Eternidade

Eternidade

sábado, 28 de setembro de 2013

A Educação Espiritual



Nem sempre, nos encontramos totalmente harmonizados conosco mesmos, com nosso interior e pensamentos; nem sempre, nem em todas as horas do dia, conseguimos equilibrar nossos sentimentos, educar vontades, equilibrar nossas atitudes, pois as necessidades da vida material nos colocam em andamento acelerado, em frequência impositiva e ilusória na nossa dianteira.
 
Assistimos coletividades a se esmerarem por objetivos totalmente materialistas, consumindo e deixando-se consumir, e se pararmos um instante, iremos perceber, raciocinar e perguntar para que tanta correria.
 
Temos um tempo marcado a viver na Terra; será que se corrermos tanto, ganharemos alguma coisa a mais ou esta corrida nos tumultuará a cada dia, trazendo-nos desconfortos, inseguranças e desequilíbrios à nossa mente?
 
A grande maioria precisa parar um pouco para pensar e raciocinar, para se fazer sentir como um ser em perspectiva de alguma coisa mais sólida, mais profunda. Mas como é difícil parar o ser humano, como é difícil conseguir dialogar com os nossos amigos e familiares, pois cada um tem o seu sistema de vida própria, os seus interesses e mal se dão tempo de trocar esses interesses, e o tempo se escoa diante de nós! As conversas, hoje, são cortadas, porque as tarefas, que se exigem das criaturas, são tantas que não lhes sobra tempo para nada.
 
A presença de Deus em nossa vida se torna cada vez mais importante e necessária. O homem precisa conscientizar-se de que é um ser espiritual, e que todas essas ilusões materiais são passageiras e nada levaremos, apenas valores morais, sentimentos e a nossa formação moral, cultural e religiosa, estes nos acompanharão pela eternidade. Não levaremos vestimentas, adereços, ou qualquer tipo de materialidade que vemos serem, tremendamente, valorizadas e ostentadas.
 
As criaturas, de certa forma, já perceberam que o usufruto material da atualidade lhes traz conforto e prazeres, mas não tem ainda estrutura suficiente para parar esta corrida desenfreada pelo progresso e buscar, em algum lugar, um aprofundamento maior na direção da fé, na verdadeira essência da vida. Aqueles que já despertaram, sabem que existe um conteúdo maior a ser preenchido em cada encarnação. Anseiam, buscam, embora muitas vezes as buscas se voltem em direções erradas, mas o importante é já estarem procurando, buscando respostas, vínculos mais fortes a ajudá-los a ultrapassarem as etapas mais difíceis, a percorrerem a sua caminhada de forma mais consciente e firme.
 
A capa ilusória, que o homem veste na terra, poderá desfazer-se a qualquer momento da vida terrena, pois as circunstâncias variam sob todos os pontos de vista, entremeando, assim, instantes de construções positivas, como, também, momentos de desequilíbrios, de diálogos internos, de falta de um pensamento concreto e lúcido.
 
A educação espiritual, a educação religiosa deverá ser exigida desde o nascimento, e totalmente baseada nos firmes conceitos de amor, de convivência pacífica, de compreensão e caridade, seja lá que forma religiosa se apresentar em cada lar. Não importa que as criaturas sejam evangélicas, se frequentam uma sinagoga ou uma igreja católica, o importante é revelar a verdade divina a nossas almas, é nos situarmos no tempo em que vivemos a praticar a caridade verdadeira a nós a aos que nos circundam.
 
Muitas criaturas vivem num mundo de ilusões, buscam e satisfazem-se com elas. Somente algumas, talvez, por já terem passado por momentos mais difíceis e torturantes, se ligam mais aos objetivos e conceitos vivenciais, sentindo, na própria pele, os efeitos de vidas passadas ou mesmo as consequências de momentos atuais.
 
Não queremos que toda a humanidade se volte para a Doutrina dos Espíritos, mas mostrar que as mensagens das almas, que já viveram na Terra, trazem as mensagens de Jesus, as palavras cristãs de fé, amor, de entendimento e caridade. Irmãos espirituais se fazem atuantes através de médiuns e missionários a ajudarem a humanidade a saber viver dentro dos contextos cristãos, em moral e virtudes, a que não recue diante desta obra ilusória terrena, mas que avance pelo campo espiritual para que descubra a realidade de suas vidas, o porquê do seu caminhar, a necessidade de percorrer caminhos dolorosos e difíceis e a beleza do viver entre as diversas e plenas naturezas.
 
A Espiritualidade deseja que a humanidade cultue a fé pura e simples, desvinculada de qualquer culto, de qualquer posicionamento ou misticismo religioso, apenas acordando para a realidade da vida, a preencher-se em espírito com o de que necessita e veio buscar.
Que cada momento seja e se torne parte de uma orientação de fé, onde nosso irmão Jesus Cristo nos ilumine e ampare.
 
Que cada alma possa descobrir o verdadeiro valor de sua vida, o verdadeiro objetivo de seu nascimento neste mundo, aproveitando sempre a abertura espiritual que o Pai nos fornece para as necessárias corrigendas do Espírito eterno, que busca um futuro mais pleno e equilibrado.
 
Que Deus nosso Pai nos ilumine!
 
 
Psicografado em 05 de agosto de 1996
Fonte: Grupo de Comunicação Espiritual

Luz Espiritual


Aguilhão da Dor



O Aguilhão


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    Acusam-te, indevidamente, por ações que não praticaste.
    Dificultam-te o acesso ao que aspiras, não disfarçando a animosidade gratuita contra ti.
    Exigem-te um comportamento, que não logram manter.
    Impõem-te atitudes que te afligem.
    Carreiam, em tua direção, problemas e dificuldades que te esfalfam.


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    Em toda parte sofres pressão constritora.
    Onde te encontres, surgem as provações, parecendo não te darem trégua.
    Tens os nervos à flor da pele.
    Estás a ponto de explodir.


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    Espera um pouco mais.
    Ora e acalma-te.
    Silencia, mantendo a confiança.
    Quando as perseguições vêm de todos os lados, o socorro chega de cima.
    Acoimado pelo desespero e perseguido sem descanso, não estás ignorado pelo Amor.


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    As tuas aflições de agora têm sua gênese no teu pretérito.
    Ninguém é amado ou detestado sem motivo.
    Certamente, revidar e perseguir, odiar e afligir, são expressões do primitivismo espiritual que desaparecerá oportunamente, mas, que ainda permanece no mundo.
    Aqueles a quem infelicitaste antes, não têm o direito de tornar-se verdugo para ti agora. Todavia, preferem se-lo, o que os faz mais desditosos.
    A vida dispõe de mecanismos reeducativos para os seus defraudadores e pervertidos.
    Os homens, porém, preferem a enganosa "justiça com as próprias mãos", ignorando aquilo a que se propõem fazer, pela triste limitação em que se encontram retidos.
    Incapazes de ser justos, tornam-se perversos.
    Impossibilitados de ser corretos, submetem os outros com impiedade.
    Frios no sentimento do amor, que lhes é escasso, agem com indiferença ou maldade.
    Também eles estão enganados e não passarão pelo mundo sem sofrer a própria imprevidência e pusilanimidade.


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    Dessa forma, não recalcitres, contra o aguilhão, que é a dor benfazeja.
    O que hoje parece impossível, amanhã está realizado.
    O desafio de agora é tarefa concluída no futuro.


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    Há dois mecanismos eficazes para o progresso: o amor que sabe, e a dor que impulsiona.
    Mediante o amor que se ilumina de conhecimentos libertadores, o Espírito cresce para Deus.
    Quando este recurso demora de aparecer ou é deixado à margem, a dor se aninha no homem e, mesmo recalcitrando à sua presença, ela o domina, reeduca-o e eleva-o.
    Recebe o teu aguilhão na "carne da alma" e avança, tornando-o menos afligente em face da resignação e do bem que dele decorrem.


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Joanna de Ângelis  /  Divaldo P. Franco
Livro: Momentos de Alegria

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

DOR EVOLUÇÃO




Dor Evolução

Desde as mais remotas épocas, o homem foi sempre vitimado pela dor e, incansavelmente, buscou entender as suas causas. Adotou práticas místicas e cabalísticas, elaborou teorias de formas de vida e de crença no intuito de se livrar ou minimizar as consequências da dor. Seitas, religiões e filosofias vêm buscando na vida material, e fora dela, explicações para as catástrofes, flagelos, doenças, aleijões humanos e outras perturbações que promovem a aflição. Expiação dos pecados; provação para o exercício da fé; consequências dos desvarios da humanidade na busca do prazer vulgar e imediato, e aguilhão necessário ao progresso tecnológico e moral do homem têm sido explicações adotadas para justificar a razão do sofrimento.

O entendimento da natureza e do papel que a dor ocupa na história da humanidade passam pela abordagem dos traços culturais e antropológicos dos homens atingidos por esse fenômeno tão complexo, não aceito com naturalidade pela maioria de todos nós. Daí a diversidade de interpretação sobre ela.


Antiguidade 

Os sábios da Antiguidade grega teorizaram sobre a natureza da dor e formas de evitá-la ou minimizar a sua ação. Platão (427-347 a.C.) afirmou que “A dor ocorre quando a proporção ou a harmonia dos elementos que compõem o ser vivo é ameaçada ou comprometida”. Assim, segundo o discípulo de Sócrates, vivendo em harmonia consigo mesmo e com a Natureza, o homem se livra da dor. Epicuro (341-270 a.C.) admitia que a dor era uma consequência da busca do prazer vulgar e desmesurado. Zenon de Cicio (334-262 a.C.), fundador do estoicismo, ensinava que as paixões são as causas do sofrimento e que, para evitá-lo, deveria o homem seguir a natureza, aceitando o destino e conservando a serenidade em qualquer circunstância.

O judaísmo, por sua vez, entendia a dor como um castigo divino pela desobediência, resquício de um impiedoso atavismo do “pecado original”. Quando Adão e Eva foram expulsos do Paraíso, Jeová castigou a mulher a dar à luz com dor e ao homem a ganhar o pão com o suor de seu rosto. A história de Jó, no Antigo Testamento, é forte testemunho desse complexo de culpa. Jesus desenvolveu esforços para desfazer essa concepção de dor-castigo, quando bem-aventurou os aflitos, assinalando que o sofrimento seria oportunidade de purificação da alma.  


Idade Média e Mediunidade

Durante a Idade Média, os homens, interpretando mal a dinâmica da vida, aplicavam a dor como instrumento de justiça e de repressão, submetendo os condenados a sessões de torturas públicas, acreditando que assim educaria o povo a obedecer às ordens emanadas do Estado e da Igreja. Fortalecida pela Igreja, a cultura judaico-cristã insistia que a doença era um castigo divino ou forma de advertência ao povo pecador. Doenças incuráveis à época, tal como a lepra, e as epidemias que assolavam milhares de vidas, enquadravam-se na visão de um deus antropomórfico caprichoso e vingativo que refletia as características morais do homem medieval, que não via as causas daqueles flagelos na falta de saneamento básico, na alimentação inadequada e no descuido com a higiene pessoal.

No início do século XVIII houve um salto e o filósofo inglês Alexander Pope (1688-1744) ensinava que se deveria considerar a dor individual como um sofrimento parcial a serviço de um bem universal, alertando, sem dúvida, para os cuidados que se deveriam ter no alastramento das infecções. O Arquidiácono William Paley (1743-1805) pensava da mesma forma: administrava aos estudantes de Cambridge que a dor de um era um mal menor, destinado a proteger a humanidade de um mal muito maior. Exemplificava que uma doença nos dedos dos pés era uma advertência providencial para reduzir o consumo de álcool, que posteriormente poderia provocar uma crise de gota. Aqui, nos parece uma referência à dor-auxílio, de que André Luiz vem conceituar muito bem.


A Dor e o Espiritismo

Como a dor, algo tão negativo, do ponto de vista humano, pode ser um benefício para a criatura que Deus criou pare ser feliz? E aqui grifo o termo criatura, porque não é somente o ser racional que experimenta o sofrimento, mas também os irracionais.

A Doutrina Espírita veio trazer a resposta a essa interrogação. A pluralidade das existências é a solução racional que se coaduna com a Justiça e Bondade divinas, para justificar a existência da dor, cujas causas podem ser encontradas na atual existência ou em outras. A dor não é castigo, não é capricho e nem ira do Criador com a sua criatura. “Por mais admirável que possa parecer à primeira vista, a dor é apenas um meio de que usa o Poder Infinito para nos chamar a si e, ao mesmo tempo, tornar-nos mais rapidamente acessíveis à felicidade espiritual, única duradoura”.

Mais recentemente, o Espírito André Luiz nos trouxe valiosas contribuições que aprofundam-nos compreensão exata do sofrimento humano, quando nos ensina que a dor tem naturezas e papéis diferenciados no processo de nosso progresso moral e espiritual, existindo, portanto, dor-expiação, dor-auxílio e dor-evolução. Explica ele que “[...] a dor-expiação, que vem de dentro para fora, marcando a criatura no caminho dos séculos, detendo-a em complicados labirintos de aflição, para regenerá-la, perante a Justiça [...].” Quanto à dor-auxílio adianta que “[...] pela intercessão de amigos devotados à nossa felicidade e à nossa vitória, recebemos a bênção de prolongadas e dolorosas enfermidades no envoltório físico, seja para evitar-nos a queda no abismo da criminalidade, seja, mais frequentemente, para o serviço preparatório da desencarnação, a fim de que não sejamos colhidos por surpresas arrasadoras, na transição da morte. O enfarte, a trombose, a hemiplegia, o câncer penosamente suportado, a senilidade prematura e outras calamidades da vida orgânica constituem, por vezes, dores-auxílio, para que a alma se recupere de certos enganos em que haja incorrido na existência do corpo denso, habilitando-se, através de longas reflexões e benéficas disciplinas, para o ingresso respeitável na Vida Espiritual.” Parece-nos que William Paley já fazia referência a essa modalidade de dor...  


A Dor-Evolução 

Há quem pense, mesmo entre espíritas, que o sofrimento é sempre uma punição, que a criatura está enfrentando adversidades por que merece... Mas nem sempre é assim. Será imprudência generalizar a natureza da dor de cada um. “A dor é ingrediente dos mais importantes na economia da vida em expansão. O ferro sob o malho, a semente na cova, o animal em sacrifício, tanto quanto a criança chorando, irresponsável ou semiconsciente, para desenvolver os próprios órgãos, sofrem a dor-evolução, que atua de fora para dentro, aprimorando o ser, sem a qual não existiria progresso”.

Na cura do cego de Siloé (Jo 9:1-41), Jesus responde aos que lhe desafiavam a sabedoria e o poder, que nem o cego nem os seus pais haviam pecado para que se justificasse sua condição de cego de nascença, mas que ali estava para que nele se manifestassem as obras de Deus, permitindo inferir que haja quem sofra sem está em débito com a contabilidade divina. Interrogado a respeito dessa passagem evangélica, o Espírito Vianna de Carvalho confessa acreditar realmente no que ficou registrado pelo apóstolo de Patmos. Na mesma linha de raciocínio, o Codificador, com sua peculiar lucidez e bom-senso, admite, no caso, que “se não era uma expiação do passado, era uma provação apropriada ao progresso daquele Espírito, porquanto Deus, que é justo, não lhe imporia um sofrimento sem utilidade”. (Grifamos)

Embora tenhamos a certeza que muitos Espíritos sem carma reencarnam na Terra por amor a alguém ou por algum ideal e submetendo-se às leis da matéria sofram sem merecerem, raros são os registros que nos permitem afirmar com convicção esse ou aquele caso. Mas o Espírito Emmanuel nos revela dois desses casos. Quem ler os livros Ave Cristo e Renúncia pulando o 1º capítulo de cada um deles, vai admitir que as dores por que passaram Quinto Varro e Alcíone foram expiações por faltas do passado. Mas não foi bem isso.

No Ave Cristo, Quinto Varro solicita a Clódio – entidade de esfera superior – seu regresso à Terra para auxiliar Taciano, que fora seu filho na última existência e que não conseguira conduzi-lo ao Cristo como pretendera, e a resposta foi:

“- Mas, por quê? Conheço-te o acervo de serviços, não somente à causa da ordem, mas igualmente à causa do amor. No mundo patrício, as tuas derradeiras romagens foram as do homem correto até ao extremo sacrifício e os teus primeiros ensaios na edificação cristã foram dos mais dignos. Não será aconselhável o prosseguimento de tua marcha, acima das inquietantes paisagens da carne” . (Grifamos)

No Renúncia, Alcíone, Espírito de elevada hierarquia, prestando serviços no sistema de Sírius, dirige-se a Antênio, seu mentor, que cumpria as ordenações de Jesus, solicitando sua volta à Terra, para cooperar com Pólux, seu eterno amor. Depois de muito argumentar, não concordando com seu retorno, já que não acreditava que Pólux estivesse pronto para merecer seu sacrifício, diz-lhe:

“- Recorda que as leis planetárias não afetam somente os espíritos em aprendizado ou reparação, mas, também, os missionários da mais elevada estirpe. Experimentarás, igualmente, o olvido das tuas conquistas, sentirás o mesmo desejo de compreensão e a mesma sede de afeto que palpitam nos outros mortais.” (Grifamos.)

Diante dessas revelações, podemos concluir que a dor não é somente produto da consciência culpada. “Não há crer, no entanto, que todo sofrimento suportado neste mundo denote a existência de uma determinada falta. Muitas vezes são simples provas buscadas pelo Espírito para concluir a sua depuração e ativar o seu progresso. Assim, a expiação serve sempre de prova, mas nem sempre a prova é uma expiação.” Nos casos de Quinto Varro e Alcíone, foram eles provados na sua grandeza moral, alcançando patamares mais elevados do progresso espiritual pelos seus sacrifícios em nome do amor.

“Pela dor – afirma Denis -, descobre-se com mais segurança o lugar onde brilha o mais belo, o mais doce raio da verdade, aquele que não se apaga”. E, nessa linha, lapidou o poeta Francisco Otaviano de Almeida Rosa (1825 - 1889): “Quem passou pela vida em branca nuvem,/E em plácido repouso adormeceu;/Quem não sentiu o frio da desgraça,/Quem passou pela vida e não sofreu;/Foi espectro de homem, não foi homem,/Só passou pela vida, não viveu.”

 
Waldehir Bezerra de Almeida
Artigo retirado do site de "O Clarim" 
Fonte: Forum Entendimento Espírita 

 

Privilégios Cristãos



. Manter suprema fidelidade a Deus;
.  Olvidar os próprios desejos, atendendo aos Superiores Desígnios;
. Humilhar-se para que a mão do Senhor seja exaltada;
. Conquistar a si mesmo;
. Renunciar com alegria em benefício dos outros;
. Retirar lucros eternos de perdas temporárias;
. Trabalhar na construção do Reino Divino;
. Esperar quando outros desesperam;
. Penetrar o templo do silêncio em meio do vozerio;
. Guardar a fé acima da tormenta de dúvidas;
. Calar a tempo, de modo a não ferir;
. Falar com proveito;
. Ouvir o Divino Amigo em plena solidão;
. Servir sem recompensa;
. Suportar com valor a própria cruz;
. Sofrer, aprendendo e aproveitando;
. Amar sem exigências;
. Ajudar em segredo;
. Semear com Cristo, desapegando-nos dos resultados;
. Encontrar irmãos em toda parte;
. Cultivar o prazer de ser útil;
. Discernir o justo valor das causas e das coisas;
. Santificar o mal;
. Amparar com sinceridade os que erram;
. Perdoar quantas vezes for necessário;
. Superar obstáculos;
. Conservar a jovialidade e a doçura;
. Sustentar o bom ânimo;
. Desprender-se dos enganos do mundo, antes que o mundo nos desengane;
. Perseverar no bem até ao fim.



André Luiz  /  Francisco C. Xavier
Livro: Agenda Cristã                  

JESUS: FILHO DE DAVI



JESUS:  FILHO DE DAVI  (118)


Mc. 10:47
"E, ouvindo que era Jesus de Nazaré, começou a
clamar, e a dizer: Jesus, filho de Davi! tem
misericórdia de mim."






"E, OUVINDO" - Bartimeu só danificara a faculdade de ver. Era, ainda, capaz de ouvir. Se algum sentido nos falta, principalmente, se voltados para a Espiritualidade, acabamos por avivar os demais, que se encontram capacitados. E ouviu porque estava atento. Ao nos interessar por algo, nossos sentidos têm possibilidades de selecionar. Pode haver muito barulho, mas, se alguém abordar uma questão que nos interesse, acabamos ouvindo só o que ela fala. É o que se dá conosco, ainda deficientes para uma visão mais ampla das realidades do Espírito, quando somos convocados pela atitude deste cego a aguçar a capacidade de ouvir. Em meio aos alaridos de um mundo conturbado, é preciso detectar os chamamentos para os terrenos vibratórios da imprescindível reeducação moral.






"QUE ERA JESUS DE NAZARÉ," - Jesus nasceu em Belém. Residiu muito tempo em Nazaré, onde moraram seus pais, onde José exerceu a função de carpinteiro e Ele também. "Não é este o carpinteiro, filho de Maria, e irmão de Tiago, e de José, e de Judas e de Simão? e não estão aqui conosco suas irmãs? E escandalizavam-se nele." (Mc. 6:3). A informação "Jesus de Nazaré" define, mais uma vez, o acréscimo da misericórdia divina, permitindo a presença ostensiva, física do Cristo em nosso campo de ação. Sem ela, dificilmente, poderia nossa audição, ainda incipiente, captar os convites inadiáveis para um novo posicionamento espiritual. Ainda hoje, a Revelação Espírita, como o Consolador, com todas as suas orientações sábias e claras, direciona a atenção para Ele, que aqui esteve em corpo, há quase 2000 anos atrás, para que possamos empreender, com êxito, a luta de afirmação no Bem.






"COMEÇOU A CLAMAR, E A DIZER:" - Clamar é o grito que parte da profundidade do ser, saturado de sentimento. O cego não ficou apenas na manifestação desse sentimento. Disse alguma coisa. Quando utilizamos da palavra, devemos falar algo de proveito, já que, por sua natureza, é sempre um valioso instrumento, não só de manifestação, mas também de indução.






"JESUS,  FILHO DE DAVI!" - De acordo com as profecias, Jesus era da descendência de Davi. "Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e, sendo rei, reinará, e prosperará, e praticará o juízo e a Justiça na Terra." (Jer. 23:5).

A ligação de Jesus ao tronco genealógico de "Davi", à época constituía fato da maior importância. Tal vínculo expressava autoridade, principalmente nos terrenos da fé, por parte daqueles que se dirigiam ao Mestre. Se criaturas de grandes conhecimentos e muita experiência, viam Jesus como "o Filho de Deus", ou o "Filho de Deus Altíssimo", outras, acionando padrões de confiança e de muita humildade, imploravam o Seu auxílio, dentro dos parâmetros que a sua percepção podia abranger:  "Filho de Davi".






"TEM MISERICÓRDIA DE MIM." - Bartimeu se reconhece como necessitado. Qualquer enfermo só se coloca a caminho da cura, do restabelecimento, quando admite a própria doença, a própria carência. Nisso revela humildade. Assim se torna receptivo. 







Obra: Luz Imperecível, Coordenação: Honório Onofre de Abreu
Estudo Interpretativo do Evangelho
à Luz da Doutrina Espírita



terça-feira, 24 de setembro de 2013

Colheita


Colheita  (75)



Mt. 13:30
"Deixai crescer ambos juntos até à ceifa;
e, por ocasião da ceifa, direi aos ceifeiros:
colhei primeiro o joio, e atai-o em molhos
para o queimar; mas o trigo ajuntai-o no
meu celeiro."







"Deixai crescer ambos juntos até à ceifa;"- O Bem ao lado do mal. Assim o Bem se torna melhor; e o mal deixa de ser mal, ou, se continua sendo elaborado, tem o Bem ao seu lado. O Bom, junto do mau, adquire virtudes. O mau junto do Bom, terá abreviado o tempo para reconhecer o erro em que se encontra, e renovar-se.

Tal fato nós o detectamos em face da Lei de Dualidade que vige no Universo, garantindo o equilíbrio da criação. Percebemo-lo no campo exterior, como podemos identificá-lo no Espírito. É assim que a treva cede um dia à evidência da luz, e, a luz dissipando as trevas, se capacita a mais amplas possibilidades de manifestação.

As circunstâncias, quer para o campo individual ou para o plano coletivo, são cíclicas, trazendo em seu bojo sugestões, valores, oportunidades, complementações.

A ceifa expressa o momento da avaliação, do fim de etapa, em que cada criatura colherá os elementos cultivados na faixa de tempo e de espaço que lhe foi outorgada. Gratificados seremos quando os frutos positivos puderem superar na colheita, os valores menos felizes que a invigilância permitiu crescessem no transcurso das experiências.






"E, por ocasião da ceifa, direi aos ceifeiros: colhei primeiro o joio,"  - Se até então Jesus falava de servos, agora, em se tratando da colheita, vamos encontrar "os ceifeiros" como trabalhadores, portadores de responsabilidades mais definidas, mais específicas. Surge portanto, o papel do cooperador consciente na faixa de responsabilidade que lhe cabe adotar na área de ação a que se ajusta.

Temos no restante do versículo, todo um programa de trabalho a ser executado pelos ceifeiros. O verbo dizer está no futuro: O Pai de Família não diz agora, mas na hora precisa, exata.

A ceifa está delineada pelo próprio ato de semear. No entanto o momento de sua execução é de competência exclusiva do Criador. Ela virá, tenha sido positiva ou não, a semeadura. É dentro dessa flexibilidade que atuam os processos da Misericórdia Divina, estendendo o tempo para melhoria da safra ou encurtando-o para evitar-se situações mais difíceis.

O balanço implica em aferição de todos os elementos. Chegada esta hora inevitável, o joio, na forma de lágrima, dores e amarguras, decepções e conturbações, é reunido e expurgado, pela natural engrenagem de quitação dos débitos, ante as leis que nos governam.






"E atai-o em molhos para o queimar;"- A Lei de Causa e Efeito, agindo inderrogável, encaminha o ser a novos ângulos de percepção e conhecimentos. Se a semeadura do mal gerou sofrimentos, são esses sofrimentos, o fogo purificador capaz de deixar gravado no psiquismo a essência da experiência vivenciada. E tem sido sobre estas bases do joio colhido em molhos e em "primeiro"lugar, que temos conseguido visualizar a necessidade, pelo menos, de zelar para que o trigo, pela dinamização do Bem maior, possa ter preferência na busca da realização espiritual que nos cabe empreender. O joio, reunido em feixes para a queima, demonstra o fato de que, nos momentos de aferição, as dificuldades não vêm isoladas, formando, quase sempre, um corolário de apreensões e dificuldades que nos cabe superar nos fundamentos da paciência, da humildade e da confiança em Deus.

O remorso queima como fogo na consciência, e aparece quando a inclemência do erro se evidencia. Apanha-se, ata-se e queima-se o mal, e, quem a ele está imantado vive o mesmo processo; sofre até experimentar a necessidade de reabilitar-se. Quando queimamos algum material, os detritos servem de adubo. Uma pessoa que ajuda por vaidade, à medida que se esclarece, deixa de agir assim. O que não ajuda, passa a faze-lo por ostentação, mas já está fazendo algo. Nada há perdido!






"Mas o trigo ajuntai-o no meu celeiro."  - No Celeiro Divino só há o Bem, o trigo. Fazendo o Bem estamos dando expansão ao que há de Divino em nós, e, em consequência, experimentando a felicidade no coração.








Obra: Luz Imperecível, Coordenação: Honório Onofre de Abreu
Estudo Interpretativo do Evangelho
à Luz da Doutrina Espírita

domingo, 22 de setembro de 2013

Luz Espiritual


EVANGELHO...




Baseando no Evangelho de Nosso Senhor Jesus-Cristo a predicação do apostolado que lhes compete, os Espíritos Superiores não se apegam a qualquer nuvem de mistério para sustentar o alimento à fé religiosa, em cuja renascença colaboram, na qualidade de homens redivivos.
 
É que a vida extrafísica promove, nos que pensam, mais altas ilações com respeito à realidade.
 
Se há leis que presidem ao desenvolvimento do corpo, há leis que regem o crescimento da alma.
 
Jesus no estábulo não é um fenômeno isolado no espaço e no tempo; é acontecimento vivo para o espírito humano.
 
Cristo-Homem veio plasmar o Homem-Cristo.
 
Há quem enxergue no Cristianismo a simples apologia do sofrimento. Acusam-no pensadores e filósofos vários, tachando-o em oposição à beleza e à alegria. Para eles, Jerusalém teria asfixiado a felicidade e o encanto da vida, a fluir vitoriosa e serena nos ajuntamentos da Grécia e de Roma.
 
Antes do Mestre, a única beleza espiritual, geralmente conhecida, era aquela das virtudes filosóficas e políticas que o homem representativo da escola, da justiça ou do poder mantinha, valoroso, até à morte.
 
Com exceção de Çakyamuni, o príncipe sublime que se retirou do mundo convencional para viver pelos seus semelhantes, os grandes heróis do pensamento aceitam a perseguição e o extermínio, mas, é força reconhecê-lo, com a vaidade dos triunfadores.
Bebem cicuta ou abrem as próprias veias, ilhados na fortaleza da superioridade individual. Sócrates é o filósofo sublime, confortado pela solidariedade dos discípulos. Sêneca é o professor honrado, que estimula com o sacrifício de si mesmo a indignação contra a tirania.
 
Com Jesus, a renunciação é diferente.
 
O Divino Crucificado sobe ao Calvário sem o apoio dos amigos. Suas últimas palavras são dirigidas a um ladrão. Sua morte não exalta o orgulho de um grupo, nem constitui incentivo à revolta. A ordem que lhe escapa do excelso comando é a de servir sem desfalecimento, com obrigações de amor, perdão e auxílio constantes, ainda aos inimigos. Seu olhar, do cimo da cruz abarca o mundo inteiro.
 
Com Ele começa a agir o escopro do verdadeiro bem, operando sobre a dureza da animalidade o gradual aperfeiçoamento da alma divina. As chagas que lhe cobrem o corpo representam o louvor ao trabalho de aprimoramento e elevação do espírito, iniciando a era de legítima fraternidade entre os homens.
 
E Evangelho é, por isso, o viveiro celeste para a criação de consciências sublimadas.
Nasce a mente na carne e nela renasce, inúmeras vezes, buscando o sagrado objetivo do seu engrandecimento. E no intricado jogo das experiências compreende na dor o instrumento ideal da santificação. Recebendo os séculos por dias preciosos e rápidos de serviço, enceta a gloriosa carreira, com a juvenilidade da razão, amadurecendo-se na ciência e na virtude, através de reencarnações numerosas.
 
Conquista-se, sacrificando-se.
 
Quanto mais fornece de si em trabalho vantajoso a todos, mais se enriquece no mealheiro individual. Quanto mais distribui em amor, mais recebe em poder.
 
Supera-se, quebrando limitações, doando o bem pelo mal, a simpatia pela aversão, a claridade pela sombra.
 
A Boa-Nova oferece as medidas espirituais para que se atinjam as dimensões da vida genuinamente cristã, nas quais desfere o Espírito excelso voo para as Esferas Resplandecentes.
 
A carne é a sagrada retorta em que nos demoramos nos processos de alquimia santificadora, transubstanciando paixões e sentimentos ao calor das circunstâncias que o tempo gera e desfaz.
 
Cada ensinamento do Mestre, efetivamente aplicado, é específico redentor, brunindo a alma imperecível, tornando-a em obra viva de estatuária divina.
 
O que nos parece dor é bênção. O que se nos afigura sofrimento é socorro. Onde choramos com o espinho recolhemos uma lição.
 
Daí o motivo de se escudarem os emissários de nosso plano na predicação de Jesus, desvelando aos homens os pórticos sublimes da era nova.
 
Quando fixamos nas páginas vivas do próprio ser os ensinos do Cristo, afeiçoando-nos automaticamente a eles, tanto quanto se nos adaptam os pulmões ao ar que respiramos, habilitar-nos-emos ao programa de ação dos anjos, por enquanto incompreensível à nossa inteligência.
 
Renascimento e morte no patrimônio físico são simples acidentes da vida espiritual progressiva e eterna.
 
Quando o homem termina o repasto da ilusão, aqui ou ali, perguntas milionárias lhe acodem, precípites, à mente insatisfeita.
 
Donde venho? para onde vou? qual a finalidade do destino? por que a lágrima? – interroga, aflito, com ânsias análogas às de todos os vanguardeiros da vida superior que tiveram a coragem de partir, antes dele, para os cimos da imortalidade.
 
Quando o aprendiz indaga, experimentando autêntica sede da verdade, é, sem dúvida, chegado o momento iluminativo do Mestre.
 
Sem Jesus, que nos confere sublime resposta aos enigmas do caminho, converter-se-ia a existência em labirinto inextrincável de padecimentos inúteis.
 
O Além é a continuação do Aquém. Um século sucede-se a outro. O filho é o herdeiro dos pais. Não existe milagre. Há lei, evolução, crescimento e trabalho com o prêmio da sublimação ao esforço.
 
O simples intercâmbio com a vida espiritual nada mais é que mera permuta de valores para estimular a experiência comum. Mas toda vez que encontramos o Evangelho do Senhor inspirando a renovação de nossa atitude pessoal, à frente do mundo, guardemos a certeza de que nos achamos em comunhão frutífera com a bendita claridade do Caminho, da Verdade e da Vida.



Do livro Falando à Terra, por Espíritos diversos, obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.