Eternidade

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sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Os parentes na espiritualidade



31/03/1869. Desencarnava Allan Kardec. Quem o teria recebido no mundo espiritual?


No capítulo IX do livro Roteiro, lançado em 1952, Emmanuel informou a Chico Xavier que a população espiritual do planeta era de mais de vinte bilhões de almas conscientes desencarnadas, sem considerar as bilhões de inteligências sub-humanas que são aproveitadas nos múltiplos serviços de progresso planetário, cercando o domicílio terrestre e demorando-se em outras faixas de evolução. Seriam os elementais, que produzem, sob o comando Superior, as alterações da natureza. Kardec cita-os no primeiro O Livro dos Espíritos, nas questões 64 a 66.

Atualmente, a Terra tem mais de 7,2 bilhões de habitantes. Restariam ainda cerca de 15 bilhões de Espíritos disponíveis para reencarnar. Quanto mais organizada é a vida no planeta, e preparadas as condições de habitabilidade, maior número de Espíritos encarnará aqui.

Em mundos de provas e expiações como o nosso, a encarnação de Espíritos se dá sempre pelo acasalamento de dois encarnados, indispensáveis à criação do novo corpo que servirá de morada para o Espírito que volta. Portanto, é por laços da consanguinidade que se formam as famílias do mundo. Segundo relato dos Espíritos, tudo organizado com cuidadosa programação, considerando-se comprometimentos anteriores e resgates que o reencarnacionista já tenha condições de suportar.

Por esse processo, uns são pais, outros mães, filhos, esposas ou maridos, entre outros parentes. O leigo duvida que a reencarnação seja realidade. Chega a perguntar com que esposa ficará na erraticidade um Espírito que tenha sido homem por várias vidas tendo se casado em muitas delas. Não entende que o parentesco é somente da Terra porque os Espíritos se preparam para voltar como parentes diferentes. A filha que hoje amamos pode ser a reencarnação da nossa avó, da nossa mãe ou da esposa da vida passada. Ou mesmo de um que foi homem quando anteriormente encarnado. Por isso é que é comum os parentes desta vida serem Espíritos que se comprometeram em situações anteriores, como familiares ou não, como inimigos ou não, ex-cônjuges, inclusive, para acerto de velhas pendências.

Conclui-se que é otimismo exagerado supor-se que ao chegar ao mundo dos Espíritos tudo vai ser como aqui, de maneira mais feliz e que o reencontro com os parentes que viveram na Terra é imediato e inevitável. Basta ter endereço, usar um GPS e chegar ao domicílio que procuramos. Dos mais de sete bilhões que existem hoje no mundo, conhecemos não mais que duzentas ou trezentas pessoas. Os que já voltaram à espiritualidade, dependendo da evolução, ocupam planos superiores ou inferiores ao que iremos. E não ficam ociosos esperando-nos chegar, porque têm ocupações. Antes de ser parentes, somos individualidades com necessidades próprias. André Luiz, segundo relatado no livro Nosso Lar, teve breve contato com sua mãe porque ela estava em lugar mais adiantado do que o que ele ocupou e tinha tarefas a cumprir.

Os filhos costumam confiar na proteção da mãe, sempre portadora de muito amor, mesmo depois que elas desencarnam. Pedem para que elas os protejam, esquecendo que elas fizeram isso a vida inteira e eles, muitas vezes, além de não agradecer, as trataram mal. Ao morrer, imaginamos que nossa mãe e nosso pai venham nos receber. Mas e se eles estiverem no umbral ou nas trevas? Não é porque foram nossos pais que são elevados. E se estiverem em planos tão adiantados que não podemos ainda penetrar? E se eles já reencarnaram? As leis valem também para eles. Mais prudente contar com nossos próprios méritos pelo bem que fizemos a pessoas na Terra e que nos antecederam na viagem de volta.

O importante no convívio familiar da Terra é transformar a família sanguínea em família espiritual. E além destes, todos os que convivem conosco, independentemente do tipo de relação. É para isso que velhos inimigos vivem juntos como parentes para se harmonizarem e crescerem juntos. Só a parentela de sangue consegue isso. Obriga-nos a amar de forma diferente, mesmo quando somos ofendidos ou desrespeitados. Suportamos nos parentes as falhas de caráter e de moral que não aceitamos num estranho.

É por isso que a maternidade e a paternidade são consideradas missões das mais importantes (O Livro dos Espíritos, 582). Ao receber um velho Espírito no nosso lar, podemos transformá-lo num homem de bem ou num marginal. E colheremos conforme plantarmos. Mesmo que nossa tarefa de correção desse Espírito não tenha êxito, se esgotamos nossos recursos para melhorá-lo, a Lei divina premiará o nosso esforço, apesar do insucesso (O Livro dos Espíritos, 583).

Na questão 208 de O Livro dos Espíritos é ensinado que os Espíritos devem contribuir para o progresso uns dos outros. Portanto os Espíritos pais têm por missão aprimorar os Espíritos filhos, educando-os, e serão culpados se falharem na tarefa, por negligência.

No capítulo sobre a Infância (O Livro dos Espíritos, 379/385), os pais tem um seguro Manual de Instruções para a criação e educação dos filhos. O grande erro dos genitores é ter medo de traumatizar o filho, enganados pela aparente fragilidade da criança que é quase sempre um Espírito antigo e também astuto. Por vezes até mais experiente do que os pais. Não sabem dizer não, fazem todas as vontades e perdem a melhor fase para colocar aquele transviado no caminho reto.

Os filhos são nossos irmãos, que Deus nos confiou para que os eduquemos e devolvamos ao verdadeiro Pai, em melhores condições do que os recebemos. Mas desconhecendo essa verdade, impedimos que qualquer estranho ouse corrigi-lo. Em vez de agradecer pelo favor, vemos nessa atitude uma interferência. Pobres pais equivocados que estão estragando as famílias, cada vez mais. Estão contribuindo para piorar o mundo, porque dão os melhores presentes para seus herdeiros descuidando-se de presenteá-los com a boa educação e os princípios morais, formadores do bom caráter.

A parentela na Terra é provisória e se alterna constantemente. Portanto, uma dúzia de Espíritos pode fazer muitas experiências convivendo entre si como parentes de diferentes classes e cada vez mais comprometidos entre si. Logo, em dez encarnações não significa que um homem tenha dez esposas diferentes, necessariamente. Nem mesmo que ele nasça homem em dez oportunidades seguidas.

Sintetizando, na espiritualidade somos todos Espíritos irmãos, tão logo cessem as impressões e lembranças da vida na Terra. Lá somos parentes por afinidade espiritual e não pelo sangue. Lá formaremos a família verdadeira, caso a tenhamos preparado enquanto cumprimos mais uma encarnação.

Boa sorte para nós e fiquemos sempre atentos! A lei chama-se ação e reação!



autor: Octávio Caúmo Serrano
Fonte: Casa Editora O Clarim

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