Eternidade

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quarta-feira, 4 de março de 2015

SUSPEITA



Suspeita é a "crença desfavorável, acompanhada de desconfiança", referente a alguma coisa ou a alguém. Mau juízo decorrente de ideia vaga, sem apoio legítimo, que, no entanto, se transforma em urze calamitosa, espraiando-se no campo mental e culminando por asfixiar os nobres ideais em que se devem sustentar as aspirações humanas. De maleável contextura, a suspeita, semelhante ao miasma sutil, se adensa e se avoluma, logrando vencer quem a cultiva. Normalmente reflete o estado espiritual daquele que a agasalha.

A consciência reta não lhe dá guarida; enquanto o sentimento atormentado padece-lhe  a constrição, o estigma. Necessário cercear-lhe o avanço, porquanto, de fácil aceitação corrói as melhores estruturas, conseguindo exteriorizar-se em maledicência vinagrosa, que numa frase decepa uma existência digna e, num sorriso de mofa, ceifa as mais elevadas expressões de jovialidade e de progresso.

A suspeita é a genitora do ciúme, que dela se nutre, passando de simples ideia leviana a obsessão tormentosa, geradora de alucinação e impulsionadora de crimes. Ninguém está imune a suspeita do próximo. Cada um vê uma paisagem conforme a cor das lentes que tem sobre os olhos. Assim, muitos fatos parecem o que melhor convém aos espectadores ou às suas personagens.

Coarctado pela insidiosa suspeita dos levianos e maliciosos, não sintonizes os teus com os seus pensamentos enfermos. Insiste na perseverança das realizações a que te vinculas, sem permitir-te diminuir a intensidade que lhe conferes. Muitas vezes o que parece ser, verdadeiramente tem outra significação, que não pode ser apreendida de relance. Mesmo em acurada observação, fatos e coisas se expressam mais de acordo com o observador do que com a sua própria estrutura. Abre, assim, o espírito à tranquilidade e não estaciones nos degraus da mágoa que a suspeita dos outros coloca à tua frente, nem te facultes a leviandade de suspeitar de ninguém. Quem erra, faz-se escravo do gravame que comete. O culpado, embora se disfarce, conhece a face do engano ou do crime perpetrado.

Ninguém se evade da província da consciência culpada, antes de conseguir o ônus da auto-recuperação. Não poucas vezes, no Colégio Galileu, quando medravam suspeitas e maledicências, o Mestre Irrepreensível conclamou ao amor integral e à confiança ilimitada. Por essa razão, toda a mensagem da Boa Nova está estruturada no perdão e na humildade, com que o cristão deve pavimentar o caminho da sua ascensão espiritual.

E apesar de seguir sob a perniciosa suspeita de quase todos que O cercavam, Jesus permaneceu integérrimo, edificando o Reino de Deus, até mesmo quando traído e crucificado, atestando do alto da Cruz ser o símbolo perene da suprema vitória do Espírito ilibado, como estímulo para os caminhantes da retaguarda, que somos todos nós. Guarda-te, portanto, na paz, sem suspeitar de ninguém.



por Joanna de Ângelis e Divaldo P. Franco
livro: Celeiro de Bênçãos

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