Eternidade

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domingo, 17 de fevereiro de 2013

TEORIA DO CAOS



TEORIA DO CAOS

 
Meditemos sobre o papel do equilíbrio em nossas vidas. A casa do Pai, o universo, reside em perfeito conúbio entre si. A troca energética não se dá apenas através das forças gravitacionais, porém, e igualmente, através do fluido cósmico universal, ao qual estamos mergulhados. O equilíbrio moral, fornecendo a cada planeta as presenças espirituais necessárias, é mantido da mesma forma pelo intercâmbio de abnegados ou imerecedores espíritos.

Num campo mais micro, reflitamos sobre o que mantém a atividade corpórea de todos os seres vivos. A vida física só é mantida através do equilíbrio químico ou ambiental. Falando em meio ambiente, o equilíbrio é a lei que rege a “convivência” entre as espécies do reino animal. Os exemplos são vastos, tanto no campo universal como natural; o desequilíbrio é a chave da destruição.

Agora imaginemos os efeitos do desequilíbrio em nós:


INDOLÊNCIA
Muitos irmãos encontram-se sob a letargia do tempo e da mente. Não sentem a mínima vontade de dirigirem-se ao trabalho físico ou mental, buscam no conforto o descanso que nunca obtiveram, pois só descansa quem está cansado. Entretanto, a necessidade orgânica e familiar bate à porta e estes se veem obrigados a trabalhar. Obrigação, no sentido de forçar alguém a algo, eis a chave da infelicidade. O trabalho é lei da vida e resulta em produção física de repercussão mental, pois aquele que dedica-se a tarefa digna contribui para o bem estar próprio pela simples sensação de utilidade e dever cumprido, afetando positivamente a autoestima. Por mais árdua que seja a tarefa ocupacional, o trabalho é sempre elemento libertador. Então, por que muitos se entregam a desmotivação? Caminham para a tarefa diária como gado ao abatedouro, morrendo um pouco diariamente, aguardando com ansiedade o final de semana e esgueirando-se de toda e qualquer atividade produtiva?
  A resposta está, obviamente, no desequilíbrio interior. Entretanto, outros autores dissertariam de forma mais competente sobre o assunto. Contudo, vale a pena analisar o fenômeno da indolência e desmotivação no trabalho da casa espírita. Muitos irmãos, de grande potencial, fecham-se às atividades da célula espírita por não acharem-se úteis, ou por acreditarem não fazerem falta ao trabalho da casa. As tarefas seguirão sem o nosso concurso, porém, jamais seguiremos o caminho evolutivo sem as atividades no campo de trabalho do amor.
 
Outros tantos espíritas convictos simplesmente abandonam a tarefa por melindre. Escutam a crítica injusta, expressada de forma mal-educada e simplesmente deixam o compromisso de lado. Como se o Cristo nunca tivesse encontrado opositores ou recebido ofensas, apesar das sublimes intenções e superioridade moral. O Mestre encontrou apenas dificuldades, da manjedoura à cruz, e jamais cogitou desistir ou “diminuir o ritmo” de trabalho. Os líderes espíritas de uma casa são companheiros de jornada, necessitados, exatamente como nós. Portanto também possuem os respectivos problemas no lar, no trabalho, de saúde etc. Todos temos os dias de mal humor, sob a repercussão da vida. Porém abandonar definitivamente a tarefa por conta de melindre é desequilíbrio da motivação, o qual leva a indolência; e da humildade, conduzindo-nos à “razão” orgulhosa.


ORGULHO
O que é ser humilde? Segundo Emmanuel, mentor do nosso Chico, humildade é executar da melhor forma possível todas as tarefas que a providência divina nos atribui. Ou seja, desempenhar o melhor diante das atividades abraçadas. Partindo para exemplos, é ser o melhor pai/mãe possível, em detrimento a ingratidão dos filhos; o irmão mais amigo, a despeito das traições e ofensas fraternas; o melhor marido/esposa, apesar dos momentos de crise conjugal. Em suma, é realizar o melhor diante dos compromissos diários, apesar da indiferença dos pares e/ou falta de reconhecimento dos gestores. Obviamente, incluo neste último exemplo o trabalho na casa espírita. Entendamos que humildade não é ficar calado diante de uma crítica mal feita ou ofensa; o nome disto é falta de amor próprio. A humildade está em responder a crítica, sem desequilíbrio emotivo, de forma madura, racional e educada. Claro que este estágio é de difícil alcance. Porém se conseguirmos, provisoriamente, “engolir o sapo”, digerir o acontecido, para posteriormente ter uma conversa baseada no equilíbrio (olha ele aqui de novo) com o autor da crítica, significa que estamos no caminho certo. Se todos nós fôssemos capazes de assim proceder, certamente estaríamos em outro patamar evolutivo e teríamos uma taxa muito menor de abandono às tarefas espíritas. Vejam que a perda da motivação que leva a indolência, ou inatividade, é muitas vezes fruto de raízes orgulhosas, desequilíbrio da humildade.


ÓDIO
Muitas e tantas vezes presenciei espíritos em deplorável condição de ódio, sob a terapêutica mediúnica, renderem-se ao contato da figura de mãe. O ódio estava presente? Certamente. E o amor? Também. Quantas vezes maridos desencarnados, considerando-se traídos pelas respectivas esposas encarnadas, tiveram o ódio dissipado ao contato do entendimento do processo evolutivo e reencontro com os antigos erros? Em ambos, e em muitos outros casos, o amor era a base do ódio. Não se pode odiar sem o envolvimento do amor. Portanto o ódio é o amor em desequilíbrio, sentimentos de grande intensidade. Ao mesmo tempo próximos e antagônicos, os quais merecem o devido tratamento da reflexão, entendimento das origens e causas. A suscetibilidade e raízes do ódio são, por vezes, tão fortes, que apenas a apresentação de “quadros” do passado podem convencer vítimas de tal sentimento a um recomeço, sem cogitar, por enquanto, o perdão. Devemos sugerir, inclusive a nós mesmos, o esquecimento. Desta forma o perdão, paulatinamente, passará a ser opção.


REVOLTA
Inúmeros irmãos perdem-se nos escaninhos das drogas ou em constantes desânimos, fruto da inconformação, simplesmente por não compreenderem o ambiente em que se encontram. Por exemplo, encontrar pelo caminho genitores pouco comprometidos, ou até mesmo a ausência deles é prova das mais difíceis. Porém, revoltar-se com a situação atual, muitas das vezes previamente programadas no plano espiritual, é necrosar a própria consciência e utilizar as forças vitais contra si ou sociedade.
  Concordo que é difícil conformar-se com uma situação de injustiça ou dificuldade financeira, física ou social etc. Porém, revoltar-se contra o mundo é pavimentar a estrada da própria vida com o asfalto da dor. Certamente, a energia gasta em atitudes de revolta seria muito melhor aproveitada se entregue ao trabalho útil. A revolta é fogo que consome nossas melhores emoções e desgasta o corpo físico como uma vela com pavio aceso em ambas extremidades. A paciência seguida do trabalho é a melhor resposta diante das dificuldades impostas pela existência. Lembremos do nosso Chico, o qual afirmava nascermos na família, sociedade, condição física e financeira mais adequada às nossas necessidades espirituais. Portanto, se confiamos em Deus e na Sua infinita justiça e bondade, e ainda, se sabemos que nada no universo ocorre por acaso, então, toda e qualquer revolta torna-se vazia de razão.

 
Reflitamos que, apesar dos danos causados, muitos buscam o desequilíbrio através dos excessos em todas as matizes. Consumo excessivo de entorpecentes, incluindo as drogas legalmente permitidas, o ato “consciente” da revanche, o alimentar de querelas mal resolvidas, todas essas são formas conscientes de buscar o desequilíbrio. Como desejarmos uma vida feliz, fomentando o desequilíbrio, tão danoso em todos os aspectos da natureza? Não seriam os exemplos externos do desequilíbrio uma boa pista sobre o que acontecerá conosco?
  O equilíbrio é o melhor amigo, por vezes de difícil alcance, por conta da nossa evolução moral em adição aos acontecimentos diários. Porém a reflexão unida ao contato com os bons espíritos, através da oração, é ótima conselheira nos momentos de dificuldade e desespero. Buscar o equilíbrio é buscar a paz, a harmonia e, naturalmente, a felicidade. Não deixemos que a teoria do caos tome posse de nós.



Fonte: O Clarim, por Pedro Valiati

Um comentário:

  1. "se sabemos que nada no universo ocorre por acaso, então, toda e qualquer revolta torna-se vazia de razão."

    Quando me revolto estou dentro do universo. Eu não saio do universo para me revoltar.

    E nada no universo ocorre por acaso.

    Logo, eu não me revolto, nem sofro, nem me desgasto, por acaso.

    Se a teoria do caos tomar posse de mim, não terá sido por acaso.

    Não há problema algum em lugar nenhum.

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