Jesus.

Compilado do livro: Ave Luz
Autor: Shaolin (espirito) e João Nunes Maia
Fonte: Harmonia Espiritual