Eternidade

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sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

O Culto Cristão no Lar



Povoara-se o firmamento de estrelas, dentro da noite prateada de luar, quando o Senhor, instalado
provisoriamente em casa de Pedro, tomou os Sagrados Escritos e, como se quisesse imprimir novo rumo à conversação que se fizera improdutiva e menos edificante, falou com bondade:
– Simão, que faz o pescador quando se dirige para o mercado com os frutos de cada dia?

O apóstolo pensou alguns momentos e respondeu, hesitante:
– Mestre, naturalmente escolhemos os peixes melhores. Ninguém compra os resíduos da pesca.

Jesus sorriu e perguntou, de novo:
– E o oleiro? que faz para atender à tarefa a que se propõe?
– Certamente, Senhor – redarguiu o pescador, intrigado –, modela o barro, imprimindo-lhe a forma
que deseja.

O Amigo Celeste, de olhar compassivo e fulgurante, insistiu:
– E como procede o carpinteiro para alcançar o trabalho que pretende?

O interlocutor, muito simples, informou sem vacilar:
– Lavrará a madeira, usará a enxó e o serrote, o martelo e o formão. De outro modo, não aperfeiçoará
a peça bruta.

Calou-se Jesus, por alguns instantes, e aduziu:
– Assim, também, é o lar diante do mundo. O berço doméstico é a primeira escola e o primeiro templo da alma. A casa do homem é a legítima exportadora de caracteres para a vida comum. Se o negociante
seleciona a mercadoria, se o marceneiro não consegue fazer um barco sem afeiçoar a madeira aos seus propósitos, como esperar uma comunidade segura e tranquila sem que o lar se aperfeiçoe? A paz
do mundo começa sob as telhas a que nos acolhemos. Se não aprendemos a viver em paz, entre quatro
paredes, como aguardar a harmonia das nações? Se nos não habituamos a amar o irmão mais próximo,
associado à nossa luta de cada dia, como respeitar o Eterno Pai que nos parece distante?

Jesus relanceou o olhar pela sala modesta, fez pequeno intervalo e continuou:
– Pedro, acendamos aqui, em torno de quantos nos procuram a assistência fraterna, uma claridade nova. A mesa de tua casa é o lar de teu pão. Nela, recebes do Senhor o alimento para cada dia. Porque
não instalar, ao redor dela, a sementeira da felicidade e da paz na conversação e no pensamento? O Pai, que nos dá o trigo para o celeiro, através do solo, envia-nos a luz através do Céu. Se a claridade é a expansão dos raios que a constituem, a fartura começa no grão. Em razão disso, o Evangelho não foi iniciado sobre a multidão, mas, sim, no singelo domicílio dos pastores e dos animais.

Simão Pedro fitou no Mestre os olhos humildes e lúcidos e, como não encontrasse palavras adequadas
para explicar-se, murmurou, tímido:
– Mestre, seja feito como desejas.

Então Jesus, convidando os familiares do apóstolo à palestra edificante e à meditação elevada, desenrolou os escritos da sabedoria e abriu, na Terra, o primeiro culto cristão do lar.



Pelo Espírito Neio Lúcio, psicografia de Francisco C. Xavier
Obra: Luz no Lar

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