Eternidade

Eternidade

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Céu e Inferno Íntimos



Conta-se que, um dia, um samurai grande e forte, conhecido pela sua índole violenta, foi procurar um sábio monge, em busca de respostas para suas dúvidas.
  Monge, disse o samurai, com desejo sincero de aprender, ensina-me sobre o céu e o inferno.
  O monge, de pequena estatura e muito franzino, olhou para o bravo guerreiro e, simulando desprezo, lhe disse:
  - Eu não poderia ensinar-lhe coisa alguma, você está imundo. Seu mau cheiro é insuportável. Ademais, a lâmina da sua espada está enferrujada. Você é uma vergonha para a sua classe.
  O samurai ficou enfurecido. O sangue lhe subiu ao rosto e ele não conseguiu dizer nenhuma palavra, tamanha era sua raiva.
  Empunhou a espada, ergueu-a sobre a cabeça e se preparou para decapitar o monge.
  Aí começa o inferno, disse-lhe o sábio mansamente.
  O samurai ficou imóvel. A sabedoria daquele pequeno homem o impressionara. Afinal, arriscou a própria vida para lhe ensinar sobre o inferno.
  O bravo guerreiro abaixou lentamente a espada e agradeceu ao monge pelo valioso ensinamento.
  O velho sábio continuou em silêncio.
  Passado algum tempo o samurai, já com a intimidade pacificada, pediu humildemente ao monge que lhe perdoasse o gesto infeliz.
  Percebendo que seu pedido era sincero, o monge lhe falou:
  - Aí começa o céu.
  Para nós, resta a importante lição sobre o céu e o inferno que podemos construir na própria intimidade.
  Tanto o céu quanto o inferno, são estados d´alma que nós próprios elegemos no nosso dia-a-dia.
  A cada instante somos convidados a tomar decisões que definirão o início do céu ou o começo do inferno.
  É como se todos fôssemos portadores de uma caixa invisível, onde houvesse ferramentas e materiais de primeiros socorros.
  Diante de uma situação inesperada, podemos abri-la e lançar mão de qualquer objeto do seu interior.
  Assim, quando alguém nos ofende, podemos erguer o martelo da ira ou usar o bálsamo da tolerância.
  Visitados pela calúnia, podemos usar o machado do revide ou a gaze da autoconfiança.
  Quando a injúria bater em nossa porta, podemos usar o aguilhão da vingança ou o óleo do perdão.
  Diante da enfermidade inesperada, podemos lançar mão do ácido dissolvente da revolta ou empunhar o escudo da confiança.
  Ante a partida de um ente caro, nos braços da morte inevitável, podemos optar pelo punhal do desespero ou pela chave da resignação.
  Enfim, surpreendidos pelas mais diversas e infelizes situações, poderemos sempre optar por abrir abismos de incompreensão ou estender a ponte do diálogo que nos possibilite uma solução feliz.
  A decisão depende sempre de nós mesmos.
  Somente da nossa vontade dependerá o nosso estado íntimo.
  Portanto, criar céus ou infernos, portas adentro da nossa alma, é algo que ninguém poderá fazer por nós.

* * *

  Sua vontade é soberana.
  Sua intimidade é um santuário do qual só você possui a chave.
  Preservá-la das investidas das sombras e abri-la para que o sol possa iluminá-la só depende de você.

  Pense nisso!
 
Redação do Momento Espírita, com base em conto popular.
Em 31.01.2010.

Nenhum comentário:

Postar um comentário