Eternidade

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quarta-feira, 22 de agosto de 2012

EXPIAÇÕES E PROVAS



Sem dúvida, existem diferenças marcantes nos fatos da vida, que concernem às expiações e às provas a que estão sujeitos os encarnados na Terra.


Os pungentes sofrimentos e as profundas dores que poneiam os caminhos das criaturas, constituindo-se fatos inevitáveis, são as expiações. Eles são o processo de que se utiliza o automatismo da Lei de Justiça para promover os resgates inevitáveis dos delitos praticados por elas, contra o direito dos semelhantes, quando no pleno uso da razão e do livre-arbítrio que lhes foi concedido pela Divina Sabedoria. 

Consoante a gravidade do mal causado será a intensidade do sofrimento correspondente. Geram expiações tanto os delitos causados individualmente, como pelas coletividades, e a reincidência no crime praticado sempre agravará a intensidade da dor.

A variedade de maneiras com que são expiadas as faltas é infinita, impossível de serem enumeradas, já pela complexidade dos fatores envolvidos, já pela impossibilidade de penetrar-se a intimidade do calceta, a cujo íntimo apenas a Justiça Divina tem acesso total.

Desses sofrimentos pungentes, são exemplos a paraplegia, o mongolismo, a cegueira, a surdez, a mudez, a macrocefalia e a microcefalia, a idiotia, a hanseníase, lesões de nascença, além de outros muitos, numerosos e imperceptíveis à observação humana.

Expiar é, pois, sofrer conseqüências que permitem ao Espírito sentir, para avaliar com exatidão, a dor que infligiu aos semelhantes no passado, quando se desviou do caminho do bem, ignorando os apelos do bom senso, da lógica e da razão, para a prática da fraternidade e do amor; é a maneira de escoimar do próprio acervo os gravames que lhe impedem a felicidade, a paz e a ascensão às Esferas de Luz!

Não se trata de vingança por parte da Justiça Divina, mas de promover a sedimentação de experiências, passando pelos sofrimentos idênticos aos que provocou!

As expiações em geral são irreversíveis, e inscritas na natureza intrínseca do perispírito, para eclodirem no momento oportuno, com o surgimento da maturação conveniente.

Quando se demora entregue aos embalos das paixões, prazeres e gozos da vida material, o homem, por sua fraqueza, se deixa dominar, escravizando-se aos vícios, em suas infinitamente variadas modalidades; por isso, através das reencarnações sucessivas, deverá aplicar-se ao trabalho de dominá-los, solicitando por vezes, no estágio pré-encarnatório, durante o período da erraticidade, quando do planejamento do programa reencarnatório, limitações que lhe facilitem combater e vencer aquelas dependências.

Assim, em cada estágio na crosta planetária, viverá as condições que lhe facultem a vitória, as quais se repetirão, até que possa demonstrar amplamente haver superado aquele obstáculo à própria felicidade: isto constitui a provação. Seu objetivo é "provar" a capacidade de superação. A provação não se constitui, por essa razão, um resgate por crime, delito ou pecado praticado contra o semelhante, mas uma falta praticada contra si próprio, um desrespeito à cidadania divina outorgada ao ser pelo Criador.

O alcoolismo, a toxicomania, a gula, a cleptomania, a sensualidade degenerada, o suicídio e mais outras inúmeras modalidades de criarmos hábitos nocivos, que entenebrecem a natureza espiritual, e que nos podem escravizar, até que consigamos superá-los, constituem razões de provação nas reencarnações dos Espíritos. Outras vezes, nas provações, o que se objetiva é vencer o personalismo e a egolatria pelo exercício dos elevados atributos da alma, combatendo a vaidade e o orgulho, com a reencarnação em condição humilde na vida social da Terra.

Seria tarefa dificílima, talvez impossível, estabelecer rígidos limites, separando provações e expiações, mesmo porque, muitas vezes, numa mesma existência, a criatura concentra, em seu programa reencarnatório, as duas condições, quando se acha suficientemente fortalecida para o tentame de vencê-las ao mesmo tempo. 

A razão das expiações e das provações é sempre o estado de rebeldia, intolerância, ignorância, revolta, indiferença, negligência, má-vontade, ociosidade, comodismo etc., em que se conserva o ser humano, não compreendendo as leis que governam a vida nem a realidade que o aguarda além-túmulo.



 Oh! Insensato que reclamas por teres de caminhar sobre as urzes que tu próprio plantaste, tentando fazer da revolta e rebeldia direitos legítimos, quando nada nelas poderá mudar o destino que criaste com o livre-arbítrio, quando negligenciaste os deveres do Espírito. Os acontecimentos do destino têm todos uma razão justa e lógica, pois estão rigidamente atrelados às leis que nos governam a vida!

Quando irás abandonar os folguedos da vida material para assumires a origem divina, apanágio da natureza espiritual? Os esforços que recusas empreender agora serão exigidos mais adiante, quiçá em circunstâncias muito piores!

Perquire os refolhos da consciência com serena humildade, e ela responderá que a dor nada mais é que a alavanca do progresso! É a nossa aliada na batalha contra a inferioridade que nos oprime. Culpá-la pela desdita será o mesmo que acusar de maligno o remédio amargo que nos poderá curar as mazelas da natureza física! Olha e analisa sem complacência a intimidade da consciência, e procura descobrir as chagar purulentas da alma, que precisam ser curadas.

Aprende que na renúncia aos prazeres, paixões e gozos da vida material está a chave do céu! Silencia os impulsos inferiores do coração, entendendo que eles são o remanescente da natureza animal que ainda carregas, e que devem ser superados. Não te deixes atingir pelas farpas agudas da inconformação, da revolta e do desespero; aceita com coragem e resignação as inevitáveis conseqüências dos erros do passado.

Não te desculpes acsando o semelhante que atravessa teu caminho, por tua desdita; ele é um irmão, e, como tu, cheio de limitações e vilezas; por isso, o Criador Supremo, algumas vezes o utiliza como instrumento do teu progresso, para que exercites, à custa das suas imperfeições, os elevados atributos morais do Espírito que são: humildade, caridade, resignação, paciência, complacência, tolerância e perdão...

Homem do Mundo, por que retardas o inevitável? Não entendes que a lei do progresso é compulsória? Aperta o passo; urge sacudir a indolência! Crê, a ventura é o prêmio do esforço!

O acaso é uma palavra inventada pelos desesperançados e descrentes, para ocultar a incapacidade de compreender e a falta de humildade para aceitar o domíno exercido pelas Leis do Criador sobre todos nós. Avida é um encadeamento contínuo de causas e conseqüências. Vivamos intensamente, mas com as vistas voltadas para o Espírito, natureza eterna que anima todos nós!


(autoria de Mauro Paiva Fonseca - Revista Reformador nº 2.089, abril/2003.)


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