Eternidade

Eternidade

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

MEDIUNIDADE - Diretrizes de Segurança



03. Existe mediunidade inconsciente?

Divaldo - Sem dúvida. Kardec classificava os médiuns, genericamente, em dois tipos: seguros e inseguros. Dentro dessa classificação, os seguros são aqueles que filtram com fidelidade a mensagem, aqueles que são automáticos, sonambúlicos, inconscientes portanto, por meio dos quais o fenômeno ocorre dentro de um clima de profundidade, sem que a consciência atual tome conhecimento.

Podem ser os médiuns conscientes, semiconscientes e inconscientes. Quanto às suas aptidões e qualidades morais, eles têm vasta classificação.


04. Tem o médium inconsciente responsabilidade pelo que ocorra durante as comunicações?

Divaldo - O fenômeno é sonambúlico, mas a comunicação está relacionada a conduta moral do médium. Este é sempre responsável pelas ocorrências, assim como em muitas obsessões, quando o indivíduo entra numa faixa de subjugação e perde a consciência, ele parece não ser responsável pelo que se passa; no entanto, o é por haver sintonizado com aquele espírito que o dominou temporariamente. Está no Evangelho de Jesus o assunto colocado de uma maneira brilhante pelo Mestre quando diz aos recém-liberados: "Vai e não tornes a pecar, para que te não aconteça o pior".¹ Porque o indivíduo que não se modifica permanece num faixa vibratória negativa e sintoniza com as entidades mais inditosas, portanto, semelhantes.

Colocando-nos no plano da mediunidade, a nossa vivência moral digna interdita o intercâmbio com as entidades frívolas.

As entidades malévolas dificilmente se adentram na Casa Espírita que tem um padrão vibratório nobre, porque as defesas impedem que tais espíritos rompam as barreiras magnéticas. Mas, a pessoa que se adentra sem o perseguidor deverá reformar-se enquanto está no ambiente espiritual. O que ocorre então? Tal indivíduo, ao invés de acompanhar o doutrinador, de observar e meditar a respeito das lições que lhe são ministradas, por uma viciação mental continua com os mesmos clichês que trouxe lá de fora, ficando dentro do Centro, porém ligado aos espíritos com os quais se afina, mantendo vinculação hipnótica, telepática.

Há pessoas que não conseguem orar, e, quando vão orar, ocorrem-lhes pensamentos de teor vibratório muito baixo. Na hora da prece são assistidas essas pessoas por lembranças de coisas desagradáveis, vulgares, sensuais, e não sabem compreender como isso lhes sucede. É resultado de hábito mental.

Se nós, a vida inteira, jogamos para o inconsciente ideias depressivas, vulgaridades, criamos ideoplastias perniciosas. A nossa memória anterior ou subconsciente fica encharcada daquelas fixações. Na hora em que vamos exercitar um pensamento ao qual não estamos habituados, é lógico que, primeiro, aflorem os que são frequentes, ilustraremos melhor.

Imaginemos aqui um vaso comunicnte em forma de letra "U". De repente vamos orar ou sintonizar com os espíritos nobres. Pelo superconsciente vem a ideia passa pelo consciente e desce ao inconsciente. Ao passar por ali recebe o enxerto das ideias arquivadas e chega novamente à razão, influenciada pela mescla do que está em depósito. Se pegamos um vaso que está com fuligem, com poeira e colocamos água limpa, ela entra cristalina, porém sai suja, até que, se perseverarmos e continuarmos colocando água limpa, ela irá assear aquele depósito e sairá, por fim, como entrou. É necessário, então, porfiar na ideia, insistir nos planos positivos, permanecer nos pensamentos superiores.

Somos sempre responsáveis por quaisquer comunicações, desde que somos o fator que atrai a entidade que se vai apresentar, graças às nossas vibrações e conduta intelecto-moral.


¹  - Jesus, Jó, capítulo 5º, versículo 14.


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Fonte: Diretrizes de Segurança, por Divaldo Franco e Raul Teixeira.

Luz do Dia!


Senhor, ajuda-me a perdoar...



Senhor, eu gostaria tanto de poder perdoar. Disponho-me a isso. Oro e tenho a impressão de que lavei meu coração de toda mágoa.

Contudo, basta que eu reveja quem me agrediu, caluniou, traiu e todo o sentimento retorna.

Isso está me fazendo muito mal, Senhor. Sinto um peso dentro de mim, um mal-estar e tenho a impressão de que perdi um tanto da capacidade de amar.

Em função do que padeci, tornei-me desconfiado. Quando um amigo me abraça, não me entrego em totalidade.  Fico pensando se ele está sendo sincero.

Se não estará, como outros, demonstrando uma afeição que não lhe habita a alma, somente por conveniência. Pior ainda, fico cogitando quando esse amigo me oferecerá o fruto amargo do abandono.

Isso é muito ruim, Senhor, eu sei. Contudo, tornei-me assim, depois de tantas ingratidões recebidas, em tantos afastamentos constatados, em tantas evasões de pessoas a quem entreguei o meu coração.

Recorro às páginas do Evangelho e as leio, entre a emoção e o desassossego. Pesquiso as vidas dos grandes seguidores da Tua mensagem e me indago:

Por que eles conseguiram perdoar? O que me falta para isso?

Na tela da memória, evoco a imagem do primeiro mártir do Cristianismo, Estêvão, apedrejado por amor à verdade que propagava.

Ainda agonizante, ao lado da irmã, que descobre noiva do seu verdugo, tem palavras de perdão. Não são palavras de quem, por estar morrendo, resolve doar o perdão.

São palavras de quem se mostra agradecido por reencontrar a irmã querida, depois de tantos anos de separação que lhes fora imposta.

São palavras de quem está feliz e poderá morrer tranquilo, não somente por ter sido fiel a Jesus até o fim, mas por saber que sua irmã estará bem amparada por aquele mesmo que a ele tirou a vida.

Cristo os abençoe... Não tenho no teu noivo um inimigo, tenho um irmão...

Saulo deve ser bom e generoso. Defendeu Moisés até ao fim... Quando conhecer a Jesus, servi-lO-á com o mesmo fervor...

Sê para ele a companheira amorosa e fiel...

Perdão incondicional. Ele poderia pensar em que poderia gozar da felicidade de tornar a conviver com a irmã, depois de tantos anos.

Voltar a estarem juntos, como dantes da tragédia que os separara. Mas, não.

Suas palavras não são de reprovação a quem o condenara ao apedrejamento. Nele somente há perdão.

Por tudo isso, Senhor, eu Te peço: Ajuda-me a perdoar. Ensina-me a perdoar. Promove em mim a mudança para melhor.

Não permitas que eu me perca pelas ruelas sombrias da mágoa, da tristeza e do desencanto.

Eu desejo voltar a acreditar nas pessoas, a crer na amizade sincera, na doação sem jaça.

Recordando o Teu exemplo extraordinário na cruz, preocupando-Te com aqueles que Te haviam infligido tanto sofrimento e morte, eu Te peço: Ajuda-me.

Tenho certeza de que, quando o perdão puder ser a tônica dos meus atos, eu voltarei a sorrir, a ter fé, a viver intensamente.

Ajuda-me, pois, Senhor Jesus, a perdoar. Porque, não somente desejo ser feliz, mas igualmente almejo ser, para os que comigo convivem, motivo de contentamento e de alegria.



Redação do Momento Espírita, com frases atribuídas a Estêvão, extraídas do cap. 8, pt. I, do livro Paulo e Estêvão, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.
Em 21.03.2011.


quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

A tentação de Jesus no Deserto - Severino Celestino









O EPISÓDIO DA TENTAÇÃO


Era costume entre os judeus que os homens santos buscassem os lugares ermos para meditar. Esses períodos de solidão marcados pelo contato mais íntimo com a Natureza e por frugal alimentação, quase um jejum permanente, ensejavam um despertamento de forças espirituais que faziam deles verdadeiros taumaturgos, dotados de grande força moral e notáveis poderes psíquicos.

Observando a tradição, logo após seu encontro com João, o Batista, às margens do rio Jordão, Jesus internou-se no deserto, onde permaneceu quarenta dias. Enfraquecido e faminto foi visitado pelo demônio, que lhe disse:

"Se és filho de Deus, ordena que estas pedras se tornem pães."

Jesus lhe respondeu: "Está escrito: "Não só de pão vive o Homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus."

O diabo o transportou a Jerusalém e colocando-o no pináculo do templo, disse-lhe:

"Se és filho de Deus, lança-te daqui abaixo, pois está escrito que ele ordenou a seus anjos tenham cuidado contigo e te sustentem nas mãos para não tropeçares em alguma pedra."

Jesus replicou: "Também está escrito: "Não tentarás o Senhor, teu Deus."

O diabo o transportou ainda a um monte muito alto, donde lhe mostrou todos os reinos do mundo com sua glória e lhe disse:

"Dar-te-ei tudo isso se, prosternando-te, me adorares."

Ordenou-lhe Jesus: "Afasta-te, Satanás, pois está escrito: "Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele servirás."


A narrativa evangélica termina com a informação de que o demônio retirou-se e vieram os Anjos para servir a Jesus.

Não obstante a singularidade do diálogo, com inteligentes citações do Velho Testamento encaixadas nas respostas de Jesus, devemos tomá-lo quando muito à conta de uma alegoria, porquanto a figura do demônio, como a personificação do Mal, a força imutável que se contrapõe aos interesses de deus, é mera ficção religiosa.

Segundo os teólogos medievais, os demônios foram anjos que pecaram antes da criação de Adão e tiveram por castigo o inferno. Ali, ao que parece, instalaram-se como soberanos do Mal, divertindo-se em torturar as criaturas humanas que se deixarem seduzir, na Terra, por suas sugestões malignas.

Embora, as afirmativas frequentes de figuras representativas da ortodoxia religiosa quanto à sua existência, o diabo é hoje encarado pela vasta maioria dos fiéis como mera figuração mitológica. Para os teólogos isto seria uma trama do próprio demônio - convencer os homens de sua inexistência a fim de mais facilmente envolve-los.

Todavia, deve-se essa descrença muito mais às fantasias com que cercam a figura do diabo ao longo dos séculos, chegando-se, inclusive, à elaboração de desenhos grotescos sobre sua aparência. Para a mentalidade racional do presente, tais ideias afiguram-se ridículas e infantis.

Revela a Doutrina Espírita a existência de Espíritos profundamente comprometidos com o vício e o crime, seres enfermos que, por estranho desvio, inspirado na rebeldia sistemática, se comprazem em perseguir e prejudicar os Homens. Longe estão, entretanto, de representarem um poder constituído, imutável em suas intenções, capaz de ameaçar a ordem universal, porquanto eles próprios estão regidos por Leis Divinas que trabalham incessantemente suas consciências, impelindo-os inexoravelmente à renovação.

O demônio, por isso, será todo filho de Deus transviado do Bem; mas, sua destinação final, irresistível, contrariando até mesmo a mais forte disposição em contrário é a angelitude. Longo e penoso caminho espera aqueles que tentam negar sua condição de filhos de Deus, marcado por milenárias lutas e sofrimentos, em expiações redentoras, e mais cedo ou mais tarde terão de trilhá-lo, porque esta é a vontade soberana do Criador, que jamais falha em seus propósitos.

Tão fantasiosa quanto a existência do diabo é a ideia de que teria tentado Jesus. Inteligente como o descrevem, saberia que ninguém pode ser impelido ao Mal senão pelo mal que guarda em seu próprio coração. Se é a oportunidade que faz o ladrão, como proclama o velho ditado, devemos considerar que somente o ladrão a enxerga, inspirado por velhas tendências ao roubo.

Se deixarmos um pacote de notas sobre uma mesa, em lugar público, muitas pessoas passarão por ali indiferentes ao dinheiro. Mas aquele que estime apropriar-se de bens alheios, logo pensará numa forma de aproximar-se sorrateiramente e levar as notas.

Partindo desse princípio, conclui-se que Jesus jamais poderia ser tentado por perspectivas de poder e riqueza. Espírito puro e perfeito Ele situava-se acima dos interesses e das paixões que empolgam a Humanidade.

Podemos, pois, considerar esta passagem evangélica como apócrifa, uma interpolação, algo que não aconteceu. Quando muito se trata de uma alegoria apresentada por Jesus e interpretada pelos evangelistas como episódio autêntico.

De qualquer forma, observada a mesma lei de afinidade que estabelece a ligação do homem mau com a oportunidade de praticá-lo, é sempre bom saber que se pretendemos a condição de discípulos de Jesus é preciso que cultivemos pureza e virtude. Caso contrário, nossa comunhão com Ele será tão impossível quanto o episódio da tentação.


por Richard Simonetti, obra: Em busca do Homem Novo.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Filho de Deus



Multiplicaram-se através dos tempos, variados conceitos a respeito de Deus. 

Por mais complexos, tornaram-se insuficientes para expressar toda grandeza do Criador. Somente Jesus logrou fazê-lo com perfeição, utilizando-se de uma linguagem simples, no entanto portadora de alta carga racional e emocional, chamando-O de Pai. 

O designativo excelente preenche todas as lacunas deixadas por outras definições e referências. Deus é o Pai Criador, o Genitor Divino, a Causa Incausada de todos os seres e de todas as coisas. 

Tu és filho de Deus, cujo amor inunda todo o universo e se encontra presente nas mais íntimas fibras de teu ser. Tens por fatalidade na vida: a plenitude! 

Lográ-la, de imediato ou mais tarde, dependerá do teu livre-arbítrio. Por isso, empenha-te no sentido de conseguir êxitos aos teus empreendimentos íntimos, mesmo que a custas de sacrifícios, recordando-te sempre que, em qualquer situação, Deus está contigo.   


Joanna de Angelis / Divaldo P. Franco

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

No clima da Oração



No clima da Oração


A oração nem sempre nos retira do sofrimento, mas sempre nos reveste de forças para suportá-lo.

Não nos afasta os problemas do cotidiano, entretanto, nos clareia o raciocínio, a fim de resolvê-los com segurança.

Não nos modifica as pessoas difíceis dos quadros de convivência, no entanto, nos ilumina os sentimentos, de modo a aceitá-los como são.

Nem sempre nos cura as enfermidades, contudo, em qualquer ocasião, nos fortalece para o tratamento preciso.

Não nos imuniza contra a tentação, mas nos multiplica as energias para que lhe evitemos a intromissão, sempre a desdobrar-se, através de influências obsessivas.

Não nos alivia da injúria e da perseguição, entretanto, se quisermos, ei-la que nos sugere o silêncio, dentro do qual deixaremos de ser instrumentos para a extensão do mal.

Não nos isenta da incompreensão alheia, porém, nos inclina à tolerância para que a sombra do desequilíbrio não nos atinja o coração.

Nem sempre nos evitará os obstáculos e as provações do caminho que nos experimentem por fora, mas sempre nos garantirá a tranquilidade, por dentro de nós, induzindo-nos a reconhecer que, em todos os acontecimentos da vida, Deus nos faz sempre o melhor.




pelo Espírito de Meimei,
psicografia de Francisco C. Xavier

sábado, 25 de janeiro de 2014

ORFEU E A IMORTALIDADE DA ALMA



Orfeu e a Imortalidade da Alma

Narram os mitólogos que Orfeu, o poeta trácio, ganhara de Apolo, o deus das artes, uma lira, transformando-a em cítara, alterando de sete para nove cordas em homenagem às nove musas; e porque fora abençoado por Calíope (a voz bela), a musa da eloquência, retórica e da poesia épica, ele cantava lindamente e, também encantava. Quando entoava seu canto era capaz de acalmar as feras mais terríveis, de amansar os homens mais tirãnicos e até as copas da árvores se reclinavam para ouvi-lo.

Todavia, Orfeu se apaixonou por Eurídice, uma bela ninfa e se casou com ela. Entretanto, um dia o apicultor Aristeu tentou violar a esposa do cantor da Trácia, ao fugir, Eurídice pisou numa serpente, que a picou, causando-lhe a morte. Inconformado com a morte da esposa, o grande vate resolveu descer às trevas do Hades, para traze-la de volta.

Orfeu, com sua cítara e sua voz divina, encantou de tal forma o mundo subterrâneo que as entidades que sofriam no tártaro tiveram momentos de alívio. Comovidos por tamanha prova de amor, Plutão (o deus dos infernos) e Prosérpina (sua mulher) concordaram em devolver-lhe a esposa. Impuseram-lhe, todavia, uma condição extremamente difícil: ele seguiria à frente e ela lhe acompanharia os passos, mas, enquanto caminhassem pelas trevas infernais, ouvisse o que ouvisse, pensasse o que pensasse, Orfeu não poderia olhar para trás, enquanto o casal não transpusesse os limites do império das sombras. O poeta aceitou a imposição e estava quase alcançando a luz quando uma terrível dúvida lhe assaltou o espírito: e se não estivesse atrás dele a sua amada? E se os deuses do Hades o tivessem enganado? Mordido pela impaciência, pela incerteza, pela saudade, pela "carência", o cantor olhou para trás, transgredindo a ordem dos soberanos das trevas. Ao voltar-se, viu Eurídice, que se esvaiu para sempre numa sombra, "morrendo pela segunda vez..."; ainda tentou regressar mas o barqueiro Caronte não mais permitiu.

De volta à superfície, Orfeu decide contar tudo quanto havia visto na região do Hades fundando uma escola teológica que haveria de influenciar Pitágoras, Sócrates e Platão.

A escola dos órficos pregava os seguintes princípios:

a) no homem se hospeda um princípio divino, um espírito (...);

b) esse espírito não apenas preexiste ao corpo, mas também não morre com o corpo, estando destinado a reencarnar-se em corpos sucessivos, através de uma série de renascimentos (...);

c) com seus ritos e suas práticas, a "vida órfica" é a única em condições de pôr fim ao ciclo das reencarnações, libertando, assim, a alma do corpo;

d) para quem se purificou (os iniciados nos mistérios órficos) há um prêmio no além (da mesma forma que há punição para os não iniciados).

Em algumas tabuinhas órficas encontradas nos sepulcros de seguidores dessa seita, entre outras, podem-se ler estas palavras, que resumem o núcleo central da doutrina: "Alegra-te, tu que sofreste a paixão: antes, não havias sofrido. De homem, nasceste deus!"¹


| Análise

Orfeu representa um canto sobre a imortalidade, sua tragédia simboliza a inconformação do ser em relação à morte e sua luta para compreender o porquê da vida.

Esse mito, evidencia e fundamenta a crença dos gregos na imortalidade da alma. Quando Eurídice é picada pela serpente, sua psiquê é levada para o Hades, onde continua viva na companhia dos outros "mortos". Orfeu, ao se dirigir para as regiões inferiores, comprova que aqueles que estão vivos, os encarnados, podem falar com os chamados "mortos", os desencarnados. Destarte, sob essa perspectiva, bradar de maneira dogmática que a alma é mortal, que a vida acaba com a morte do corpo biológico, sem se colocar à disposição para pesquisar e analisar seriamente as coisas, sem usar o logos (o raciocínio) proposto por Platão, sem voltar-se para si no "conheça-te a ti mesmo" é permanecer no orgulho e na desconfiança sem jamais ter certeza.

Todavia, mergulhando no mundo e nas tradições helênicas, "vendo" com o raciocínio, o que se constata é que para os habitantes das ilhas do Egeu a imortalidade da alma, bem como sua interferência na vida humana e o seu retorno ao corpo físico, faziam parte das tradições mais sagradas dos gregos.


| O Espiritismo

O Espiritismo, como Terceira Revelação, através de metodologia própria, na chamada ciência Espírita, comprova mediante fatos aquilo que os gregos cultivavam em suas tradições. Desdobra, explica e completa esses ensinamentos. Não, o Espiritismo nada copiou das tradições helênicas, mas como a verdade é sempre a verdade, a Doutrina Espírita vem, agora que a humanidade está mais desenvolvida, explicar de maneira metódica e racional aquilo que estava na conta de "mistérios", vem ainda, colocar ao alcance de todos o que era reservado somente para os iniciados.

Com efeito, podemos constatar que as ideias de Orfeu influenciaram Pitágoras, Sócrates e Platão e estes dois últimos são considerados por Allan Kardec como os precursores do Cristianismo e do próprio Espiritismo.

Destarte, a filosofia Espírita, com as cinco obras básicas que a constituem, nos abre as asas da razão e nos permite voar nos céus da eternidade, entoando, junto aos poetas e filósofos mais ilustres da antiguidade, o canto da Imortalidade da Alma!

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¹ Giovanni Reale, História da Filosofia Antiga, vol. I, p. 18 e 19.

Fonte: Revista FidelidadESPÍRITA

Luz do Dia...


sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

A arte de recomeçar



Se algum projeto que elaboraste redundou em fracasso, não te aborreças, nem o abandones por isso.

O aparente fracasso é a forma pela qual a Divindade te ensina a corrigir a maneira de atuar, facultando-te repetir a experiência com mais sabedoria.

Quem se recusa a reencetar o trabalho, porque foi mal sucedido antes, não merece desfrutar o êxito dos resultados.

A arte de recomeçar é medida de engrandecimento para quem aspira mais altos cometimentos.

Ninguém logra respostas felizes, sem as tentativas de insucesso.


Joanna de Ângelis

Luz do Dia


Mensagem do Dia


quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

A Escola de Atenas



A "Escola de Atenas", pintada em 1511, na sala della Segnatura (sala da assinatura) do Vaticano, não é apenas um monumento no campo das artes, é praticamente o resumo de toda a filosofia antiga, demonstrando que seu criador, Rafael, era exímio conhecedor das tradições filosóficas.


O Pintor

Raffaello Santi ou Sanzio, "O Príncipe dos Pintores" nasceu em Urbino a 6 de abril de 1483 e morreu em Roma a 6 de abril de 1520, aos 37 anos. Começou a pintar ainda menino, revelando grande sensibilidade espacial e delicadeza no traço. Em Perugia estudou com Perugino. Aperfeiçoou seu desenho adquirindo o domínio técnico que marca sua obra.
Chamado a Roma pelo papa Júlio II em 1508, incumbiu-se de numerosos projetos de envergadura, nos quais deu mostras de uma imaginação variada e fértil, trabalhando nas salas do Vaticano por 12 anos.


A obra: "Escola de Atenas"

 O afresco traz duas figuras especiais ao centro. O da esquerda apontando o dedo para cima é Platão, o da direita apontando com a mão para a natureza física é Aristóteles. Todo o grupo do lado de Platão representa as ideias transcendentais, os pensamentos sobre o mundo espiritual, a imortalidade da alma e a reencarnação. Os que estão ao lado de Aristóteles simbolizam as pesquisas no campo da natureza física, a ciência material.
Rafael pretendeu expressar o seguinte: "O supremo ideal filosófico está em uma síntese capaz de unificar a metafísica da transcendência, a filosofia da natureza e a teologia", em outras palavras: a união entre Ciência e Religião.

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Para saber mais, consulte:
1) Reale, Giovanni. História da Filosofia, vol. II, pág. 14-42--60-86, Ed. Paulus.
2) Enciclopédia Barsa 2000.
3) Enciclopédia Mirador.

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Fonte: Revista Fidelidade Espírita

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Palavras de Luz, por Teresa d'Ávila e Chico Xavier


Palavras de Luz

Grande júbilo marcou para nós a noite de 14 de outubro de 1954. Na fase terminal de nossas tarefas, o Espírito José Xavier, através dos canais psicofônicos, avisou-nos fraternalmente:
- "Esforcemo-nos por entrelaçar pensamentos e preces, por alguns minutos, pois receberemos, na noite de hoje, a palavra, distanciada embora, de quem há sido, para muitos de nós, um anjo e uma benfeitora. Nosso grupo, em sua feição espiritual, deve permanecer atento. Neste instante, aproximar-se-á de nós, tanto quanto possível, a grande Teresa d'Ávila e, assim como um grão de areia pode, em certas situações, refletir à luz de uma estrela, nosso conjunto receber-lhe-á a mensagem de carinho e encorajamento, através de fluidos teledinâmicos. A mente do Chico está preparada agora, qual se fosse um receptor radiofônico. Repetirá, automaticamente, com certa zona cerebral mergulhada em absoluta amnésia, as palavras de luz da grande alma, cujo nome não ousarei repetir. Rogamos aos companheiros se mantenham em oração e silêncio, por mais dois a três minutos".
Preparado o grupo, tivemos a felicidade de ouvir a nossa abnegada benfeitora espiritual, cuja mensagem falada nos atingiu os corações, como sendo sublime projeção de amor e luz.

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Por muito se adiante a alma no tempo, há sempre tempo para que a alma reconsidere a estrada percorrida, abastecendo-se de esperança no amor daqueles a quem ama, assim como o viajante no mar provê a si mesmo de água doce, a fim de seguir à frente.

"Há tempo de semear e tempo de colher", diz nossa experiência da Escritura.

E, se juntos partilhamos a promessa, não seria justo olvidarmo-nos uns aos outros no dia da realização.

"Deixai crescer reunidos o trigo e o joio, até que venha a ceifa"
, recomendou por sua vez o Senhor.

Entretanto, a palavra de sua Sabedoria não nos inclina à indiferença. E, lembrando-a, não curamos de ser o trigo porque hoje nos vejamos fora do escuro sedimento da carne e nem insinuamos sejais vós o joio por permanecerdes dentro dela.

Recordamos simplesmente que todos trazemos ainda no campo das próprias almas o joio da ilusão e o trigo da verdade, necessitados da mercê do Celeste Cultivador.

Irmãos, não é apenas por regalar-se o espírito na confiança que se lhe descortinarão as portas da vida glorificada, mas sim por se lhe acendrarem o conhecimento e a virtude, através do trabalho bem sofrido e da caridade bem exercitada.

Outrora, buscávamos a paz na quietude do claustro, na suposição de que a vitória pudesse brilhar à distância da guerra contra as nossas próprias faltas, e disputávamos a posse do santo sepulcro do Excelso Rei, ao preço de sangue e lágrimas dos semelhantes, como se lhe não devêssemos o próprio coração por escabelo aos pés divinos.

Hoje, porém, dispomos de suficiente luz para o caminho e não seria lícito permutar o pão da sabedoria pelo fel da loucura.

Enquanto os séculos de sombra e impenitência se escoam no pó do mundo, preparai nesse mesmo pó, erigido em tabernáculo de carne, os séculos futuros, em que nos reuniremos de novo para a exaltação do triunfo eterno.

Enalteçamos o sacrifício, aprendendo a renunciar para possuir, a perder para ganhar e a morrer para viver.

Por algum tempo ainda padeceremos o cativeiro das nossas culpas e transgressões, mas, em breve, aceirando o trilho escabroso e bendito da cruz, exalçaremos, diante da Majestade Divina, a nossa libertação para sempre.

Que o Senhor seja louvado.

Teresa d'Ávila

Fonte
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Xavier, Chico. Instruções Psicofônicas, Págs. 151 - 153. FEB. Rio de Janeiro/RJ

sábado, 18 de janeiro de 2014

O Credo de Eurípedes



Profissão de Fé
O Credo de Eurípedes


Foi ao ensejo da memorável vitória sobre o famoso orador¹ sacro de Campinas, Estado de São Paulo, que ele lançou aos quatro ventos do Brasil notável publicação de alto valor histórico - o CREDO que Eurípedes subscreveu (e cumpriu).

Trata-se do CREDO de Emanuel Darcey, incondicionalmente subscrito por Eurípedes, em noite de 31 de outubro de 1913 [...]


"CREIO que não temos nossa causa em nós mesmos; que existe acima do homem e superior à natureza um Ser Pensante, Infinito, Eterno, Imutável, um Supremo Legislador; que a existência de um Criador, de uma Razão primitiva, é um fato adquirido pela evidência material dos fatos, que o Universo não é nem surdo, nem cego; que a vida não é uma confusão sem fim, um caos informe; que tudo tem a sua razão de ser, seu alvo, seu fim.


CREIO que o Nada é uma palavra vã; que a Morte não existe; que nada morre; que o ser sobrevive ao seu invólucro; que a morte não existe; que a morte não é um termo, mas, uma metamorfose, uma transformação necessária, um renovamento; que somos eternos pela base do nosso ser; que nada do que existe pode ser aniquilado; que existiremos, porque existimos.


CREIO que, saindo desta vida, não entramos em estado definitivo; que nada se acaba neste mundo; que enquanto um destino humano tem alguma coisa a cumprir, isto é, um progresso a realizar, nada está para ele acabado; que a morte não deve ser tomada senão como um descanso em nossa viagem; que a morte é feixe de caminhos, que irradiam em todas as direções do universo e nos quais efetuamos nosso destino infinito.



   


CREIO que não há aniquilamento, mas sempre estados sucedendo a outros estados, a eterna transmissão de outra ordem de coisas a outra, de uma economia a outra, de um serviço a outro; que tudo renasce; que tudo volta a sua hora, melhorado, aperfeiçoado pelo labor; que o nascimento não é o verdadeiro começo; que nascer não é principiar, mas mudar de figura; que nossas existências não são mais do que continuações, séries, consequências; que sono ou despertar, morte ou nascimento, são uma e a mesma coisa; transição semelhante, acidente previsto.


CREIO que tudo evolui e tende para um estado superior; que tudo se transforma e aperfeiçoa; que o homem marcha sempre e sempre se engrandece; que tudo rola, prolonga-se e renova-se; que a morte não é o único teatro de nossas lutas e de nossos progressos; que o universo é sem lacuna; que há mundos infinitos nesse universo infinito; que o mundo é um ponto que conduz a outro e que os há para todos os graus de crescimento.


CREIO que DEUS não criou almas civilizadas; que a alma humana é o resultado do trabalho da vida; que todos os homens são cidadãos da mesma pátria, membros da mesma família, ramos da mesma árvore; que a todos têm origem, destino e aspiração comuns, que todos começaram a ascensão e que estão somente mais ou menos altos; que os mais vis têm por lei alcançar os mais elevados.




   



CREIO que o homem não é o último anel que une a criatura ao Criador; que não somos os primeiros depois de DEUS; que temos ao menos tantos degraus sobre nossa cabeça como abaixo dos pés; que a vida está em toda parte, que a alma está em toda coisa, que o corpo envolve um espírito; que o homem não é o único; que é seguido de uma sombra; que todos, o próprio calhau miserável, tem atrás de si uma sombra, uma sombra diante deles; que todos são a alma que vive, que viveu, que deve viver.


CREIO que a harmonia do Universo se resume em uma só lei; que o progresso por toda parte é para todos, para o animal como para a planta, para a planta como para o mineral; que tudo segue a mesma rotação, que tudo morre da mesma maneira e morre ultimamente; que a vida sorve todos os seus elementos da própria morte; que cresce por série contínua de transformações infinitas, que parte do infinitamente pequeno e marcha para o infinitamente grande.


CREIO que tudo que vive é encarnação; que toda evolução, toda transformação é encarnação; que as criaturas sobem no crescimento d'alma como no dos invólucros; que o homem é o espírito encarnado; que a alma não é criada ao mesmo tempo que o corpo, que ela é apenas incorporada; que a encarnação é uma lei da natureza, uma necessidade absoluta, consequência lógica da lei do progresso; que todo o homem é um resumo de existências anteriores, que se compõem de numerosos personagens, formando um só.




   



CREIO na pluralidade dos mundos, na multiplicidade das existências, na universal ascensão dos seres, na progressão contínua da alma, com os seus transportes, seus recuos, suas crises e as sanções que daí decorrem.


CREIO que neste Universo, obra da Infinita Sabedoria, nada acontece pelo jogo do acaso; que nada se faz sem uma Soberana Justiça; que toda desordem não existe senão em aparência; que não há acaso nem fatalidade; que há forças, leis, que ninguém pode derrogar; que todas as coisas do mundo têm ligação entre si; que nada é isolado; que o mundo material é solidário com o mundo espiritual e que ambos se penetram reciprocamente; que tudo se mantém, tudo se concorda, tudo se encadeia, e se liga, sobre o ponto de vista moral, como físico; que na ordem dos fatos, dos mais simples aos mais complexos, tudo é regulado por uma lei.


CREIO que a lei moral é uma verdade absoluta; que a Justiça, a Sabedoria, a Virtude, existem na marcha do mundo, tanto quanto a realidade física; que não se pode transpor, sem trabalho e sem mérito, um grau na iniciação humana; que o espírito deve chegar só, por si, à verdade, e que tem de tornar-se merecedor de sua felicidade, que a felicidade para ter tido o seu preço, deve ser adquirida e não concedida.




   



CREIO que a vida não é um jogo, uma ilusão, que a verdadeira vida não é a que multiplica os gozos; que a felicidade tal qual a entendemos não pode existir; que é preciso que o esforço subsista neste mundo; que não estamos aqui para gozar, mas para lutar, trabalhar, combater; que a luta é necessária ao desenvolvimento do espírito; que o verdadeiro fim da vida consiste no dever que incumbe a todo ser humano de subjugar a matéria ao espírito.


CREIO que o homem é justificado não por sua fé, mas por suas obras, que a prática do bem é a lei superior, a condição sine qua non de nosso futuro; que a santidade é o alvo a que devemos chegar; que não se pode fazer tudo impunemente, que a felicidade e a desgraça dos homens dependem absolutamente da observação da lei universal, que rege a ordem em a natureza.


CREIO que existem um Inferno e um Paraíso filosóficos, isto é, um sistema natural que liga entre si, intimamente, as causas além e aquém do tempo; que sempre nos sucedemos a nós mesmos; que sempre determinamos, por nossa marcha presente a marcha que seguiremos mais tarde.




   
 

CREIO que o presente determina o futuro; que cada homem tece em volta de si o seu destino; que se torna sem cessar o que mereceu ser; que nenhum desvio do caminho reto fica impune; que os que dele se afastam serão a ele levados fatalmente; que o progresso é uma lei soberana a qual ninguém resiste; que não há um defeito, uma imperfeição moral, uma ação má que não tenha a sua contradita e suas consequências naturais; que não há ato útil sem proveito, falta sem sanção; que não há ação que possa sonegar-se.


CREIO que cada um deve a si mesmo a sua sorte; que cada um cria as suas alegrias como as suas penas; que o homem é o seu próprio algoz; que se remunera e se pune a si mesmo; que colhe o que semeia e nutre-se do que colhe, debilitado ou fortificado pelos alimentos que ele próprio produziu; que a alma transporta em si mesma o seu próprio castigo, em todo o lugar em que se possa encontrar; que o inferno não é um lugar, mas uma condição de ser, um estado da alma; que pertence a cada um de nós sair dele ou aí nos manter.


CREIO que a pena não está senão na falta; que é impossível que essas coisas possam separar-se; que o sofrimento não é o resultado do acaso; que toda lágrima lava alguma coisa; que dor e culpabilidade são sinônimos; que o homem em evolução é tributário de seus erros e de seus maus pensamentos; que somos nós os instrumentos de nosso próprio suplício.




   



CREIO que toda vida culposa deve ser resgatada; que toda falta cometida, todo mal causado é uma dívida contraída, que deve ser paga no momento ou noutro, quer em uma existência quer na outra; que a fatalidade aparente, que semeia de males o caminho da vida, não é senão a consequência do nosso passado, o efeito produzido pela causa; que a vida terrestre é ao mesmo tempo reparação e preparação; que nenhum de nós é o que deve ser e que é preciso que a razão se cumpra, que a justiça se faça e o em seja.


CREIO que cada nova existência é um novo ponto de partida, em que o homem é aquilo que se fez; que renasce com seu débito e com o seu crédito; que nada perde do que adquiriu; que o esquecimento temporário do passado é condição indispensável de toda provação e de todo o progresso; que é preciso que o esforço seja livre e voluntário; que o conhecimento dos fatos anteriores e das sanções inevitáveis embaraçaria o homem, em lugar de ajudá-lo; que é justo e necessário que, em seu estado atual, o passado e o futuro lhe sejam ocultos.


CREIO, enfim, que a revelação é progressiva, que a verdade se desvenda sempre, segundo os tempos e os lugares; que estamos na aurora da vida consciente e que marchamos, todos, na solidariedade universal, através de vidas sucessivas para a infinita perfeição; que o futuro encerra e que tudo foi criado, tendo em vista um bem final; que o Bem e a lei do Universo e o Mal um estado transitório, sempre reparável, uma das fases inferiores da evolução dos seres para o bem; que nada de irremediável pesa sobre nós; que tudo se apaga; tudo se dissolve; que a dor é libertadora, que nada é negro, nada é triste; que tudo acaba bem e que não se tem senão de esperar a sua hora em um mundo ou em outro".




   


Fonte: Corina Novelino - Eurípedes - o Homem e a Missão.

Chamada e escolha



Chamada e escolha   ( 98 )


Cap. XVIII - Item 1






Sem flor não há semente.
Mas se a flor prepara, só a semente permanece.


Sem instrução, a máquina é segredo.
Mas se a instrução avisa, só a máquina produz.


Sem convicção, a atitude não aparece.
Mas se a convicção indica, só a atitude define.


Sem programa, o trabalho se desordena.
Mas se o programa sugere, só o trabalho realiza.


Sem teoria, a experiência não se expressa.
Mas se a teoria estuda, só a experiência marca.


Sem lição, o exercício não vale.
Mas se a lição esclarece, só o exercício demonstra.


Sem ensinamento, a obra não surge.
Mas se o ensinamento aconselha, só a obra convence.






Disse Jesus, referindo-se à Divina Ascensão:
"Serão muitos os chamados e poucos os escolhidos para o reino dos céus."


Isso quer dizer que, sem chamada não há escolha.


Mas se estamos claramente informados de que a chamada vem de Deus,
atingindo todas as criaturas na hora justa da evolução, só a escolha,
que depende do nosso exemplo, nos confere caminho para a Vida Maior.





Emmanuel - Chico Xavier
O Espírito da Verdade

Dicionário da Alma


Oração da Casa Espírita



Oração da Casa Espírita



Senhor,


      Em meio às diversas instituições que te buscam servir no mundo, me apresento, com alegria, rogando tua bênção.

      Ampara, no âmbito de minha atuação, os dirigentes encarnados, que constituem o meu cérebro.

      Apoia os cooperadores diversos, que representam os meus braços.

      Faze com que o Evangelho, significando meu coração, pulse amor incessante, irrigando todos os meus departamentos com a força da caridade.

      Ajuda-me a ser fiel à Codificação Espírita, que se apresenta como minha consciência.

      Que não falte, aos cooperadores, as energias que lhes garantam a perseverança nos deveres assumidos.

      Inspira-os nos momentos em que te buscam através da prece.

      Auxilia-os a perceber que posso ser a escola de almas para os que buscam conhecimentos novos, bem como o pronto-socorro do espírito, para os necessitados de alívio e consolação.

      Fortalece-me, a fim de que não me deixe contaminar pelos agentes negativos do personalismo, da vaidade e do orgulho.

      Orienta-me no caminho da humanidade e do amor, para que consiga ser fiel onde quer que me coloques.

      Abençoa-nos a todos e, se porventura não puder ser a escola aprimorada, nem o hospital sofisticado no campo do espírito, permite que seja ao menos como aquela Casa do Caminho que, na velha Jerusalém, abrigou os irmãos em humanidade, revelando tua presença iluminada.


Gustavo Marcondes




Mensagem recebida pelo médium Clayton Levi
Em reunião da noite de 20/04/95
no Centro Espírita "Allan Kardec" de Campinas/SP.

domingo, 12 de janeiro de 2014

LUZ IMPERECÍVEL


Chaves  (82 )




Mt. 16:19
"E eu te darei as chaves do reino dos
céus; e tudo o que ligares na terra será
ligado nos céus, e tudo o que desligares
na terra será desligado nos céus."








"E eu te darei as chaves do reino dos céus;"   - Singular, porque será conquistado por cada um, mediante o seu empenho pessoal. Futuro, porque uns já conseguiram; outros estão obtendo; outros ainda farão por merecer. As "chaves" representam o livre-arbítrio, que se pode usar para o bem ou para o mal, mas que, ante o que aprendemos, deve ser utilizado somente para edificação, isto é, para a conquista do reino dos céus, que sabemos não vem com aparência exterior, já que se encontra no íntimo das criaturas, dependendo apenas de ser construído e resguardado. Consubstanciam, também, toda a gama de valores que, gradativamente, pelo novo direcionamento do campo mental rumo aos planos superiores, o aprendiz vai conseguindo reunir ao longo do caminho que elegeu para sua afirmação no Bem.








"E tudo o que ligares na Terra será ligado nos céus,"   - Os valores apreendidos e que se constituem nas "chaves" que nos foram conferidas por Jesus, agora na forma de entendimento maior, quando aplicados com discernimento, terão suas repercussões, indiscutivelmente, no Plano Maior. A utilização inadequada, no entanto, terá como consequência, a tempo certo e segundo as leis que nos regem, frustrações e desequilíbrios, pelo que não podemos descuidar da vigilância, amplamente recomendada pelo Cristo.








"E tudo o que desligares na Terra será desligado nos céus."   - Aqui vigora o mesmo princípio anterior. Os termos "ligar" e "desligar" expressam-se com toda clareza. O mal escraviza, prende, limita, reduz; o Bem liberta, expande, dinamiza. A luta no plano físico, quando desenvolvida de forma consciente, é uma esteira de vinculações e desvinculações, a partir da disposição de sequenciar, sem cansaço, o processo reeducativo. Só assim, o ser conseguirá eximir-se das amargas e dolorosas cirurgias de separações ou de aproximações, quer intimamente, quer no plano da convivência a que esteja sujeito sob o jugo da Lei de Causa e Efeito.

Se a Justiça impõe-se à revelia do ser, o Amor concede à criatura a faculdade de "ligar" e "desligar" em termos de pensamentos, palavras e ações, na busca de seus objetivos maiores com o Cristo.

As limitações, que o plano físico impõe, se transubstanciam em abençoada oportunidade de a criatura adotar, no alicerce da espontaneidade, constante ação renovadora, elegendo para seu espírito imortal a vida que Jesus reserva àqueles que conseguem perceber Nele a essência sublimada de Cristo, Filho do Deus vivo.










Obra: Luz Imperecível, Coordenação: Honório Onofre de Abreu
Estudo Interpretativo do Evangelho
à Luz da Doutrina Espírita

DEUS...




 
Deus deve ser sentido em nossas almas libertas da maldade humana.

Deus deve ser auscultado em nossos corações livres de sentimentos mesquinhos.

Deus deve ser compreendido pela nossa razão esclarecida.

Em qualquer lugar e a qualquer hora, Deus deve estar presente a fim de que sejamos mais fraternos, mais amigos, menos egoístas, em condições, pois de vencer galhardamente o sofrimento quando ele se apresente.
 


Deus é muralha intransponível aos ataques traiçoeiros do ateísmo. É força permanente mantendo o equilíbrio do Universo.

Deus é sorriso puro de criança; é juiz sereno, imparcial, justo, complacente e misericordioso.

Deus é fonte cristalina, é luz irradiante.

Deus é vida, trabalho, amor.
 


Lembremo-nos de Deus a cada momento que passa, para que possamos seguir o roteiro traçado pelo Divino Mestre.

Quando fatigado, seja Deus teu descanso.

Quando aflito, seja Deus teu consolo.

Quando em desalento, seja Deus tua fé.

Quando supostamente derrotado, seja Deus teu arrimo.




Sejamos nós, a semelhança do Pai:

Descanso para o fatigado.

Consolo para o aflito.

Fé para o amargurado.

Arrimo para o supostamente derrotado.

A fim de que nossa caminhada seja cintilante e precursora de melhores dias.
 


 
(( Alexandre Macedo ))



ESPIRITISMO É RELIGIÃO?



Nos primórdios do Espiritismo muitos foram os questionamentos relativos a seu aspecto religioso, mormente por se apresentar sob a égide de Restaurador do Cristianismo.

Por ocasião da publicação da pequena obra subsidiária intitulada O Que é o Espiritismo, editada pela primeira vez em 1859, Kardec, nas linhas introdutórias, definiria: "O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal." Mais a frente, respondendo à indagação formulada por uma autoridade eclesiástica, aduziria: "...Seu verdadeiro caráter é, pois, o de uma ciência e não o de uma religião."


Certamente desejou o Codificador garantir que o Espiritismo nascente não seria confundido com mais uma corrente religiosa ortodoxa, com sua hierarquia, rituais e dogmas inflexíveis.


Observemos, a propósito, que o Espiritismo se apresentou ao mundo através da publicação de O Livro dos Espíritos, contendo na página de apresentação o seu teor: FILOSOFIA ESPIRITUALISTA;evidenciando o caráter filosófico doutrinário.


Em seguida, viria a lume o segundo livro da Codificação, intitulado O Livro dos Médiuns; tratava-se de ESPIRITISMO EXPERIMENTAL; ressaltando o caráter científico da Terceira Revelação.


Somente em 1864, data da edição primeira de O Evangelho Segundo o Espiritismo, os mentores nos traziam as principais máximas do Cristo, analisadas sob a ótica espírita, permitindo-nos visualizar mais cristalinamente o aspecto religioso da Doutrina.


Alguns anos após, Kardec, sentindo a necessidade de uma definição a respeito da questão, proferiu discurso bastante elucidativo em reunião pública realizada na noite de 01/11/1868, na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, em que declarou: "...sem dúvida, no sentido filosófico o Espiritismo é uma religião, e nós nos ufanamos disso".


Conclui-se, pelo exposto, que a Doutrina Espírita é uma religião por consequência de seus fundamentos filosóficos e científicos, conduzindo o homem pelos caminhos da fé raciocinada, que o levarão ao inevitável reencontro com o Criador—finalidade precípua de qualquer sistema religioso legítimo.



Bibliografia:
O Que é o Espiritismo, FEB, Departamento Editorial, RJ, 37a. edição, 1944, 217 páginas; páginas citadas: preâmbulo e pg. 130.
Revista Espírita—dezembro de 1868.