Eternidade

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sábado, 14 de dezembro de 2013

A religião de Jesus


A religião de Jesus

"Aquele que quiser ser maior no Reino de Deus
seja servidor de todos." - (Mt. 20:26.)
Emmanuel, Espírito, revela-nos que Jesus presidiu à formação da Terra e que é seu Governador2. Isto significa que há bilhões de anos já atingira extraordinária evolução. E, modestamente, aceitou a incumbência de nos evangelizar, para compreendermos as leis de Deus, que se resumem no Amor!
Ele não se impõe, não se aborrece com nossos defeitos e nos oferece, nas múltiplas reencarnações e em variadas circunstâncias, meios para desenvolvermos a inteligência e os bons sentimentos: na profissão, no lar, ou nos diversos relacionamentos de nossas vidas.
Dá-nos oportunidades de trabalho, até aprendermos a servir com gratidão e alegria, sem melindres e sem escolher parceiros de atividades, trabalhando com aqueles que se apresentam!
Espera, pacientemente, nosso amadurecimento, a fim de aderirmos, de forma consciente, ao seu ideal de Amor; para conquistarmos plena Liberdade, Harmonia, ventura e belezas dos mundos superiores!
“(...) Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me. (...)”.1  Lc, 9:23.
Afirma claramente: se alguém quer... E vejam a humildade e a infinita paciência com que atua esse Espírito, cuja grandeza é inimaginável para nós!
Para vivenciar sua Religião, cabe-nos servir, na família ou na comunidade, favorecendo o trabalho de equipe, para que todos participem de atividades em favor do bem comum e da evolução de todos os Espíritos provisoriamente vinculados à Terra!
Sem a perspectiva histórica e o hábito – cada vez mais raro – da leitura, do estudo, da pesquisa, e, sobretudo, sem as informações a nós repassadas por Mentores da Vida Maior, torna-se difícil ao homem comum entender que Jesus continua presente em nosso orbe, em nossas vidas e que dá sequência à nossa evangelização – processo esse que ainda se estenderá por longo tempo! 

Nas lições de Jesus o foco é outro – Legou-nos, há dois mil anos, o resumo das Leis Divinas, que, se observadas, nos concedem a saúde efetiva, que é a do Espírito imortal, porque nos harmonizam com o Criador. Saúde que se refletirá em nosso corpo físico, nesta e em futuras encarnações.
A vivência desses princípios conduzir-nos-á à evolução consciente, acelerando nossa caminhada evolutiva, além de eliminar sofrimentos acarretados pela inobservância dessas Leis.
Ao longo do tempo – mesmo antes de Sua vinda a este orbe –, propiciou a fundação de inúmeras religiões e inspirou artistas, filósofos, escritores, cientistas, para contribuírem com o progresso moral da Terra.
A multiplicidade dessas religiões revela-nos a sabedoria e a generosidade do Pai, que a todos nos favorece, com escolas adequadas e compatíveis com nossa capacidade de compreender – ainda que fragmentariamente – Suas Leis e sublimes desígnios.
O Mestre não veio, da parte do Pai, para curar corpos, mas Espíritos imortais. As curas são
“(...) para alívio dos que sofrem e para ajudar na propagação da fé (...)”.3
Nem veio para nos conceder prosperidade material, mas, sim, conduzir-nos ao progresso espiritual. Em Suas lições sublimes o foco é outro. Não visam os bens materiais – passageiros. Iludem-se os que O buscam com esses objetivos. Representam caminhos para a evolução – real progresso do Espírito.
Como se vê, ainda não assimilamos esses ensinos, não os incorporamos à nossa conduta diária, não obstante as inúmeras reencarnações por que passamos, após Sua presença neste orbe.
Não nos preocupamos em ‘aviar’ suas libertadoras receitas.
Ao cuidar do corpo físico, temos pressa em aviar receitas médicas – se não contemplam exercícios físicos, regimes alimentares ou supressão de vícios, sempre adiados para as calendas gregas, ou seja, para nunca, eis que só existiram “calendas” romanas. 

Jesus não fundou religião nenhuma – Esse alheamento aos ensinos de Jesus é que nos mantém presos à roda das reencarnações dolorosas!
A rigor, Ele próprio não fundou nenhuma religião! Sobretudo religiões à maneira das que existem na Terra, ainda que seu nome e ensinos sejam nelas mencionados e raramente observados!
Suas lições não requerem nem organizações complexas, nem templos suntuosos, nem preconizam rituais, roupas especiais, sinais exteriores; mas mudanças internas; traduzidas em normas de conduta surpreendentemente de natureza prática.
Pregava em qualquer parte onde se encontrava: à margem do lago; em casa da sogra de Pedro; em casa de Lázaro, Marta e Maria e... até nas sinagogas!
“Deus é Espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade.” Jo 4:24
Sempre fomos mal orientados pelas religiões tradicionais – nas várias reencarnações por que passamos –, sempre achamos que a frequência aos templos (ainda que de forma desatenta, na maioria dos casos) apenas uma vez por semana e o exercício de práticas exteriores eram bastantes para a conquista de um ‘céu de louvor e contemplação, em repouso eterno’!
Repouso esse que revela a suprema ignorância das Leis Divinas – e preguiça ainda maior! Eis que o trabalho é Lei da vida.
E que castigo insuportável seria a eterna indolência!
Jesus, em parte alguma, menciona esse ‘repouso eterno’! Aqueles que defendem essa tese absurda parecem desconhecer o ensino do Mestre sobre o trabalho:
“Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também”. 1 (Jo, 5:17).
É muita desatenção! Ou infinita preguiça! 

Religião significa religação com o Pai – A evolução contínua dos Espíritos pressupõe o desenvolvimento do Amor e a educação da inteligência. E isso requer esforços, estudos e trabalhos constantes, que guardem relação com nosso estágio evolutivo. Porque evoluímos muito lentamente, somos submetidos às infinitas reencarnações!
Não apenas revelou que Deus é nosso Pai e que “a Lei e os profetas” se resumem em amá-Lo e ao próximo como a nós mesmos.
Sua doutrina, além de recomendar-nos a vivência desse amor amplo, indica-nos, com simplicidade, as formas de praticá-lo, na conduta diária. Só a adoção dessas práticas nos conduzirá, a pouco e pouco, ao autoconhecimento, à conquista da harmonia e da paz plenas.
Observadas, religam-nos ao Pai, pela vivência do amor fraternal com todas as criaturas. Importa aqui recordar que Religião significa religação com o Pai!
Allan Kardec5 indaga aos Espíritos:
Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir ao arrastamento do mal?
“Um sábio da Antiguidade já disse: Conhece-te a ti mesmo.”
E não há roteiro mais seguro para atingir esse fim do que observar seus ensinos. Ele mesmo o diz, quando afirma: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” .1 (Jo, 14:6).
Cabe-nos registrar que Jesus não só ensinou, mas exemplificou o que ensinava! Isto lhe dá autoridade incontestável:
“Quando Jesus acabou de proferir estas palavras, estavam as multidões maravilhadas da sua doutrina; porque ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas” .1 (Mt, 7:28-29). 

Quem é, para Jesus, um homem prudente – Eis breve amostra do que nos recomenda e nos ensina a proceder, amorosamente:
Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele (...).”1  Mt 5:25
“Ouvistes que foi dito: Olho por olho, dente por dente. Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal. Mas se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a outra. E ao que quer demandar contigo e tirar-te a túnica, deixa-lhe também a capa.”1  Mt 5:38 a 40
“Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem e caluniam.”1 Mt 5:44
“Quando derdes esmola, não saiba a vossa mão esquerda o que faz a vossa mão direita.” 1 Mt 6:3
“Orando, não useis de vãs repetições, como os gentios; porque presumem que pelo seu muito falar serão ouvidos.”  Mt 6:7
“Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo.” 1 Mt 6:34
“Fazei aos homens tudo o que queirais que eles vos façam, pois é nisto que consiste a lei e os profetas.” 1 Mt 7:12
“Todo aquele que ouve estas minhas palavras e as pratica, será comparado a um homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha.” 1 Mt 7:24
“Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim.”  Mt 15:8
“Tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era forasteiro e me hospedastes; estava nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; preso e fostes ver-me.” 1 Mt 25:35
“Embainha a tua espada; pois todos os que lançam mão da espada, à espada perecerão.” 1 Mt 26:52
“(...) Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. (...)” 1 Lc 23:34
A Parábola do Bom Samaritano (Lc, 10:25 a 37), transcrita no cap. XV, item 2, de O Evangelho segundo o Espiritismo4, demonstra, com clareza, a necessidade da prática desse amor fraternal.

“Faze isso e viverás.” – No diálogo de Jesus com o fariseu, que antecede o relato dessa parábola – um dos mais belos entre o Mestre e personagens do Evangelho! –, o fariseu respondeu à própria pergunta, indicando que o amor a Deus e ao próximo como a si mesmo é a condição indispensável ao merecimento da vida eterna.
Jesus, então, lhe disse, em belíssima e concisa frase: “(...) faze isso e viverás”.1
Kardec, nos comentários que a ela adita – item 3, do mesmo capítulo –, afirma que toda a moral de Jesus se resume na caridade e na humildade; e, ao referir-se à alegoria do juízo final, indaga:
“Naquele julgamento supremo, (...) Pergunta o juiz se foi preenchida tal ou qual formalidade, observada mais ou menos tal ou qual prática exterior? Não; inquire tão-somente de uma coisa: a prática da caridade, (...) Informa-se, por acaso, da ortodoxia da fé? Faz qualquer distinção entre o que crê de um modo e o que crê de outro?”  3 Cap. XV, it. 3.
Na Parábola, o samaritano – julgado herético, mas que exercita o amor fraternal – revela-se superior ao ortodoxo que falta com a caridade. Não apenas recomenda a caridade, mas a indica como condição única da felicidade futura.
Em outro ensino sublime, o Divino Mestre desvincula o verdadeiro cristão de quaisquer sectarismos, de cultos, de templos, de manifestações externas:
“Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros”.  1 Jo 13:34 e 35.
A religião de Jesus – contida em fraternas normas de conduta – é, eminentemente, de natureza prática e se traduz na vivência do amor, por todas as formas ao nosso alcance.
Esta é a visão da Doutrina Espírita no tocante à Religião de Jesus, eis que também ela não requer templos suntuosos, não adota liturgias e rituais diversos, nem hierarquias ou princípios teológicos abstratos. Educa-nos para bem compreendermos e praticarmos Sua doutrina de puro Amor e de serviço ao semelhante, tal como exemplificou e recomendou o Divino Mestre, no ensino primoroso:“(...) faze isso e viverás”. 1 
 
Referências: 
1.                 ALMEIDA, João F. de – Tradutor. A Bíblia Sagrada. Brasília: Sociedade Bíblica do Brasil. 1969;
2.                 XAVIER, F. Cândido. A Caminho da Luz. Pelo Espírito Emmanuel. FEB: Rio de Janeiro, 1975. p. 21 e 110;
3.                 KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 1ed. 2.imp. Brasília: FEB, 2011. cap. 26, it. 2, p. 447;
4.                 _____. _____. cap. 15, it.2, p. 301;
5.                 KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2.ed. 1.impr. Brasília: FEB, 2011, q. 919.


Fonte: O Consolador, por Gebaldo José de Sousa

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