Eternidade

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quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

A Mediunidade de Joana d'Arc

A Mediunidade de Joana d'Arc


A MEDIUNIDADE DE JOANA D'ARC; O QUE ERAM SUAS VOZES; FENÕMENOS ANALOGOS,

ANTIGOS E RECENTES


Parte 2/11


“Fonte abundante de inspiração jorra do mundo invisível por sobre a Humanidade”. Liames estreitos subsistem entre os homens e os desaparecidos. Misteriosos fios ligam todas as almas e, mesmo neste mundo, as mais sensíveis vibram ao ritmo da vida universal. Tal o caso da nossa heroína.
Pode a crítica atacar-lhe a memória: inúteis serão seus esforços. A existência da Virgem da Lorena, como as de todos os grandes predestinados, está burilada no granito eterno da História, nada poderia esmaecer-lhe os traços. E' daquelas que mostram com a evidência máxima, por entre a onda tumultuosa dos eventos, a mão soberana que conduz o mundo.
Para lhe surpreendermos o sentido, para compreendermos a potestade que a dirige, é mister nos elevemos até à lei superior, imanente, que preside ao destino das nações. Mais alto do que as contingências terrenas, acima da confusão dos feitos oriundos das liberdades humanas, precisas são se perceba a ação de uma vontade infalível, que domina as resistências das vontades particulares, dos atos individuais, e sabe rematar a obra que empreende. Em vez de nos perdermos na balbúrdia dos fatos, necessários é lhes apreendamos o conjunto e descubramos o laço oculto que os prende. Aparece então à trama, o encadeamento deles; sua harmonia se desvenda, enquanto que suas contradições se apagam e fundem num vasto plano. “Compreende-se para logo que existem umas energias latentes, invisíveis, que irradia sobre os seres e que, a cada um deixando certa soma de iniciativa, os envolve e arrasta para um mesmo fim.”

(...) Os fenômenos de visão, de audição, de premonição, que pontilham a vida de Joana d'Arc deram lugar às mais diversas interpretações. Entre os historiadores, uns não viram neles mais do que casos de alucinação; outros chegaram a falar de histeria ou neurose. Alguns lhe atribuíram caráter sobrenatural e miraculoso.

(...) No tempo de Joana d'Arc estas coisas não eram compreensíveis. As noções sobre o Universo e sobre a verdadeira natureza do ser permaneciam ainda confusas e, em muitos pontos, incompletas, ou errôneas. Entretanto, marchando.Há séculos, de conquista em conquista, mal grado às suas hesitações e incertezas, o espírito humano já hoje começa a levantar o voo.

  •   Convém primeiramente notar: graças às suas faculdades psíquicas extraordinárias é que ela pôde conquistar rápido ascendente sobre o exército e o povo. Consideravam-na um ser dotado de poderes sobrenaturais. O exército não passava de um agregado de aventureiros, de vagabundos movidos pela gana da pilhagem. Todos os vícios reinavam naquelas tropas sem disciplina e prontas sempre a debandar (...).

(...) Joana soube praticar esse milagre. Acolheram-na a principio como intrigante, como uma dessas mulheres que os exércitos levam na cauda. Mas, sua linguagem inspirada, seus costumes austeros, sua sobriedade e os prodígios que se operaram logo em torno dela, a impuseram bem depressa àquelas imaginações gastas.
O exército e o povo se viam, assim, tentados a encará-la como uma espécie de fada, de feiticeira e lhe davam os nomes dessas formas fantásticas a que atribuem o assombramento das fontes e dos bosques.
O desempenho de sua tarefa não se tornava com isso senão mais difícil. Era lhe preciso fazer-se ao mesmo tempo respeitada e amada como chefe; obrigar, pelo ascendente, aqueles mercenários a verem na sua pessoa uma imagem da França, da pátria que ela queria constituir.

  • Pelas predições realizadas, pelos acontecimentos verificados, conseguiu inspirar-lhes absoluta confiança. Chegaram quase a divinizá-la. Sua presença era tida como garantia de bom êxito, símbolo da intervenção celeste. Admirando-a, devotando-se-lhe, mais fiéis se lhe tornaram do que o rei e os nobres.
  •  Doutras vezes e com muita frequência, atesta-o a própria Joana, suas vozes a previnem. Em Vaucouleurs, sem jamais o ter visto, vai direito ao senhor de Baudricourt: “Reconheci-o, refere, graças à minha voz. Foi ela que me disse: “Está ali ele”!”.
  •  Conforme as revelações que tivera, Joana lhe prediz a libertação de Orleans, a sagração do rei em Reims e lhe anuncia a derrota dos Franceses na jornada dos Arenques, no instante mesmo em que acabava de verificar-se.
  •  “Em Chinon, levada à presença do rei, não hesitou em descobri-lo entre os trezentos cortesãos no meio dos quais se dissimulara: Quando fui introduzida no aposento do rei, diz, logo o reconheci entre os outros, porque a minha voz mo indicou” (39). Numa entrevista íntima, lembra-lhe ela os termos da prece muda que, sozinho no seu oratório, ele dirigira a Deus.
  •  Suas vozes lhe comunicam que a espada de Carlos Martel está enterrada na Igreja de Santa Catarina de Fierbois e mostrá-la.
  •  E' ainda a voz que a desperta em Orleans, quando, extenuada de fadiga, se atira no leito, ignorando o ataque à bastilha de Sannt-Loup: “Meu conselho me disse que vá contra os ingleses, exclama de repente. E não me dizíeis que o sangue da França estava sendo derramado.
 
Fonte: Revista Espírita , dezembro 1867, Allan Kardec FEB
Imagem: google 
Texto publicado por Luciano Dudu, blog História do Espiritismo

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